O prefeito de Resende, José Rechuan Junior (PP) mesmo licenciado de suas atividades como médico na rede municipal tem autorizado troca de exames de ressonância magnética por tomografia computadorizada. O caso foi denunciado ao Ministério Público porque pode caracterizar fraude no fluxo de autorizações de exames e abuso do exercício da profissão por parte de Rechuan. Os exames, segundo denúncia recebida pelo BEIRA-RIO estão sendo trocados no gabinete do prefeito, e servidoras têm ligado para os pacientes marcando para fazer a tomografia no aparelho do Hospital de Emergência. “Uma senhora se recusou a fazer e disse que ia denunciar”, revelou uma fonte do jornal BEIRA-RIO que pediu para não ser identificada na matéria com medo de perseguição.
O contrato com o Hospital Samer, que fazia os exames de ressonância magnética, terminou no mês março e a Secretaria Municipal de Saúde não renovou (atualizado em 9/9 às 17h45) alegando a crise econômica, assim como de outros prestadores de serviço que complementam o atendimento médico no município. Com a crescente fila de espera, no lugar de contratar os exames, o prefeito decidiu trocar os exames e ele mesmo tem autorizado e assinado os pedidos, mesmo aqueles cuja especialidade é muito singular, como a neurologia.
Em nota, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Resende não respondeu o que foi perguntado, ou seja, porque o prefeito está trocando os exames e ele mesmo autorizando apesar de estar licenciado da rede municipal de saúde. A nota diz que “não houve troca aleatória dos exames”, de certa forma, a palavra “aleatória” admite a troca, e não podia ser diferente, já que o documento que o BEIRA-RIO teve acesso (preservamos a identidade e outras informação do paciente) mostra a assinatura do prefeito, o carimbo e o pedido original de médico neurologista e a autorização de médico auditor.
Afirma a nota: “A Prefeitura informa que não houve troca aleatória dos exames de ressonância magnétic
a por exames de tomografia computadorizada. E esclarece que cada pedido de exame de ressonância, considerado de alto custo, foi submetido à avaliação, por parte de uma equipe técnica, visando a elucidação do diagnóstico precoce, atendendo assim a casos de necessidade. Também é importante salientar que nenhum dos pedidos foram descartados, e que se encontram na Secretaria Municipal de Saúde”.
Demora para atendimento e transcrição com erro
Este mesmo documento revela que apesar do exame ter sido pedido no dia 8 de março deste ano e autorizado menos de uma semana depois, a realização dele só aconteceu em setembro. Um caso neurológico, ressonância magnética de crânio, cujo diagnóstico pode ser fundamental para reverter o quadro que o paciente apresentava. Como se isso não fosse muito grave, na transcrição para novo pedido de exame, agora de uma tomografia realizada no Hospital de Emergência, há um erro na palavra “desmielinização” que pode ser a possível causa do problema que o médico tentava investigar. A palavra virou “desmilização”. “Acreditamos que foi a secretária que tem ligado para os pacientes lá do gabinete que fez a transcrição e não o prefeito, ele só assinou e aí erros acontecem mesmo”, especulou a fonte ouvida pelo BEIRA-RIO.
Contrato vencido
O contrato com o Samer de nº 45/2014 previa cerca de 480 exames de várias modalidades de ressonância durante 12 meses a um custo de R$ 450 cada um, para exames eletivos e de pessoas internadas no Hospital de Emergência. Mas sem a renovação essas pessoas podem ter seu estado de saúde em risco, e protelado o tratamento adequado, principalmente se fizerem um exame no lugar do outro gerando uma sobrecarga sobre o equipamento e um custo que talvez não justifique o tratamento adequado ao paciente, sem falar na radiação ionizante que a tomografia provoca ao contrário da ressonância que não tem radiação. Ambos são exames de imagem e complementares.
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