Ele gosta muito daquela mulher

“Eu gosto muito dessa mulher.” Ele pensou enquanto descascava uma banana prata e continuou em pensamento “Jamais se eu estivesse aqui sozinho, nessa sala, iria assistir uma comédia romântica.” Segurou o filme com a mão direita, virou, leu a sinopse e seguiu sempre em pensamento “Sozinho estaria vendo Robocop, O exterminador do futuro, Alien, o 8º passageiro…” Colocou o filme sobre a mesa, descascou o restante da banana e continuou “sequer eu gosto de banana prata. Quem gosta é ela. Por isso eu compro.”.

“Eu gosto muito dessa mulher. Cerveja puro malte em promoção no supermercado e eu comprando vinho. Duas garrafas.” Ele pensava enquanto abria o congelador para tirar uma bandeja de isopor com mini empadas de queijo. Aproveitou para conferir o robusto pedaço de queijo parmesão através do olfato e pensar mais uma vez “É bom, mas um bife acebolado é muito mais suculento. E não tem esse cheiro de coisa passada.” Colocou tudo na prateleira do meio fechou a geladeira e foi tomar banho.

“Eu gosto muito dessa mulher.” Ele continuou pensando ao sair do banho “No dia em que compramos aquele suspiro com merengue e morangos eu disse que já estava satisfeito para que ela comesse mais um pedaço inteiro.” Abriu o armário escolheu a camisa rosa e vestiu. Foi para frente do espelho e continuou pensando “Nunca gostei muito de camisa rosa. Não me sentia confortável. Mas como foi ela quem me deu essa…” (…) “Eu gosto muito dessa mulher.” Ele pensou, por fim, antes de telefonar para perguntar “Eu gosto muito de você, por isso queria saber a que horas você chega pro nosso queijo, empadas e vinhos”.

Ela adorou a ligação.

Rafael Alvarenga
Escritor e professor de Filosofia
ninhodeletras.blogspot.com.br

Você pode gostar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O limite de tempo está esgotado. Recarregue CAPTCHA.