Os funcionários da Cruz Vermelha de Volta Redonda, que prestam serviço nos Programas de Saúde da Família (PSFs) de Resende realizaram uma manifestação para protestar contra a falta de pagamento na tarde desta quarta-feira, dia 18. Além do atraso no pagamento de abril, eles se mostram temerosos com o possível não recebimento de sua rescisão contratual, já que estão todos cumprindo aviso prévio.
– Ontem nos juntamos para conversar sobre a ausência de pagamento e resolvemos realizar a manifestação. São mais de 300 pessoas, entre técnicos de enfermagem, enfermeiros, agentes comunitários de saúde, dentistas, fisioterapeutas. Teve umas sete ou oito pessoas privilegiadas que receberam, contratos até mais novos, mas a maioria não recebeu – relatou uma servidora que, assim como outros colegas, preferiu não se identificar.
– Muitos de nós fizemos o concurso e passamos, alguns já chegaram a entregar os documentos antes mesmo de sermos oficialmente chamados, então temos medo de divulgar nossos nomes e isso nos prejudicar. Aqui só tem agentes comunitários de saúde, mas a situação atinge todo o PSF. Em cada um eles deixaram um enfermeiro, um técnico, um atendente e um dentista, que estão com contratos temporários. Os outros estão só cumprindo aviso e vão sair – ela explicou.
Como o BEIRA-RIO havia noticiado nesta terça-feira, dia 17, os salários do mês de abril deveriam ter sido pagos até o 5º dia útil de maio, o que não aconteceu. Além disso, segundo os servidores, alguns ouviram informações que dizem que as rescisões não serão pagas.
– Foi falado que não vamos receber nem a rescisão e nem o salário referente ao mês do aviso prévio. Nosso salário é pago com o que vem do Fundo Nacional de Saúde, que é um repasse do Governo Federal. Só que veio e eles pagaram os concursados, os terceirizados e não nos pagaram. Soubemos que depois do dia 26 devemos receber o salário de abril, mas que o resto teríamos que correr atrás – preocupou-se outra agente de saúde.
Segundo o grupo, oficialmente não foi comunicada uma data de pagamento, mas o que os deixa mais preocupados é a falta de informação.
– Nossa carteira é assinada pela Cruz Vermelha, mas tudo nosso é pela prefeitura. Atraso tem desde dezembro de 2014, e foi quando a prefeitura parou de falar com a gente. Demitiram gente grávida, com férias vencidas, encostados no INSS. A Cruz Vermelha fala que não recebeu o repasse e diz que não tem previsão de pagamento nem pro salário atrasado e nem para a rescisão. A prefeitura diz que aguarda o repasse do fundo nacional que sabemos que já aconteceu. Mas o que comentam é que falaram na prefeitura que vamos receber o salário de abril depois do dia 26 e que o resto é para cada um procurar seus direitos – relatou uma das manifestantes.
O grupo se reuniu no Calçadão do bairro Campos Elíseos batendo panelas, usando blusas de cor preta, nariz de palhaço e apitos e segurando cartazes. Entre os gritos de guerra, “Ô Rechuan, cadê você, eu vim aqui para receber”, “Olê, olê, olê, olê, eu vim aqui para receber” e “O prefeito está para Dubai e o pagamento nunca sai”, fazendo referência à viagem mais recente de Rechuan com sua família.
De lá, seguiram pela Ponte Tácito Viana, passaram pelo Mercado Municipal, Rodoviária e pararam na Praça da Concórdia. A população apoiou os manifestantes.
– Acho legal fazerem isso porque o município está com muitos problemas. Minha filha é surda e está sem intérprete no colégio. Sabia da situação porque uma amiga também não recebeu e acho injusto. Todo mundo precisa trabalhar e precisa receber também – comentou Rosimeme Valentim Miranda, que viu a manifestação passar enquanto estava na rodoviária.
Na reunião do Conselho Municipal de Saúde desta terça-feira, dia 17, o assunto já havia sido discutido. A conselheira Ana Lúcia Corrêa de Souza sugeriu que, caso o grupo tenha problemas com a rescisão, que recorra ao Ministério Público do Trabalho. Na manhã do dia 18, a secretaria municipal de Saúde havia dito que estava tentando realizar os pagamentos ainda nesta semana. No entanto, os funcionários não sabiam se a informação era verdadeira ou apenas uma tentativa de evitar a manifestação, que já estava marcada.