
Ainda pouco conhecido em Resende e região, o Sanda (ou boxe chinês) vem ganhando adeptos no município. E nomes de destaque em competições nacionais: os vice-campeões Alisson Pereira Corrêa e Tatiane Aparecida Pimentel, da Academia Dragões do Kung Fu, que começaram no Kung Fu Tradicional e passaram a treinar no estilo que hoje é mais conhecido nos treinamentos de policiais e militares do Exército Chinês, e adaptado para competições internacionais.
Adepto do estilo tradicional há um ano, Alison pratica o Sanda há seis meses. “Treino bastante, fora isso estudo e faço desenho, além de ajudar meu pai no serviço de pedreiro”, conta o jovem, que está no terceiro ano do Ensino Médio. Ele treina de uma a duas vezes o mesmo estilo em um dia. Cada um dos estilos merece atenção especial em dois dias da semana. No caso de Alison, os treinos do Sanda acontecem às quartas e sextas, e do estilo tradicional às quintas e sábados.
Para Tatiane, o esquema muda pouco. Mesmo tendo pouco tempo de experiência com o Sanda (apenas um mês), e mais tempo de prática do Kung Fu Tradicional (há dois anos), os treinamentos da babá acontecem no mesmo local e seguem a mesma rotina do colega. Fora dos treinos, ela tem a tarefa de cuidar de três crianças com idades entre 4, 5 e 10 anos. “O mais velho deles também pratica o Kung Fu, mas só o tradicional”, revela.
Alison e Tatiane por muito pouco não foram campeões no Brasileiro de Boxe Chinês, realizado em agosto passado no município de Taubaté/SP. Eles ficaram em segundo lugar, mas esta não foram as estreias dos atletas nas competições. Ainda no estilo tradicional, eles participaram de uma competição nacional ano passado em Contagem/MG, onde ambos foram campeões em suas categorias.
O instrutor dos dois atletas, o professor Júnior César Nogueira conta como são os treinos no Sanda. “São treinamentos muito intensos, e os atletas se dedicam bastante para alcançar seus objetivos, sendo que à medida que se aproximam as competições os treinos se intensificam ainda mais e são exaustivos. Isso tudo porque o Sanda é 60% resistência e 40% técnica”, explica.
A modalidade esportiva, na verdade um dos mais de 400 estilos do Kung Fu, é uma espécie de “luta de mãos livres”, voltada originalmente à defesa pessoal. “O que diferencia esse dos demais estilos é que você pode pontuar simplesmente derrubando seu adversário, é uma modalidade de combate muito contundente, eficaz e também muito rápido, e isso exige muita energia e preparo do atleta”, acrescenta Júnior.
As necessidades do Sanda fazem com que os atletas precisem de suplementos, mas a falta de recursos e de apoios e patrocínio são as principais barreiras para uma melhor infraestrutura dos dois atletas. “Infelizmente, o que falta para a gente são os suplementos devido à falta de recursos e patrocínios. Dessa forma, os nossos atletas vão com a cara e a coragem enfrentar os maiores e mais bem preparados atletas e dão o melhor de si”.
Devido aos grandes esforços exigidos pelo Sanda e as dificuldades financeiras, os atletas não costumam participar de competições em sequência. Questionado sobre os cuidados que devem tomar para evitar lesões, o instrutor destaca que a realização de um alongamento e respeitar os limites do corpo são importantes. “O próximo campeonato no qual estaremos participando será em São Paulo, no dia 17 de dezembro, um Campeonato de Wushu Tradicional (é o chamado kung fu moderno). Mas não quer dizer que o Alison e a Tatiane irão participar, pois os atletas podem precisar de ser preservados para outras competições. O nosso objetivo é dar chance a outros atletas”, completa o instrutor.
E Júnior tem razões de sobra para isso. A Academia Dragões do Kung Fu conta atualmente com 10 polos em Resende, com 20 atletas com idades entre 5 e 17 anos em cada um, totalizando 200 jovens atendidos através de um projeto social mantido pela academia.