Ex-vice-presidente da Fetranspor revela ter pago propina a deputados

Deputados Picciani e Albertassi foram citados por delator

Em depoimento dado ao Ministério Público Federal (MPF), em acordo de delação premiada da Operação Lava Jato, o ex-vice-presidente da Fetranspor Marcelo Traça Goncalves afirmou nesta segunda-feira, dia 5, que passou mais de R$ 18 milhões em propina para o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani (PMDB) em pouco mais de um ano.

Segundo ele, a verba era enviada por empresários de ônibus e repassada pelo ex-vice-presidente da federação, que representa as empresas de ônibus do estado do Rio.

Questionado pelo MPF sobre qual seria a contrapartida, ele disse: “Específica? Eu não tenho como lhe dizer, mas certamente pela posição que ele ocupa dentro dessa estrutura do governo, como presidente da assembleia, pela influência que ele tem e sempre teve dentro da organização política do Estado. Acredito que seja isso”, disse.

Além de Picciani, outro deputado estadual citado é o parlamentar Edson Albertassi (PMDB), que recebia o pagamento sem sair do gabinete. Às vezes, no escritório da rádio de propriedade do político, em Volta Redonda. Traça foi preso em julho de 2017 e resolveu contar como funcionava o esquema em que donos de empresas de ônibus pagavam propina a políticos para conseguirem favores.

Traça revelou que Albertassi “tinha uma função bem definida”. “A contraprestação do deputado era monitorar esses projetos que entravam dentro da assembleia, que gerariam um ônus e dificuldades para o setor de transporte de passageiros. Então o deputado Albertassi ficava encarregado de monitorar esses projetos, e de alguma forma tentar inviabilizá-los dentro da assembleia”, afirmou Marcelo Traça.

A propina, conforme citou Traça, era paga mensalmente e, em alguns casos, sem prazo de validade. Ele também lembrou que o deputado estadual Paulo Melo (PMDB) recebia “caixinha”, mesmo dois anos depois de deixar a presidência da Assembleia Legislativa do Rio.

PRESOS EM NOVEMBRO
Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi foram presos em novembro de 2017, na Operação Cadeia Velha. Todos continuam no presídio de Benfica, onde também estava o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, até ser transferido para Curitiba, em janeiro de 2018.

As defesa de Jorge Picciani acusou o delator de querer receber benefícios da Justiça, e disse que ele fez afirmações vazias. O advogado de Edson Albertassi negou as acusações e a assessoria de Paulo Melo afirmou que o deputado jamais praticou irregularidades.

Fotos: Reprodução/G1

Fonte: G1

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