Violência será o tema central da Campanha da Fraternidade de 2018

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abriu oficialmente nesta quarta-feira, dia 14, a Campanha da Fraternidade de 2018. Este ano, o tema da CF será sobre a “Fraternidade e a superação da violência”. Para o evento, realizado em Brasília, foram recebidas autoridades do Legislativo e do Judiciário: a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, o coordenador da Frente Parlamentar pela Prevenção da Violência e Redução de Homicídios, deputado Alessandro Molon, e o presidente da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), Carlos Alves Moura.

O primeiro a se pronunciar foi Carlos Moura. “Há alguns dados dos estudiosos que nos estarrecem”, disse. Segundo ele, negros e jovens são as maiores vítimas da violência no Brasil, sendo que a população negra corresponde à maioria dos 10% dos indivíduos expostos ao homicídio no País. “É oportuno refletir sobre o Manual da Campanha da Fraternidade”, chamou a atenção: “A violência racial no Brasil é uma situação que faz supor uma forte correlação entre três formas de violência, direta, estrutural e cultural. Os casos de violência direta parecem ser resultado mais concreto e evidente de questões socioeconômicas históricas, além de deixarem entrever representações culturalmente produzidas e já naturalizadas a respeito da população negra, do índio, dos migrantes e, mais recentemente, também do imigrante”.

Moura lembrou que outra Campanha da Fraternidade tratou da superação da violência contra a comunidade negra, a Campanha de 1988, que tinha como lema: “Ouvi o clamor desse povo”. Nela, segundo Carlos Moura, a Igreja renovou o comprometimento da Igreja com o combate à violência.

A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, agradeceu à CNBB “pelo convite ao Poder Judiciário para participar desse momento”. Para ela, infelizmente, o outro tem sido visto com desconfiança e não como um irmão, um parceiro. “Esta campanha ajuda a ver o outro como aliado, como irmão”, reforçou. “Não basta que se faça parte da sociedade humana, mas é preciso atuar por ela para que se crie espaços de fraternidade”, acrescentou.

– Nós nos acostumamos com a nossa tragédia. É como se no Brasil, a vida humana valesse muito pouco”, opinou o deputado Alessandro Molon, que realçou que a Campanha da Fraternidade não é de combate à violência, mas a superação dela. Chamou atenção para esse ano de discursos políticos é preciso lembrar o que diz o texto-base da Campanha que lembra que se trata de um problema complexo que não aceita soluções simplistas. “Esse carnaval nos deixou algumas lições. Quando as autoridades se omitem, por exemplo, a violência cresce”.

O presidente da CNBB, Cardeal Sergio da Rocha, disse que a importância da Campanha da Fraternidade tem crescido a cada ano, repercutindo não somente dentro do âmbito da Igreja Católica, mas em toda a sociedade civil, além de outras igrejas cristãs. “A vida, a dignidade das pessoas, de grupos sociais mais vulneráveis têm sido atingidos frequentemente”. A realidade da violência, no entanto, “não deve levar a soluções equivocadas”, disse. Por conta disso, a Campanha da Fraternidade, disse o cardeal, quer ajudar a todos para fazer uma análise profunda diante da complexidade da realidade da violência.

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
Durante o evento, o secretário executivo de Campanhas da CNBB, padre Luís Fernando da Silva, leu a mensagem enviada pelo papa Francisco. Nela, o pontífice afirmou que “o perdão das ofensas é a expressão mais eloquente do amor misericordioso”, e que para os cristãos “é um imperativo de que não podemos prescindir”. Na mensagem, o papa diz que “às vezes, como é difícil perdoar! E, no entanto, o perdão é o instrumento colocado nas nossas frágeis mãos para alcançar a serenidade do coração, a paz. Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança é condição necessária para se viver como irmãos e irmãs e superar a violência”. No final da Mensagem, papa Francisco pediu a Deus para que “a Campanha da Fraternidade deste ano anime a todos para encontrar caminhos de superação da violência, convivendo mais como irmãos e irmãs em Cristo”.

NA REGIÃO
Na região Sul Fluminense, a Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda divulgou a programação para a abertura da CF 2018. As regiões pastorais de Resende e Barra do Piraí realizarão o evento no dia 17. Em Barra do Piraí uma caminhada pela superação da violência está sendo organizada. A concentração será na Catedral de Santana, a partir das 17h30, em direção a Igreja de São Benedito, onde será realizada uma Missa.

Em Resende a abertura será a partir das 8h, no Salão do Rosário. A assessoria será feita por João Batillana e é necessário levar bíblia e material para anotação. No dia 18 é a vez da região pastoral de Volta Redonda realizar a abertura oficial. Presidida por dom Francisco Biasin, a Missa será na igreja Nossa Senhora da Conceição, às 9h.

Fotos: Willian Bonfim/CNBB

Fontes: CNBB/Diocese Barra do Piraí-Volta Redonda

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