
A idade faz com que apareçam algumas limitações de ordem sensorial, cognitiva e de locomoção, o que faz com que haja a necessidade de adequar a casa do idoso para que ele continue tendo autonomia para viver sozinho, em um ambiente seguro. A população brasileira está envelhecendo ano após ano. Segundo os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2013, no Brasil, haviam cerca de 15 milhões de idosos. A estimativa é de que essa população continue aumentando no país e de que, até 2060, hajam 56 milhões de idosos.
Com o aumento da população senil, novos tipos de preocupações começam a aparecer na sociedade, dentre elas os perigos que envolvem os acidentes domésticos. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 70% das quedas entre idosos acontecem dentro de casa. Sendo que 30% destes acidentes causam a morte do idoso e pelo menos 40% deixam alguma lesão grave, principalmente no cérebro e na medula. Além disso, como a pele do idoso é mais fina, um simples esbarrão em um móvel fora do lugar dentro de casa pode provocar algo mais grave na cútis.
Márcia Sena, especialista em qualidade de vida na terceira idade, explica que a idade faz com que apareçam algumas limitações de ordem sensorial, cognitiva e de locomoção, o que faz com que haja a necessidade de adequar a casa do idoso para que ele continue tendo autonomia para viver sozinho, mas com a garantia de um ambiente mais confortável e seguro.
Tapetes escorregadios, fios espalhados pelo chão, escadas sem apoio e trajetos mal iluminados podem implicar em riscos à integridade física dos idosos que vivem nessas residências. Foi pensando em prevenir acidentes domésticos entre os idosos que Márcia desenvolveu uma avaliação de Bem-Estar que inclui vistoria das condições de moradia, o bem-estar geral do idoso, gerando orientações para toda a família quanto a adequações necessárias na residência e orientações para o morador.
Segundo a arquiteta Rosana Gobetti, o profissional da área fica responsável por projetar e organizar espaços para melhorar as instalações físicas, contribuindo para um panorama arquitetônico mais humano, voltado para a funcionalidade, conforto, estética, bem-estar e inclusão social. “Tomamos cuidado de não ignorar o idoso como morador e usuário do espaço. É importante ver o idoso, considerar seu dia a dia, para poder realizar um bom projeto que se adeque às suas necessidades”, explica.
Após identificar barreiras físicas que possam acarretar possíveis transtornos para os idosos, o arquiteto, então, sugerirá uma série de adaptações como barras de apoio, rampas de acesso, piso antiderrapante e corrimãos, que podem ser executados posteriormente. “Todas as sugestões são pensadas com conceitos de sustentabilidade e tecnologia, seguindo as legislações pertinentes de segurança”, explica Rosana.
Para a designer Ulicéia Pereira, os principais riscos para os idosos que a equipe encontra durante as avaliações nas residências são desníveis não sinalizados, passagens entre os ambientes obstruídas por móveis, iluminação ineficiente, pisos muito lisos, tapetes e mobiliários com altura inadequada.
Para evitar acidentes graves, a equipe já fez adaptação em espaços para banho com barras de apoio, retirou tapetes como parte da decoração, ajustou a altura da cama e colocou travas no banheiro que permitam a abertura da porta tanto por dentro quanto por fora, na eventualidade do idoso se sentir mal ou sofrer uma queda.
Outra medida de segurança também adotada é rever a quantidade de móveis espalhados pela casa. Como os esbarrões e queimaduras estão em segundo lugar no ranking de causas frequentes de lesões entre a população mais idosa, é importante deixar apenas o mobiliário essencial –de preferência com as pontas arredondadas também para diminuir riscos de acidentes–, além de optar por fogões com acendimento manual.
Para quem tem um ente querido que vive sozinho, Rosana Gobetti e Ulicéia Pereira trazem dicas para adaptar a residência do idoso e transformá-la em um ambiente mais seguro:
1 – Evite tapetes – Para uma pessoa de mais idade, uma pequena queda pode resultar em problemas sérios de saúde. Evite manter tapetes nas passagens de casa, pois eles podem ser escorregadios e provocar acidentes. Quedas podem deixar os idosos com ossos quebrados, problemas cerebrais e até provocar mortes. Os tapetes até deixam os ambientes mais atraentes, mas trazem mais riscos do que benefícios.
2 – Mantenha os fios escondidos – Os fios dos eletrodomésticos e eletroeletrônicos também são uma fonte de preocupação, pois os idosos podem tropeçar. O ideal é mantê-los escondidos e juntos para não aumentar o risco de queda.
3 – Não comprometa a circulação – É interessante deixar os móveis de cada cômodo de um jeito que não obstruam a passagem dos idosos de um local para o outro. Remova as peças que não sejam usadas, pois menos é mais nesses casos.
4 – Tapete antiderrapante e barras de proteção – No banheiro, coloque tapetes e tiras adesivas antiderrapantes na banheira ou no chuveiro. Barras de proteção devem ser instaladas no box, bem como na região próxima do vaso sanitário.
5 – Atenção aos desníveis – Para diminuir os riscos de queda, elimine os desníveis da casa ou sinalize-os corretamente. Além disso, tome cuidado com os produtos usados na limpeza dos pisos. Procure não utilizar nada que deixe o chão ainda mais liso e escorregadio.
6 – Mantenha uma boa iluminação na casa – Como os idosos vão muito ao banheiro à noite, mantenha uma boa iluminação nesse percurso para diminuir os riscos de acidentes. Ter a cama da altura correta –que ele consiga colocar facilmente os pés no chão—também vai facilitar quando ele precisar levantar sonolento de madrugada.
7 – Deixe todos os produtos do dia a dia à mão – Não dá para colocar o pó do café em um armário lá no alto que, para alcançar, o idoso precisará usar uma escadinha móvel. Para evitar acidentes, é preciso deixar tudo que ele use com mais frequência em uma altura que permita seu manuseio.
Fotos: Reprodução da internet
Fonte: SEGS


