Claudionor Rosa: uma despedida digna de sua história

Historiador fez várias parcerias em projetos com  a companheira Judite, com quem viveu por mais de 20 anos

Foi enterrado no final da tarde de sexta-feira, dia 29, no Cemitério Municipal Senhor dos Passos, em Resende, o corpo do historiador e radialista Claudionor Rosa. Nascido em Guaianases, no interior paulista, viveu em Corinto/MG até os 23 anos, quando veio para Resende trabalhar em Furnas.

Claudionor se casou duas vezes, e desse relacionamento teve os filhos Luciana, Luciano e Rodrigo (e tem um neto). Atualmente, oficializou no papel uma relação de mais de 20 anos com a professora Judite Ramos Rosa, e se casou com ela no ano passado.

– Claudionor era uma pessoas incondicional, não tenho palavras para descrevê-lo, às vezes ele me surpreendia. Era tudo de bom – cita a mulher.

Judite conheceu Claudionor na década de 1980, quando o historiador já se encontrava separado da primeira mulher. A professora relembra como era conviver com um homem que deixou um grande legado para Resende. “No carnaval, a gente brincava, era uma bagunça. E no Corpus Christi, colaborava com ele nas comemorações. Sempre fui um parceira dele”.

Antes de morrer, Judite revela que Claudionor tinha ideias para vários projetos, e descreve um deles. “Como eu costumava costurar roupas, e sempre sobrava retalhos lá em casa, ele teve a ideia de juntar os retalhos e criar um ‘colcha de retalhos’. Ainda estou pensando como vou colocá-los em prática”.

Madrinha de casamento de Judite e Claudionor, Vera Miranda, conhecida como Vera da Serrinha, relembra o jeito de ser do casal. “A simplicidade deles é o que encanta, era o jeito de Claudionor e de Judite viverem”.

Outro amigo presente ao velório, realizado na Santa Casa, foi o cinegrafista João Sabóia. Além da família, foi um dos privilegiados que tiveram acesso a UTI onde Claudionor se encontrava internado poucos dias antes de morrer.

-A última vez que tive a oportunidade de conversar com ele foi no dia do aniversário, pouco depois já se encontrava internado. E somente ontem (quinta-feira, dia 28) tive acesso a UTI, depois de várias tentativas sem sucesso. Os médicos fizeram de tudo para dar um conforto maior pra ele, para amenizar o sofrimento que estava passando no hospital. Pra mim, ele foi um portal de cultura para toda a cidade e sempre me convidava para participar de vários eventos – relembra Sabóia.

UMA HOMENAGEM MERECIDA
Nos anos em que viveu em Resende, Claudionor sempre foi um nome presente nas atividades culturais. Ao chegar no município, se encantou com as belezas do rio Paraíba do Sul e começou a estudar a história de Resende.

Claudionor foi o pioneiro na criação do Museu da Imagem e do Som (MIS) de Resende, além de ser também o fundador da Associação do Samba e do Rancho Chuveiro de Prata, que desfila todos os anos ao som de marchinhas no carnaval. Ele também foi o presidente do Grêmio Literário de Resende, que realizava os Jogos Florais, uma espécie de concurso anual com algum tema.

Também foi colunista no extinto jornal “A Lira”, era diretor do Arquivo Histórico da Fundação Casa da Cultura Macedo Miranda (FCCMM), apresentador do programa de rádio “Gente que Brilha”, e em 2016 foi o patrono da Feira Internacional do Livro de Resende (Flir). No entanto, um de seus legados foi relembrado ao ser enterrado nesta sexta-feira.

– O Claudionor sempre questionou o estado de abandono do qual estava o túmulo do Luiz Pistarini (poeta e compositor do Hino a Resende, que o historiador batalhou para que fosse sempre cantado em escolas e eventos pelo município afora). De tanto insistir, conseguiu a reforma desse túmulo. Portanto, decidimos realizar o enterro dele no túmulo feito para o Pistarini – explica o historiador Júlio Fidélis, que conseguiu autorização da família do poeta e compositor para usar o jazigo.

Segundo o consultor de Recursos Humanos, Edson Louroza, o enterro de  Claudionor no jazigo é uma forma de homenagear Pistarini também por ser patrono do Grêmio Literário de Resende e devido ao trabalho de divulgação do historiador. “Se hoje as pessoas cantam este hino, é graças ao Claudionor Rosa”, conclui.

Fotos: Divulgação/Redes Sociais

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