“Uma verdadeira organização criminosa”

É da forma acima que o Ministério Público Estadual (MPE) se referiu ao esquema de fraudes em licitações que culminou na prisão de quatro servidores do Legislativo de Resende, além de cumprimento de mais de 20 mandados de busca e apreensão. Chamada de Betung, “fraude”, em alemão, a operação culminou do afastamento dos vereadores Jeremias Casemiro, o Mirim (Solidariedade); Kiko Besouchet (PP) e Bira Ritton, que atualmente cumpre funções no Executivo à frente da Secretaria Municipal de Governo.

Três servidores suspeitos, o consultor de Economia e Finanças da Câmara, Ricardo Abbud de Azevedo; a consultora de Planejamento e Recursos Humanos, Cristiane de Andrade Rodrigues Kleina;  e Marco Aurélio Azevedo Viana foram presos em Resende e levados para a delegacia de Volta Redonda. Mais tarde, o controlador-geral Crystian Guimarães Viana foi preso no Rio de Janeiro. O procurador-geral da Casa, Eduardo Bernardelli Barbosa, está em viagem  para os Estados Unidos e por isso é considerado foragido.

O BEIRA-RIO teve acesso à decisão do juiz Hindenburg Kohler Brasil Cabral Pinto da Silva, do dia 26 de outubro, dada a partir dos documentos apresentados pelo promotor do Ministério Público Estadual (MPE), Fabiano Cossermelli de Oliveira, e nela são mencionadas várias fraudes. Além do uso de três empresas inexistentes para vencer as licitações e, posteriormente, não prestar os serviços e receber por eles, há também fraudes em notas fiscais para pagar serviços de comunicação não prestados.

“A quadrilha também fraudou notas fiscais de serviços não prestados adequadamente no bojo de contratos de publicidade firmados entre a Câmara Municipal de Resende e as rés CLG Gama Comunicações Ltda, representadas por seus sócios Arlene Linhares Machado e Levi Gama, e Duelo Comunicação Total Ltda, representada pelo sócio Geraldo André Maciel Costa, viabilizando outros desvios de recursos públicos”, menciona um trecho da decisão.

Segundo o documento, o esquema teria começado em 2011 e foi se tornando cada vez mais complexo, adquirindo o que o MPE chama de profissionalização.

“A citada organização delituosa iniciou-se na presidência de Kiko Besouchet (2011/2012), mas instalou-se de forma mais estruturada e hierarquizada a partir da gestão dos presidentes da Câmara Ubirajara Ritton (2013/2014) e Jeremias Casemiro, vulgo Mirim (2015), ora denominados primeiro escalão, os quais tornaram viável a profissionalização da quadrilha através da nomeação estratégica de seus membros para cargos comissionados relacionados às licitações e liberação de verbas, em contrapartida ao seu beneficiamento com parcela do produto deste esquema”, acrescenta.

Por fim, o documento pede o afastamento da Câmara dos três vereadores, dos servidores com mandado de prisão decretado, do pregoeiro  Ivan Fonseca Marinho Junior, de Helenice da Silva Barreto, de Terezinha da Glória Dias, Mauro Ferreira Nunes e Leandro Macedo Rodrigues; a suspensão da possibilidade de as empresas Fox, Ômega e Lótus contratarem com o Poder Público de qualquer município; a indisponibilidade de bens dos 25 nomes de pessoas e empresas mencionados como réus do processo, tendo por exceção a Câmara de Resende, até o valor de R$ 880.583,60, que é o que o órgão calcula que tenha sido o prejuízo do erário público; e a busca e apreensão de bens, valores e provas nos endereços de todos os acionados, bem como gabinetes e salas da Câmara de Resende onde eles trabalhem.

Na sessão ordinária da Câmara Municipal realizada na noite do dia 29, nenhum dos vereadores presentes tocou no assunto. Embora tenham faltado apenas os vereadores afastados, a sessão foi rápida, sem longas discussões, e se encerrou em uma hora. A assessoria de comunicação da Casa Legislativa informou que os advogados dos vereadores e servidores já entraram na Justiça tentando recursos para reverter as prisões e afastamentos e que, por isso, não foi levantada a possibilidade de substituições.

O local está em recesso nesta sexta-feira, dia 30, devido à troca do feriado do servidor público, e na segunda-feira, dia 2, devido ao feriado de finados. Na terça-feira, quando as atividades serão retomadas, uma nova reunião será realizada para definir como se dará a administração do local. Por enquanto, a única mudança é a da vereadora Soraia Balieiro (PSB), que irá presidir a Câmara até a reunião de terça-feira.

Leia também uma matéria especial no jornal BEIRA-RIO.

Você pode gostar

10 thoughts on ““Uma verdadeira organização criminosa”

  1. Este tal de Mirim já é velho conhecido dos trabalhadores da Volks , alias foram eles que o elegeram , mesmo todos sabendo que ele cresceu na vida vendendo acordos nas negociações salariais na Volks, olha no que deu , ladrão não para , da um tempo.

  2. Não acredito que o Bira Ritton esteja envolvido, Bira sempre foi um exemplo de caráter e dignidade um pai exemplar e um profissional do mais alto gabarito, foi eleito inúmeras vezes vereador de Resende e sempre lutou pelo desenvolvimento da cidade.

    Bira, forte não é aquele que nunca vai cair, é aquele que sempre vai conseguir se levantar.
    O povo de Resende está torcendo por você, tudo vai ser esclarecido.

  3. Eu sempre soube que a função dos vereadores era de fiscalizar, trabalhar em prol da cidade e de seus moradores e o que vemos é exatamente o contrário, a cidade tendo vereadores que não foram eleitos te representando, pois o prefeito que era para ser fiscalizado, dá uma secretaria para o vereador eleito pelo povo para puxar o suplente que lhe interessa e ainda tem mais, existem vereadores que abrem ou já tem alguma empresa para prestar serviço para a prefeitura. Não dá certo, acaba que quem deveria investigar o prefeito passa a comer na mão dele e a população só se dá mal. Falei.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O limite de tempo está esgotado. Recarregue CAPTCHA.