Poucas vezes nos lembramos de dizer obrigado

Poucas vezes nos lembramos de dizer obrigado. Não aquele dizer pelo dizer que acontece todos os dias, mas o dizer obrigado por tudo o que nos chega pelos mais improváveis e prováveis caminhos. Cobramos, exigimos, demandamos, ordenamos. Contudo, muito raramente nos lembramos de sermos gratos por tantas conquistas e dádivas recebidas todos os dias. Algumas pessoas parecem receber esses milagres como se fossem obrigações, recebimentos de direito, sem que se questione o merecimento.

Pior ainda é quando nos lembramos de agradecer as pessoas que nos são estranhas e não nos lembramos de agradecer a alguém da nossa própria família. Pensamos de uma forma muito errada e egoísta que nossos familiares são obrigados a nos fazer favores sem ao menos receber em troca um agradecimento. Pensamos isso do pai, da mãe, do irmão, do filho, do tio e por aí vai. Não valorizamos quem está perto e nos suporta no nosso caminhar.

Não. Ninguém tem obrigação com ninguém. Fazemos por amor. E dizer obrigado é reconhecer a existência do amor que move e modifica. Que nos torna mais leve e que faz com que nossa jornada seja menos pesarosa.

Um obrigado por uma refeição feita, por ter comprado um pão, por ter trazido alimento, por ter ido ao banco. Coisas simples de todos os dias, mas que são parcerias para nossa existência.

Nos acostumamos mal a não desejar bom dia para as pessoas da casa. Tratamos mal, falamos mal, não agradecemos e não valorizamos. Exigimos como se fossem obrigadas e não cabe um obrigado. Justamente com as que nos enxerga mais cruamente. As pessoas com quem dividimos nossas vidas, angústias e sofrimentos. No fim, as que nos são mais caras.

A gratidão não é um gesto de educação. O dizer obrigado, sim. Gratidão é mais profundo. É considerar que houve um desprendimento de energia para que nossa vida ficasse mais fácil. Que algum problema se resolvesse. Que o caminhar se tornasse mais leve. Gratidão é o obrigado que se diz com a alma e com o coração. Gratidão é um monte de sorrisos quando nos lembramos que a vida poderia ser bem pior se não houvesse pessoas que se desprendem e nos carregam em seus braços. E ofertamos todos eles a essas pessoas que nos acarinham essa nossa alma com resolução de coisas mundanas. São parcerias por amor que devem começar dentro da nossa casa. E se assim acontecer, poderemos enfim chamar essa casa de lar.

Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão

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