Convite para ver a roseira

As flores duram o tempo das flores. Há algumas que sobrevivem a um mês inteiro; há outras que vão ficando na ponta da haste, mas só se abrem durante o dia; há também aquelas inclinadas ao frescor noturno para o qual se perfumam como cortesãs damas da noite. E aqui, no meu quintal, há uma roseira de rosas vermelhas, carnudas e indiscretas como os lábios pintados da moça que se arruma para o momento de festa.

Metáforas a parte, essa crônica deseja convidar a todos para virem apreciar a roseira. Ela fica a frente da casa verde onde habita o cronista. Está do lado de dentro da cerca – próximo ao relógio medidor de energia elétrica-, entretanto lança para a calçada os galhos de cujas pontas estoura a vermelhidão das rosas. De modo que se no ato da visita a casa estiver vazia as flores poderão ser apreciadas sem qualquer prejuízo aos olhos.

Para maior facilidade quanto à localização não há o que errar: o bairro ainda tem mais verde que concreto ou flores. Assim quem aponta no início da minha rua é imediatamente atraído pela roseira em sensual destaque. Devo lembrar a todos que ontem estavam lá as flores e hoje continuam. E, pelos botões que ainda não abriram, creio estarão também amanhã e depois.

Eu sei que a vida moderna do homem moderno é cheia de contratempos, compromissos e utilidades. No entanto, tentem não demorar a fazer essa visita à roseira vermelha da casa do cronista. Pois as flores duram o tempo das flores. E o convite está mais que feito.

Rafael Alvarenga
escritor e professor de Filosofia
www.blogspot.ninhodeletras.com

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