Vou falar o que penso, como sempre!

Que merda é essa? Que merda foi essa que Tavares e Vargas arrumaram esculhambando um trabalho sério que é o da fiscalização dos recursos públicos?

Muitas pessoas me perguntaram se fiquei surpresa e respondo sempre. Não, porque não me surpreendo com a capacidade humana, seja para o bem ou para o mal, mas fiquei triste.

Triste sim, basicamente por duas razões: a primeira porque fica claro que todo o interesse e aproximação de ambos pela transparência e participação só se davam para fins completamente opostos à proposta de controle social. Precisamos estar atentos àqueles que em algum momento foram igualmente desonestos com os recursos públicos, pois estes logo encontram uma brecha oportunista querendo resumir todos e tudo a uma única situação, muitas vezes para mascarar suas próprias ações. Agora, aparecem várias “vítimas” ou os espertos que dizem “eu sabia”. Se sabia porque nunca denunciaram? Vítima de extorsão semelhante ao caso apresentado não é vítima é conivente. Prefere pagar do que provar que está usando os recursos legalmente? Quem silencia diante de uma proposta indecente pra mim é tão indecente quanto. Pronto falei.

E em segundo lugar, fiquei triste porque conhecia pessoalmente os dois acusados. O Vargas tinha muito pouco contato, me convidou para falar sobre transparência na posse do IBTC que aconteceria dia 2, por conta da experiência junto ao ComSocial. Se mostrava uma pessoa interessada pela transparência e tinha como justificativa ter trabalhado na Ouvidoria, no final do governo Rechuan. Fui alvo de críticas que só pretendiam desqualificar minha pessoa, por parte dele, parece que não fui a única, e também por parte dos CCs do Rechuan de 2011 pra frente, mas nunca levei isso para o lado pessoal. Há ainda muita imaturidade e insegurança por parte dos cargos comissionados, muitos desesperados, por manter sua vaga nos governos. Até compreendo suas limitações e como consequência atitudes agressivas e mentirosas aos críticos. Quem conhece meu trabalho há 30 anos nessa cidade sabe muito bem que a crítica sempre se deu no âmbito das questões ligadas ao poder público, de interesse público, e claro, tem uma galera que não suporta. Mas só lamento – ou não -, como diria Caetano.

Sobre o Tavares, a tristeza se dá num misto de perplexidade, pois profissionalmente sempre demonstrou conhecimento e sempre disposto a colaborar com informações e esclarecimentos a cerca das questões jurídicas. Uma pessoa educada, bem informada que a gente costumava trocar impressões cotidianas sobre os mais diversos assuntos, compartilhava em suas páginas as fotos da família. E como não sentir raiva nesse momento? Ao pensar no sofrimento de filhos, mulher, pais… Pessoas que conhecemos e respeitamos. Sim. Respeito a família dos dois acusados e em especial, neste momento de sofrimento. Esse respeito não significa isenção de suas atitudes ilícitas, se cometeram crime deverão pagar por eles, mas há compreensão que a família já passa por um sofrimento gerado por ente que faz parte do seu núcleo.

Tavares aparentava interesse pela causa da transparência, militância que abracei há cinco anos no ComSocial porque acredito, até por força da profissão de jornalista, a cada dia mais, que não temos outro caminho senão informar todos os cidadãos e chamá-los à participação e controle social.

A causa da transparência é nobre, é legítima, é íntegra e não pode em momento algum ser colocada em dúvida. Aqueles que usarem as pessoas que cometeram ilícitos para tentar dissuadir e alijar o processo da transparência dos dados e informações públicas, lei conquistada com muita dificuldade nesse país é porque querem esconder alguma coisa.

Escrevi uma nota de esclarecimento do Comitê pela Transparência e Controle Social e reproduzo aqui um item para haja discernimento que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. O que significa? Que caso existam ações judiciais com parecer do Ministério Público sobre possíveis prejuízos aos cofres municipais independente da desistência do autor ou seu impedimento, – como muito provavelmente será o caso do Tavares – estes feitos devem prosseguir na Justiça, pois um ato ilícito, criminoso como foi a extorsão tentada em Itatiaia não pode anular o objeto de outras denúncias fundamentadas.

As ameaças que eram feitas usando nomes de pessoas ou apenas funções com certa influência sejam do Judiciário, mídia e redes sociais e o próprio instituto recém-criado demonstram uma prática vil na construção doentia de quem só vê cifrão pela frente, daqueles que ainda acreditam que o Brasil é dos espertos ou daqueles que não alcançam a importância do ser republicano. Foi porrada no processo, mas faz parte. Não será por isso que deixarei de acreditar nas pessoas que se mostram com boa vontade e muito menos no caminho democrático através de importantes instrumentos que dispomos como o da transparência e controle social.

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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One thought on “Vou falar o que penso, como sempre!

  1. Apenas como forma de esclarecer aos leitores e a autora do texto, informo que o senhor José Luís de Carvalho Vargas nunca trabalhou na Ouvidoria-Geral da Prefeitura de Resende.

    Celso Dutra Moura – Ouvidor-Geral da Prefeitura de Resende entre novembro de 2013 e dezembro de 2016.

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