Apesar das dificuldades, primeiro concurso da Confabint é sucesso de público

Associação Balbino Fonseca, de Valença, ganhou o concurso de bandas Sênior

Neste domingo, dia 27, foi realizada a primeira edição do Concurso da Associação Copa Paulo Motta Confabint de Bandas de Percussão, evento realizado na Rua dos Girassois (Praça Neném Prancha), em Engenheiro Passos. “Foi um sucesso o evento, foi lindo, especialmente com a apresentação da big band da Associação Balbino Fonseca, de Valença (que também participou do concurso com as bandas Juvenil e Sênior). Achei que seria algo muito parado, similar a uma orquestra, mas foi bastante animado e me surpreendeu. A praça lotou, muitos se emocionaram, cantaram junto com os músicos (já que esse tipo de banda tem vocalistas). E essa foi a primeira apresentação desses músicos aqui no distrito”, avaliou o presidente da Confabint, Paulo Ricardo Motta.

Ao todo, o evento – que ficou ameaçado de enfrentar problemas com a não concessão do alvará da Prefeitura de Resende – teve o apoio do comércio local em todos os sentidos e contou, segundo o presidente, com um público de mais de mil pessoas presentes e a apresentação de 15 bandas no concurso.

E conscientes das dificuldades que a Confabint vinha enfrentando para garantir a infraestrutura básica do evento, as bandas participantes se viraram para garantir presença. O jornal BEIRA-RIO entrevistou responsáveis pelas bandas da Famcal, de Caraguatatuba; da Associação Balbino Fonseca, de Valença; e das bandas da Império, de Japeri, e do Colégio Vila de Cava (CVC), de Nova Iguaçu.

Esta última, que foi criada há um ano e vem pela primeira vez a região, e foi vencedora do concurso no resultado geral e na categoria Juvenil, compartilhou seu maestro, George Almeida, com a Império, criada há cinco anos. “O colégio, pra poder participar dos eventos e se preparar, conta com a ajuda dos pais dos alunos para arcar com as despesas e o colégio também nos cede a infraestrutura. A maioria dos nossos componentes são do próprio colégio (em Engenheiro Passos, eles levaram 80 componentes ao todo). Já na Império, o colégio ajuda com a infraestrutura para os ensaios. Os compoenentes, a maioria da comunidade local, custeou as outras despesas, mas o ônibus foi cedido pela Prefeitura de Japeri, que chegou a quebrar no meio do caminho. Mas tão logo comunicamos o ocorrido, eles enviaram um veículo substituto pra podermos seguir viagem até aqui”, explica George.

Enquanto esta é a primeira conquista mais importante para a banda do CVC, o Império – que participou com 40 componentes – também já teve diversas conquistas em concursos. A mais importante delas foi o Estadual, realizado em Valença em 2015, que classificou o grupo para participar da edição nacional, que aconteceria no Espiríto Santo, mas que infelizmente foi cancelada devido à catástrofe ocorrida em Mariana no final daquele ano, que atingiu o município que sediaria o evento, mais outras cidades capixabas próximas, além do estado de Minas Gerais.

Grupo de bandas da Famcal representou os paulistas na Confabint

O evento quase não contou com bandas paulistas. Quase. Na verdade, o estado de São Paulo foi muito bem representado pela Fanfarra Municipal Comunidade Alaor (Famcal) de Caraguatatuba, município do Litoral Norte Paulista, criada dentro da EMEF Professor Alaor Xavier Teixeira há aproximadamente 40 anos. E há 33 anos, ela conta com o trabalho do regente Marcos Silveira dos Santos, o Marcão da Fanfarra. “É um grupo que atende não apenas alunos e ex-alunos, como também está aberta a toda a comunidade, hoje viemos com 75 pessoas. Nosso apoio vem da prefeitura, Secretaria de Educação e da Fundação Cultural de Caraguatatuba (Fundac). Os ensaios e a preparação acontecem diariamente na escola. Até workshops e empréstimos de instumentos fazemos ao lado corporações de cidades vizinhas (como a Famuta, de Taubaté, que já fez um workshop para o grupo)”, acrescenta Marcão. O grupo também participou do evento de Engenheiro Passos com as bandas Sênior e Juvenil.

Outro grupo que também vem investindo tanto nas apresentações em concursos de bandas e fanfarras é a Associação Balbino Fonseca. Entidade sem fins lucrativos criada há mais de 50 anos em Valença, ela tem contado com vários projetos na área social e educativa. E no ano de 2010, passou a investir na área musical, com a criação da banda Juvenil em 2014, e recentemente, em 2015, criou uma big band, que foi a atração de encerramento do concurso deste domingo.”Nossa entidade não tem o apoio do poder público, mas tem um patrimônio próprio, o que já gera renda para os projetos dela, inclusive o nosso. Além disso, as bandas estão inscritas em programas de fomentação cultural do Governo Federal, o que garante infraestrutura para as nossas apresentações”, explica o coordenador das bandas e regente da banda Sênior da associação, Alexsandro Nascimento dos Santos, o Sandro.

Organizador Paulo Motta (à esquerda) orienta regente da banda de Barra do Piraí em relação a regras de conservação das salas cedidas para o evento

CONSERVAÇÃO DE SALAS TAMBÉM CONTA PONTOS NO CONCURSO
Ao todo, a Associação Balbino Fonseca levou para o concurso 150 pessoas (somadas as três bandas), mais três ônibus e um caminhão-baú. O que aumenta ainda mais a responsabilidade do grupo em seguir uma regra implementada pela organização do concurso. “Em relação às salas que foram cedidas pela direção da Escola Municipal Augusto de Carvalho para cada grupo participante, cada fica passa a ficar responsável pelo seu espaço onde guardarão seus pertences. Eles têm que entregar a sala ao final do evento do jeito que ela foi encontrada, caso isso não seja cumprido, a banda pode perder pontos ou até ser desclassificada do concurso”, justifica Motta, destacando que teve ideia de implementar a regra durante a organização do evento.

O regente da Associação Balbino Fonseca revela que a entidade já possui o hábito de colaborar com a conservação dos locais que costumam servir de alojamento para o grupo. “Existe um regulamento geral para as competições nacionais de bandas e fanfarras, em que a conservação dos alojamentos conta pontos para a nossa participação nesses concursos. Dias antes do evento, a gente costuma comparecer junto com o fiscal ou a organização, e fazemos fotos do local. E posteriormente, após a utilização do espaço, voltamos a fotografar o local como forma de atestar que a associação deixou o local de forma organizada, e isso não acarrete em uma eventual desclassficação durante um evento”, cita Sandro.

Motta, inclusive, cita a atitude do Balbino Fonseca e dos outros grupos partcipantes como o ponto mais positivo do evento. “A organização das bandas foi o ponto mais positivo. Tivemos 100% de aprovação e não registramos qualquer problema. Não tivemos uma cadeira fora do lugar, fui conferir com diretora da escola. Além de parabenizar o concurso, ela também elogiou a nossa iniciativa”, completa.

COMÉRCIO FATURA COM EVENTO
Somente de fora do distrito de Engenheiro Passos, centenas de pessoas assistiram às apresentações das 15 bandas. Segundo a organização, quatro vans com espectadores vieram especialmente de municípios de outras regiões do estado do Rio de Janeiro pra assistir ao evento.

Ainda que não tenha conseguido o alvará da Prefeitura de Resende, que segundo Motta ficou com o pedido de processo parado no Executivo, apesar de ter conseguido quase toda a documentação, o concurso não apresentou quaisquer problemas envolvendo a segurança do evento. O concurso foi encerrado por volta das 20 horas deste domingo, e teve o apoio do comércio local, inclusive nas questões em que a organização do evento vinha tendo problemas com o poder público.

– Um amigo nosso colaborou a sonorização. Já no palanque, uma empresa nos cobrou apenas R$ 400 dos R$ 600 na montagem. Outra empresa voltada a produção de festas contribuiu com a decoração (toalhas, mesa, tudo referente à decoração). Dois restaurantes daqui deram a alimentação para os jurados do evento e para os guardas municipais que trabalharam com a gente. E tivemos a colaboração até pra conseguir os oito troféus e os 12 medalhões. E a escola cedeu todo o espaço dela para o alojamento dos participantes.

Das bandas inscritas no concurso, apenas dois grupos não puderam se fazer presentes. Em todos os casos, os problemas envolveram a falta de transporte para o evento. “Só duas bandas não foram porque os ônibus delas foi cancelado, nesse caso, das 17 previstas, tivemos 15 apresentações. Duas representações, uma da Região dos Lagos, e a outra da Região Metropolitana, não vieram devido a problemas internos, um desses grupos foi a impossibilidade de pagar o transporte”.

Motta encerra colocando que a falta de recursos para as bandas ajudou a movimentar o comércio local. “Outro ponto positivo foi a geração de renda pra comércio local, pois como não tivemos como obter alimentação pra todos, o comércio foi favorecido. Dois mercados próximos fecharam por falta de mercadoria toda vendida no dia, e os restaurantes dobraram o tempo de funcionamento e o que foi oferecido por eles não foi o suficiente para atender a população”, conclui.

Salvar

Salvar

Você pode gostar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O limite de tempo está esgotado. Recarregue CAPTCHA.