“Não faz muitas perguntas sobre saúde não, porque ainda estamos conhecendo a situação. Começamos essa semana”. A frase é do prefeito eleito de Resende, o médico oftalmologista Diogo Baleiro Diniz, em entrevista ao jornal BEIRA-RIO, ocorrida na sede do jornal dia 18 de outubro. O prefeito eleito falou da reforma administrativa que pretende fazer e disse que ficou convencido de que o governo Rechuan conseguiu uma economia significativa com o horário reduzido de funcionamento no pátio da Prefeitura e informou que em 2017, “pelo menos nos seis primeiros meses o horário continuará o mesmo”.
Acompanhado de um advogado da equipe de transição, Balieiro Diniz fez questão de falar do dinheiro que recebeu a mais (cerca de R$ 3 mil), mesmo estando licenciado para o período eleitoral. “Queria informar que a prefeitura me deu a opção de dividir o ressarcimento, mas falei que pode descontar tudo no próximo mês de novembro”, explicando que não viu o dinheiro a mais na sua conta. “Imagina se vou ficar olhando contracheque em plena campanha eleitoral”, finalizou.
BEIRA-RIO – A que o senhor atribui sua vitória?
Diogo Balieiro Diniz – Muito trabalho. Foram quatro anos e não 45 dias. A população estava querendo uma nova filosofia política. Uma política sincera, verdadeira, com propostas concretas. E não tive nem marqueteiro.
JBR – Marqueteiro é ruim?
DBD – Não precisar investir nisso foi bom. Pagar um profissional pra isso. Fui ouvindo um aqui, outro ali e assim não precisei gastar recursos da campanha com profissional de Marketing.
JBR – Incomoda saber que mais de 20% do eleitorado de Resende desprezaram o pleito?
DBD – Incomoda muito. E nos cabe mudar essa realidade. Fazer a população se interessar pela política, mostrar que tem gente do bem com honestidade e podendo participar efetivamente do governo.
JBR – O senhor durante a campanha falou da “boa política”…
DBD – É isso. Honestidade acima de tudo. Olhar pelo público. Pensar em reeleição só em 2020. Até governar da melhor forma possível e vai desagradar muita gente.
JBR – Após as primeiras semanas depois de eleitor, com atuação de uma equipe de transição, que área o senhor tem considerado mais grave e que deve ser priorizada a partir do dia 1º de janeiro de 2017?
DBD – Saúde!
JBR – Verdade que independente do secretário de saúde o secretário de fato se chamará Diogo Baleiro?
DBD – O secretário será dr Irani, mas claro que quero ajudar, mas tenho experiência e vou ajudar sim. Quero poder participar especialmente na recuperação do Hospital de Emergência, da Santa Casa e da UPA.
JBR – O senhor prometeu uma clínica de visão e audição. Com tantos problemas a resolver e poucos recursos como o senhor fará esse investimento?
DBD – Sim. É possível e todas as outras especialidades vamos oferecer aqui.
JBR – Como?
DBD – Na saúde ainda estamos vendo a situação, mas não tenho dúvidas que é possível organizar melhor consultas e exames pelo Sireg (sic) e resolver esta falta de especialistas.
NOTA: Sisreg é o Sistema Nacional de Regulação, um sistema on-line que organiza marcação de exames, consultas e internações.
JBR – O senhor falou em reduzir secretarias? Quantas e quais serão extintas?
DBD – Sim vamos ficar entre 10 e 12, mas ainda não temos isso definido. A intenção é extinguir secretaria mas fundir.
JBR – O senhor já viu o endividamento do município e o horário de atendimento na prefeitura volta ao normal em janeiro?
DBD – Estamos vendo ainda as contas. O governo está nos atendendo, mostrando tudo, mas ainda estamos vendo e pelo menos, nos seis primeiros meses o horário vai continuar como está. Há uma redução de custos e insumos significativa.
JBR – Sério?
DBD – Sim. O Renato Viegas (secretário municipal de Fazenda) nos mostrou. Pelo menos nesse início vamos manter esse horário.
JBR – O senhor sabe que há um clamor da população para não aumentar os salários dos vereadores, prefeito e secretários em Resende?
DBD – Sim. Sabe que não sei quanto ganha o prefeito? Quanto ganha?
JBR – Com o reajuste irá para quase 27 mil.
DBD – Líquido?
JBR – Não. Bruto.
O prefeito eleito vira-se para o advogado que o acompanhava e diz: “Menos do que ganho como médico”.
JBR – O vice tem participado da transição?
DBD – Tem acompanhado tudo, participado de todo o processo e já manifestou vontade de trabalhar me projetos sociais.
JBR – Não poder nomear parentes e ter poucos técnicos para as secretarias é um grande problema ou não?
DBD – As nomeações serão técnicas. Tem que ter conhecimento de gestão pública. Tem parentes que são pessoas com qualificação, têm esse conhecimento.
JBR – Resende tem a lei do nepotismo regulamentada…
DBD – É… vamos ver isso., porque tem gente muito qualificada. Meu tio (Reginaldo Balieiro) que está na equipe de transição é muito qualificado, mas ele nem quer ser nomeado. Está me ajudando porque quer me ajudar, ajudar a cidade, mas é muito qualificado.
JBR – O senhor continuará atendendo como médico?
DBD – Quero continuar sim. Inclusive quero continuar no SUS, atender área rural.
JBR – Mas não pode dr Diogo. É incompatível. Perguntei sobre atendimento particular, no seu consultório. (Nesse momento, o advogado que acompanhava o entrevistado fala: “Estamos vendo isso. Se houver incompatibilidade, claro que não poderá).
NOTA: Há uma restrição constitucional. O prefeito, no exercício de suas funções, não pode exercer outra função pública.
JBR – Vamos fazer um bate-bola?
DBD – Vamos!
JBR – Leis?
DBD – Devem ser cumpridas
JBR – Pobre?
DBD – Devemos governar para eles, prioritariamente.
JBR – Transparência?
DBD – Será um marco do nosso governo.
JBR – Cultura?
DBD – Mecanismo para evitar a criminalidade.
JBR – Violência?
DBD – Faz parte do ser humano, mas temos que combater.
JBR – O senhor gostaria de acrescentar alguma coisa?
DBD – Queria informar que a prefeitura me deu a opção de dividir o ressarcimento, mas falei que pode descontar tudo no próximo mês de novembro. Imagina se vou ficar olhando contracheque em plena campanha eleitoral.
NOTA: o prefeito eleito se refere à denúncia feita pelo BEIRA-RIO sobre o pagamento indevido que recebeu durante o período eleitoral.
Fotos: Reprodução do Facebook