Exército deixa Complexo do Alemão sob denúncias de moradores

Um vídeo divulgado nas redes sociais pelo jornal Voz das Comunidades, do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, mostra o momento em que o Exército deixa a comunidade três dias após a sua ocupação. A gravação foi realizada nesta quinta-feira, dia 23. A saída acontece em meio a denúncias de moradores.

Representantes da Defensoria Pública, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de Organizações Não-governamentais, estiveram na última quarta-feira, dia 22, nos complexos do Alemão e da Penha para ouvir moradores e parentes de presos na operação realizada entre segunda-feira, dia 20, e esta quinta, pelas Forças Armadas e Polícia Civil na região.

Estes tem relatado abusos praticados pelos militares nas comunidades desde a chegada do Exército na região, entre eles invasões de domicílios, danos ao patrimônio, revista a mochilas de crianças e verificação de telefones celulares. Eles também levaram denúncias de que havia corpos no alto da comunidade da Chatuba, na mata, no Complexo da Penha. No entanto, na visita desta quarta-feira, nenhum corpo foi encontrado e nenhum parente relatou que alguém da família esteja desaparecido.

– Esses são os relatos que nós escutamos de pessoas que estavam em casa, que estavam andando na rua. Presos em função do telefone celular ou por estar perto de outra pessoa. Também ocorreu perseguição a pessoas que estão pagando pena e foram detidas – afirmou Pedro Strozenberg, ouvidor da Defensoria Pública do Rio de Janeiro.

Durante a operação, cinco suspeitos de integrarem a quadrilha de traficantes e três militares do Exército morreram após serem baleados nos confrontos. O Exército informou que ocupa as comunidades para combater o tráfico de drogas, cumprir mandados de prisão e remover barricadas.

O QUE DIZ O EXÉRCITO
Em nota, o Comando Militar do Leste informou que a Defensoria Pública esteve nos complexos do Alemão e da Penha acompanhada do presidente da Associação de Moradores. No relatório realizado ao término da inspeção, a Defensoria destacou que teve acesso à mata, que a área não está revirada nem modificada na sua composição aparente e não viu corpos ou denunciantes. Ainda aponta que por ser uma área estratégica e de segurança, está isolada.

A nota ainda ressalta que até agora não há qualquer indício de ilegalidade ou irregularidade, e áreas continuarão restritas por motivo de segurança e planejamento da tropa. O Exército justifica que a área está sendo protegida porque os militares não querem que os civis tenham acesso aos efetivos militares e às características dos equipamentos. Também negou que não há revistas impositivas em mochilas de crianças nem determinação para tal, quando acontecem são feitas com base em fundadas razões e fruto de denúncias pelo canais de inteligência.

Fonte: G1

Fotos: Reprodução/Voz das Comunidades e Thathiana Gurgel/Defensoria Pública do Rio 

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