Projeto Social realiza em Resende primeiro fórum para familiares de presos

Representante da Pastoral Carcerária da Diocese de Barra do Piraí (que abrange Resende), Mara Barella, também participou do fórum no meio do público
Representante da Pastoral Carcerária da Diocese de Barra do Piraí (que abrange Resende), Mara Barella (com o microfone), também participou do fórum no meio do público

Pela primeira vez, enquanto aguardam pela inauguração da nova Cadeia Pública em Bulhões, familiares dos cerca de 1,6 mil presos de Resende que cumprem penas nas cadeias públicas e penitenciárias do estado tiveram a oportunidade de participaram do Fórum Municipal Sobre Situação Prisional na tarde desta segunda-feira, dia 17, no Plenário da Câmara Municipal, que ficou com sua capacidade lotada com a presença maciça de familiares e representantes estaduais e de entidades que atuam em prol dos presos.

O evento foi organizado pelo Projeto Social Mãos que Ajudam, idealizado e criado pela esteticista Josiane Silva há um ano e meio.”Esse projeto surgiu da necessidade de se acolher os presos ao lado de suas famílias, dar um maior conforto a todos, uma vez que temos casos de presos que há muito tempo não veem os pais ou os irmãos, ou nunca viram os filhos de perto devido às dificuldades de logística e financeiras”, explica Josiane.

O evento teve a participação das coordenadoras dos setores de saúde (Elaine Calil), serviços sociais (Cláudia Motta) e de psicologia (Sonia Oliveira) do Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), do coordenador do Núcleo de Sistema Prisional (Nuspen), Marlon Barcelos, e da integrante da Comissão Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, Kátia Lopes.

Eles responderam a vários questionamentos e tiraram dúvidas sobre as demandas dos familiares presentes ao evento. Além disso, aproveitaram antes das perguntas do público para fazerem o uso da palavra e criticarem a falta de investimentos do estado e o tratamento dado aos detentos. “A gente pede às famílias para que procurem apoio, ou ajuda para os presos, pois não podemos depender do estado para tudo, tem faltado medicamentos em nossas unidades de saúde (composta por cinco hospitais e uma UPA)
, assim como outros recursos e eles estão morrendo muito cedo de doenças como a tuberculose”, pede Elaine.

Todos foram unânimes quando o assunto é a indiferença de boa parte da população em relação aos assuntos que envolvam os presos. “Achei excelente a iniciativa do projeto que organizou este fórum em Resende, ainda mais porque receberá uma nova cadeia pública em breve, pois ainda há muita ignorância por parte das pessoas que não querem saber do que acontece em Volta Redonda, onde atuo”, cita Marlon.

Cláudia Motta criticou a falta de assistentes sociais em algumas das cadeias do Seap. “Nos estamos com oito unidades sem profissionais de Serviço Social, não se importam muito com os direitos sociais dos presos, acham que somente a segurança é suficiente para eles, e não é bem assim”.

Josiane também falou da importância do fórum para as famílias. “É o único momento que elas têm para dialogarem com aqueles que estão prestando serviços aos que estão cumprindo pena, precisamos mobilizar a sociedade resendense em torno do assunto, que elas adquiram cultura para discutir o tema, infelizmente temos que enfrentar essa realidade”, acrescenta, dizendo que em todo o Estado, o número de presos chega a 51 mil. O evento contou com mais de 65 pessoas e foi encerrado no final da tarde.

Membros da Pastoral Carcerária, ligada à Diocese de Barra do Piraí, mas que também atende Resende e região, além de participarem do fórum, também aproveitaram o momento para conhecer o trabalho do Mãos que Ajudam. “Nós da Diocese, quando encontramos parceiros dispostos a comprar essa ideia de ajudar aos detentos e suas família, acaba sendo uma conquista, ainda que não tivéssemos conhecimento do trabalho que esse projeto social faz em Resende”, respondeu o representante regional de Resende da Diocese, José Márcio Lopes.

PROJETO ATENDE MAIS DE 350 FAMÍLIAS
Graças a atuação de Josiane, empresários e até mães que não possuem filhos detentos se uniram a ela para fortalecer o projeto, que oferece informações sobre visitas e procedimentos, como adquirir a carteirinha, além de alugar 12 vans para transportar famílias de detentos aos principais presídios do Estado.

A verba para custear tudo isso é resultado de eventos que a fundadora promove na comunidade. Atualmente, o projeto atende a 357 famílias, que, além das viagens (conseguidas graças a um programa de apoio do município) recebem lanche, ganham cestas básicas e ainda contam com atendimento jurídico e psicológico.

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