E o cancelamento da exposição de Porto Alegre, hein?
Após um mês o Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira constituiu um público divido entre felizes com as possibilidades de reflexão que a arte traz e raivosos por tudo o que esse tipo de arte traz.
Não vou entrar na questão das obras em si, mas, em um panorama geral, minha opinião é: vai à exposição quem quer. E eu não vou.
Podem fazer esse tipo de exposição para quem aprecia, não é o meu caso. Aliás, não aprecio nada que utilize simbologia religiosa como pano de fundo para pensar questões que não fazem parte do contexto em que o símbolo se insere. Para mim é tolice querer conjugar dois motes inconciliáveis. Quem tem como norteador qualquer símbolo religioso jamais vai tolerar se deparar com sua fé e representativos usados para fins profanos. Apesar de não possuir religião, sou profundamente respeitadora de todas as crenças e credos.
Em segundo lugar, precisamos pensar que estamos em um país quase fundamentalista em questões de aceitação de diversidade, extremamente tradicional e conservador. O que esperar?
Se queremos mudar a forma de pensar, levar a uma reflexão, estamos no caminho errado ao querer impor e achar que as pessoas estão preparadas. Não estão. É igual a remédio amargo: não desce.
Tudo deve ser pensado, refletido, ponderado. A mudança é importante e a aceitação da diversidade imperativa para que a sociedade rume a um tempo com mais amor e menos ódio entre os seres viventes.
Mas não acredito em nada que seja forjado a ferro e fogo. Portanto, consigo compreender os propósitos de quem quer visitar essa mostra e que consegue ser respondente aos questionamentos sugeridos, bem como de quem se sentiu profundamente ofendido com seu conteúdo.
A única coisa que não consigo entender é a postura do Banco Santander que abriu as portas para o evento e depois recuou diante da pressão social. Péssimo negócio para quem quer agregar valor. Um banco que não se banca e fim.
Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão