Diogo Balieiro Diniz: promessa ou equívoco?

Primeiro de janeiro de 2017 se aproxima e com ele a expectativa, para todos os municípios, de dias melhores. Afinal, ninguém, quero acreditar, elege uma pessoa para as coisas piorarem. Algumas pessoas trabalham para isso, é verdade, mas de um modo geral, independente das razões que levam o povo a escolher um representante as razões, pela lógica – se é que isso existe em política – são sempre para ter uma cidade melhor, com gestores mais comprometidos com os reais problemas da população e em especial, a gente quer acreditar, com os menos favorecidos. Espera-se um governo mais popular, menos dos amigos e compadres e acima de tudo que respeite o dinheiro público, que respeite a coisa pública e que não cometa um erro clássico dos governantes, que é achar que ser prefeito é ser dono da cidade e se afastar dos propósitos que geralmente colaboraram para sua eleição. Digo geralmente, porque muitas vezes, as eleições são jogos e os instrumentos mais utilizados são o dinheiro e o medo. Sobre o medo falo mais abaixo. Sobre o dinheiro dispensa maiores comentários. O Brasil tem dado demonstrações suficientes do que são capazes para ganharem ou se manterem no poder.

Em Resende, passada a eleição e o clima – ou quase – da vitória característica de torcidas, boa parte da população começa a especular como agirá o novo prefeito, mais um médico, mais jovem, mas herdeiro da velha política de sempre. Lembro quando ainda candidato, o Dr Diogo usou a mãe doente num hospital para se vitimizar, gravou um vídeo e claro tinha que ter um “inimigo”, nesse caso era eu porque trazia um fato de que ele aqui e acolá conversava com o prefeito cassado, José Rechuan. E que este, tentava dissuadi-lo da candidatura. Fato aliás, muito normal, num processo eleitoral, em especial, quando o candidato já esteve no governo de seu interlocutor. Mas ao usar este fato e se vitimizar provou ali, pelo menos pra mim, que usaria da velha e rasa política de sempre.

Ao mesmo tempo, tenta inovar com a tecnologia das “lives” numa abordagem de marketing digital tupiniquim. Aliás, desde a eleição de Obama que muita gente acha que é só fazer uma live e tirar fotos com a famílias e cachorros que consegue convencer. Até impressiona inicialmente, mas há um trabalho profissional nisso e neste aspecto, não só o próximo prefeito de Resende, mas a maioria que imita as estratégias do presidente americano já comentem erros crassos, mas isso é outro assunto. Agora, o que interessa é o que nos reserva o novo governo de Resende e confesso que tenho muitas dúvidas. Torço para que a promessa anunciada se concretize, mas não posso ser incauta de não considerar que mais uma vez há uma fraude eleitoral na cidade. Entenda-se fraude aqui, como o abuso de confiança que muitos se deixam impregnar. Tanto que muitos que lerão este artigo, sairão adjetivando sem refletir para o que chamo atenção, pois como fui candidata a prefeita sobram “despeitada”, “choro de perdedora” entre outras qualificações, aliás, conclusões imediatistas demais, típico de quem faz uma avaliação apenas do momento. Muitos com certeza estarão lendo pela primeira vez um artigo meu. Os que já têm esse hábito, vão lembrar de alguns dos meus escritos nos últimos 20 anos e perceber que a crítica contumaz (aceito o título, vai) sempre está voltada para a questão pública e coletiva, mas isso também é outra história.

Por que o equívoco? Eu explico. A especulação não é prerrogativa apenas do período eleitoral. Ela se estende depois da eleição e assim será até a próxima, mas há de se considerar que nas especulações políticas existem mecanismos táticos que servem de experimentação e nesse campo, os mais experientes sempre têm vantagem. Há quem se adiante e diga: “Dr Diogo não está atendendo ninguém, nem o vice dele”. É a frase mais ouvida nas últimas semanas. Muita gente já achando que o eleitor pode ter cometido mais um equívoco. E se cometeu? Esse é o processo, mas não será isso a caracterizar o sucesso desse governo. Acredito que a estratégia do “sumiço” é plausível. Do contrário vejamos: sabemos que existem aqueles “pedintes” políticos e aqueles doidos para ser nomeado porque fizeram parte de uma composição partidária. É fato, que estes acordos são travados antes da eleição. Logo, o que essas pessoas deveriam fazer, se houve de fato acordo, é aguardar sua vez, na fila da distribuição de cargos, mas ficam ansiosas e acabam achando que o prefeito eleito já mergulhou na soberba. Não atender o vice, se é verdade, é grave, mas isso também requer uma análise específica.

Não atender as ligações, não responder mais as mensagens das redes sociais não desqualifica o prefeito eleito e na minha opinião nem o qualifica para coisa alguma. Acredito apenas que é um mecanismo de defesa, natural e legítimo. Até porque o momento requer uma visão do todo e não sejamos inocentes, neste momento, Dr. Diogo, como qualquer outro prefeito eleito precisa cumprir, em parte, os compromissos de campanha com seu próprio partido e com os que colaboraram com sua campanha. Tanto que algumas nomeações que trazem pessoas do Rio de Janeiro completamente desconhecidas e desconhecedoras dos problemas de Resende denotam que o PSD, assim como deputados “amigos” não poderão reclamar mais adiante quando a falta de vínculo com a cidade obrigar o prefeito a uma segunda reforma administrativa. Nada disso é novidade. Se repete a cada novo governo.

Acredita-se que no dia da diplomação, próximo dia 15 de dezembro, o prefeito eleito de Resende resolva finalmente anunciar seu secretariado e informar qual a reforma administrativa que pretende. Por enquanto, temos informações aqui e acolá que não nos anima muito, em especial, porque a impressão – tomara que seja só impressão – é que o amadorismo nos mais diversos setores predomine. Tanto, que muitos servidores comentam a forma antipática (não de todas as pessoas, é claro) que alguns nomes da equipe de transição buscam as informações administrativas. O nome para secretário de Saúde, se confirmado, também requer preocupação. Quem conhece o provável secretário, Tande Vieira, o acha muito agradável, simpático e inteligente. Sociólogo leva a vantagem da relação interpessoal como atividade cotidiana, mas ter sido chefe de gabinete de um dos maiores bandidos do colarinho branco do Rio de Janeiro (o ex-delegado e ex-deputado Alvaro Lins – quem não sabe a história dá um clique no Google aí) vamos combinar que não é agregador ao currículo da gentileza.

Por fim, espera-se que o quadro a se desenhar da equipe, assim como a estrutura administrativa que o prefeito eleito pretende imprimir ao próximo governo possa, de fato, estabelecer que a prioridade seja as pessoas dessa terra, que a lei seja respeitada, que não sejamos espectadores apenas de performances ou das práticas casuísticas tão comuns da maioria dos gestores. Agora é para valer!

Ana Lúcia

editora do jornal BEIRA-RIO

vice-presidente do Comitê pela Transparência e Controle Social de Resende (ComSocial)

analucia@jornalbeirario.com.br

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One thought on “Diogo Balieiro Diniz: promessa ou equívoco?

  1. Desde o resultado das eleições venho tentando uma “palavrinha” com o Dr Diogo, mas não consigo. Gostaria de mostrar a ele dois projetos que, no meu entendimento, poderão contribuir para melhorar a cidade e, principalmente, aos munícipes. QUERO REGISTRAR QUE NÃO QUERO E NÃO DESEJO NENHUMA “BOQUINHA” NA PREFEITURA. SOU APOSENTADO E O QUE RECEBO NA APOSENTADORIA ME PERMITE VIVER RELATIVAMENTE BEM.

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