Festa para o servidor de Resende: “Não temos motivos reais de comemoração”

Festa no Estádio do Trabalhador teve menos funcionários que o esperado

Nesta terça-feira, dia 1º, data em que é lembrada o Dia do Trabalhador em todo o Brasil e o mundo, a Prefeitura de Resende realizará uma festa para os seus funcionários, no interior do Centro Administrativo, medida muito questionada por representantes de uma das associações que lutam em prol dos trabalhadores.

A data fez com que a Associação dos Professores Municipais de Resende (ASPR) fizesse duras críticas nas redes sociais contra os gastos a serem investidos na festa. “Vamos comemorar o que? Resende é o único município do Sul Fluminense sem reajuste salarial. Estamos há cinco anos sem aumento, nem reajuste e com o menor piso salarial dos professores”, começa a postagem, destacando um problema que se arrasta há anos no município.

A postagem questiona a alegação do governo municipal de não conceder o reajuste, citando que seria uma desculpa para não valorizar o servidor. “(…) A produção industrial cresceu 3,14% segundo o Dieese, sendo que a indústria de automotores subiu 18,6%. Resende está em crise financeira? Não”.

Para a ASPR, a crise alegada pelo poder público seria na verdade “crise de uma administração incompetente e despreparada”. ” (…) Mas houve ‘competência’ em aumentar o salário dos CCs e na reforma administrativa que aumentou consideravelmente o salário desses cargos. Comemorar o que?”, completa a postagem.

Outra postagem da associação mostra uma tabela com o reajuste dado este ano pelas prefeituras de municípios do Sul Fluminense (Itatiaia, Quatis e Barra Mansa) e da Região da Costa Verde (Angra dos Reis e Paraty). A mesma aponta que o piso salarial dos professores de Resende é menor nos anos iniciais e é o terceiro menor nos anos finais (acima apenas de Quatis e Barra Mansa). Porém, é o único dos municípios a não ter qualquer perspectiva de reajuste salarial, o que vem se repetindo desde 2014.

Em entrevista ao jornal BEIRA-RIO, o presidente da ASPR, Milton Borges, comentou sobre as postagens que criticam ao prefeito em pleno Dia do Trabalhador, e diz não ver motivos para a maioria dos servidores participar da festa promovida pela Prefeitura.

— Em relação à festa, a gente acredita que deva repetir esse público por conta dessa indignação, da insatisfação dos servidores por conta desses anos sucessivos sem reajuste. Então, a gente tem feito apelo aos grupos para que os servidores não compareçam, pois não temos motivos reais de comemoração. Não há motivos para festa do trabalhador diante de um quadro desses. A gente percebe que é direito do prefeito fazer a festa dele, mas por outro lado seria um dever do servidor de não participar porque estamos fazendo as críticas no sentido do prefeito nos receber. Estamos tentando essa reunião com ele para discutir a questão salarial e outros direitos pendentes – respondeu o presidente da entidade.

Borges antecipou que a associação, ao invés de organizar uma comemoração em prol dos trabalhadores, apenas utlizará um carro de som “para estar falando com a população que não há motivos para a comemoração, pra festa, reforçando a questão do quinto ano sem reajuste e apelando pelo diálogo com o prefeito”, das 13 às 19 horas, nas imediações da festa a cada uma hora, fazendo uma parada de frente ao Centro Administrativo também apelando aos servidores que “não há motivo para festa”.

FESTA TAMBÉM FOI ALVO DE CRÍTICAS EM 2017
As críticas contra a Festa do Trabalhador promovido pela Prefeitura de Resende se repetem pelo segundo ano consecutivo no governo de Diogo Balieiro. No ano passado, conforme citado no blog do jornalista Elizeu Pires, a festa teve apenas cargos comissionados (CCs), estes presentes somente por causa de uma lista de presença da qual eram obrigados a assinar, já que os servidores públicos concursados deixaram de comparecer ao evento.

O jornalista, na ocasião, citou os questionamentos sobre quem pagou o cachê das bandas anunciadas para o evento, já que a prefeitura teria anunciado que seria uma doação sem custo para a prefeitura, mas que a mesma não teria respeitado a lei, que determina a publicação dessa doação por meio de um “extrato de doação”. Além disso, o prefeito também era criticado por não cumprir com as promessas de campanha em 2016, nas quais incluía a cumprir à risca o Estatuto do Servidor. A falta de reajuste salarial – que afeta tanto os professores municipais quanto as outras classes de servidores públicos – também foi lembrada por Elizeu.

Fotos: Reprodução/ASPR e Blog do Elizeu Pires

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