Foi anunciada oficialmente nesta segunda-feira, dia 18, a compra do Hospital Vita, de Volta Redonda, pelo grupo Soebras (Sociedade Educativa do Brasil). A entidade, que foi fundada em 1967 como mantenedora de instituições de ensino, e posteriormente passou a atuar na área de saúde, adquiriu 100% das ações do unidade hospitalar. Mas, apesar do anúncio da compra, a CSN – dona do prédio e do Vita – diz desconhecer a transação.
A empresa siderúrgica conseguiu recentemente, no mês de março, uma ordem de despejo contra o hospital, que teria de deixar o prédio até o próximo dia 30 de junho. Mas em maio passado, outra decisão judicial determinou que a Secretaria de Saúde do município e o Centro Médico da CSN deveriam assumir a administração do Vita até que fosse definida a nova empresa proprietária da unidade hospitalar.
A compra causa estranheza entre os representantes da CSN pelo fato da empresa ter fechado o negócio sem consultar a credora das dívidas do Vita. Além disso, eles duvidam da capacidade da Soebras de quitar as dívidas e pagar os alugueis futuros do prédio.
A desconfiança não deverá ser a única resistência a ser enfrentada pelo Grupo Soebras após a compra do Vita. A entidade – que controla outras unidades de saúde em Minas Gerais – passou recentemente por seguidos escândalos graças a seu presidente de honra, o prefeito cassado de Montes Claros, Ruy Muniz.
Ele é acusado por vários crimes envolvendo fraudes e desvios de verbas públicas, entre elas as fraudes ao FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) no valor de R$ 45 milhões, crime da qual chegou a ser preso. Também foi acusado de sabotar o funcionamento de hospitais públicos e filantrópicos em benefício de um hospital de propriedade de sua família. Ele também foi investigado em um caso de suposto desvio de verbas públicas envolvendo a Empresa Municipal de Serviços, Obras e Urbanização (Esurb) de Montes Claros.
Outro escândalo do grupo envolve uma fazenda invadida pelo MST, onde teria havido ataque armado contra os invasores, de propriedade da Soebras. No entanto, ela nega que seja dona das terras ou tenha alguma relação de sociedade com os proprietários.
SOBRE O GRUPO
A empresa foi fundada em 1967, e iniciou suas atividades como mantenedora de instituições de ensino até os anos de 2000, quando também passou a atuar na área de saúde. Administra unidades de saúde em vários municípios mineiros, entre eles o Hospital das Clínicas Mário Ribeiro, em Montes Claros; o Hospital de Olhos da Fundação Hilton Rocha, em Belo Horizonte; e o Hospital São Lucas, em Patos de Minas (MG). Atualmente, conta com mais de 100 mil alunos em todo o país e uma equipe de 9 mil colaboradores.
A Soebras se pronunciou, em comunicado, que será mantida “a qualidade dos serviços oferecidos pelo hospital”, e “para tal asseguram a permanência do corpo técnico administrativo e do corpo clínico”. Com a aquisição, o Vita passa a se chamar Hospital Santa Cecília de Volta Redonda.
