Caçamba deixada pela prefeitura preocupa moradores da Morada da Montanha

dentroO final da obra de uma unidade de Saúde é sempre um momento de expectativa para os moradores do entorno, mas não é esta a sensação com que os moradores da Rua Carlos Monteiro, no bairro Morada da Montanha, em Resende, podem se descrever. Isso porque desde a etapa final da obra da clínica da família, no bairro, há três meses eles passaram a conviver com duas caçambas em que já foram depositados animais mortos e que constantemente apresenta focos do mosquito da dengue.

— Vai fazer três meses que a caçamba está lá, porque deixaram antes do Natal, e ninguém tira. Já tinha feito contato com a prefeitura pedindo para eles tirarem, mas ninguém tira. Liguei direto para o Fernando Quirino, da secretaria de Obras, mas ele me falou que estava de férias e que não poderia fazer nada, que era para eu ligar para o Celso Dutra, ouvidor. Mandei mensagem para ele e ele mandou tirar foto. Tirei, mandei e nada. Só respondeu ok e ficou por isso mesmo, e foi antes do Carnaval – lembrou Keyner Assumpção, um dos moradores da rua.

Ele lembra que as caçambas foram colocadas no local para levar os entulhos da obra e não foram mais retiradas. O primeiro problema causado por elas foi o estímulo às pessoas jogarem objetos e até um animal morto.

— Jogaram um animal morto ali e a catinga estava insuportável. Foi quando começamos a acionar a prefeitura. O animal apodreceu, sumiu, “derreteu”, e nada. Disseram que a prefeitura não pagou a caçamba e por isso a empresa não tira. Depois começaram as chuvas e como chegaram alguns equipamentos para a clínica e jogaram as embalagens fora, elas ficaram com água parada da chuva e apareceram focos de dengue. O vigia da obra chegou a tirar da caçamba um copo cheio de larva. E isso é o que está por cima, a água entra e não quero nem pensar no que tem no fundo da caçamba, que a gente não vê – alertou Assumpção.

Os vigias Cléber Henrique e Anderson Adalberto, que tomam conta da construção, confirmaram a história e acrescentaram que não foi apenas uma vez que larvas que podem ser do mosquito transmissor da dengue, chykungunya e aedes aegypti foram retiradas das caçambas.

— Eles não pagaram a caçamba e ela ficou aí. Já jogaram bicho morto, mas ficamos mais lá dentro que aqui fora e deu para agüentar. Os moradores já reclamaram, mas não resolveu. De vez em quando a gente dá uma olhada por cima, encontra copo com larva e vira, mas é complicado porque o pessoal está jogando até o lixo das casas aqui – comentaram os dois.

Como a rua é estreita, as caçambas também atrapalham os moradores da outra calçada a estacionarem seus carros nas garagens e saber se carros serão impedidos de estacionar no local é outra preocupação dos moradores sobre quando a unidade ficar pronta.

— Se não colocarem uma placa de “não estacione” onde estão as caçambas, ou uma guia pintada de amarelo, vamos ter um problema maior, porque a rua é estreita, não dá para parar carro dos dois lados como está a caçamba. Poderiam aproveitar o terreno ao lado, que é da prefeitura, para fazer de estacionamento, e ainda ajudaria a deixá-lo limpo – comentou Daniela Codelo.

Sobre o terreno, moradores também relatam que ele ficou sujo e com mato alto durante a obra, mas que recentemente uma máquina realizou uma limpeza.

— Essas caçambas atrapalham um pouco a manobrar. Para mim não é tão grave, mas outros moradores têm bastante dificuldade. Aquele terreno ao lado estava mais sujo também, mas tem um mês que uma máquina passou por ali e tirou o grosso, mas ainda não está completamente limpo. Só acho que não faz sentido todo mundo falando sobre a luta contra o mosquito e a própria prefeitura deixar essas caçambas, o terreno como estava e até os buracos da rua. Um deles estava aberto há mais de um ano sem ninguém fazer nada – avaliou o morador Anderson Silva.

Os buracos a que ele se referiu foram abertos na rua durante a obra da clínica da família. Embora o local tenha sido um dos bairros mais recentes da cidade a receber asfalto, ele começou a ceder durante a obra. Consultando pessoas que conhecem de obras, os moradores foram informados que o manilhamento foi feito de forma incorreta e, por isso, algumas manilhas quebraram com a passagem de caminhões que participaram da obra da clínica, fazendo com que os buracos fossem abertos.

— A água acumulava na esquina e aí fizeram a obra de manilhamento, mas acho que não concluiu. Aqui em Resende eles começam e não concluem e voltou a empoçar água. O Keyner reclamou mais de um ano do buraco e eles colocaram pedra, tem é que asfaltar – opinou Silva.

— O que ficamos sabendo é que fizeram o manilhamento e colocaram uma caixa de concreto no final da rua, mas que tudo isso deveria estar a 1,5 metro de profundidade e está a 50 centímetros. Também tem que ter uma base de areia e está direto no barro, aí a manilha afunda. E quando passaram os caminhões pesados para a obra a manilha não aguentou, quebrou e abriram os buracos. Pedi para arrumar em abril e só arrumaram em agosto, mas não asfaltaram de novo, só jogaram pó de pedra e já saiu quase tudo. Foram que fizeram o bueiro mais alto que a rua, não tem caimento, eu é que fiz uma canaleta para a água escoar para o bueiro – acrescentou Assumpção.

A empresa Papa Entulho, que deixou as caçambas no local, foi procurada pela equipe do jornal BEIRA-RIO e confirmou que não recebeu pelo pagamento pelo serviço de recolhimento de entulho. Mesmo assim, uma funcionária de nome Elen, afirmou que conversaria com o dono da empresa para que a caçamba fosse retirada o quanto antes, mas antecipou que se a matéria fosse publicada processaria o jornal.

Já a Prefeitura de Resende negou qualquer responsabilidade sobre a obra, dizendo que “não tem caçambas e também não deixou caçambas no local” e que “sobre a obra da Clínica da Família, as perguntas devem ser encaminhadas para o Governo do Estado, responsável pelos serviços”. Mesmo assim, informou que “a Fiscalização de Posturas vai enviar uma equipe para notificar o proprietário” e que “vai estudar a inclusão da rua no cronograma de tapa buracos da cidade. Em relação à obra de manilhamento, ela foi realizada antes da atual gestão. A Prefeitura já realizou uma correção e acompanha o problema”. Sobre o terreno ao lado, não se manifestaram. Já o Governo do Estado foi procurado, mas ainda não havia respondido até o fechamento desta edição.

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