Show de horror

O prefeito de São Paulo, João Dória, presenteou os seus eleitores com um show de horror ao invadir a cracolândia e tentar lavar o recinto com o sangue humano.

Desde que mundo é mundo observamos o poder patrocinar essas carnificinas. E o povo, incauto e desavisado, aplaude maravilhado. Vamos jogar cristãos para os leões? Oba! Vamos queimar bruxas? Vamos! Vamos enforcar em praça pública? Uhuuu! Vamos encher os trens e enviar para os campos de concentração? Já é!

O governo fecha os olhos para o caos social, cria uma situação insustentável por incompetência ao enxergar apenas seus próprios interesses, pela recusa em lançar um olhar cuidadoso e cidadão para os problemas sociais, mas de uma hora para outra resolve que a solução é fazer show espetaculoso? Por que isso? Qual o interesse particular que está por detrás desse teatro do absurdo? Desde quando a cracolândia se instalou onde está? Quantos pedidos de ajuda, denúncias foram feitos?

Antes que me joguem pedras (nem de crack, por favor), não sou a favor da cracolândia. Sou a favor de um programa social de reabilitação, atenção assistida. Programas comunitários objetivando essas questões, dentre outras tantas que são pragas em nosso país. Sou a favor da saúde. Sou a favor de um governo responsável e respondente aos anseios da sociedade. Sou a favor do ser humano, de uma sociedade humanitária constituída por pessoas que pensam, agem e solucionam. Existem muitas pessoas qualificadas para auxiliar como psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais. Muitas pessoas que estudaram a fundo a questão e podem ser convocadas. Como disse uma pessoa em uma postagem que fiz em minha rede social, tudo que essa questão não precisa é de um olhar ingênuo achando que a palavra divina ou a boa vontade podem resolver. O problema é grave e precisa ser enxergado assim. Se a igreja e as comunidades religiosas podem oferecer ajuda, ótimo. Mas estão longe de resolver esses problemas por si só.

Não é assim que se resolve. E nunca será. Mudar o problema de endereço não é a solução. Essa ação apenas descentralizou, pulverizando para outras áreas da cidade.  Maquiar o monstro não destrói o câncer que se alastra e produz metástase na sociedade enfraquecida pela pouca ética e nenhuma compaixão.

Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão

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