A saída do deputado Glaucio Julianelli do PSOL e entrada no Rede Sustentabilidade, partido recém-criado, mas já conhecido por ter como protagonista a ex-senadora petista Marina Silva, despertou ideais adormecidos e teses conspiratórias sobre o futuro de Resende, já que Julianelli hoje representa a alternativa mais viável para fazer frente aos desmandos do governo do prefeito cassado, José Rechuan Junior (PP).
A turma do Rechuan quer porque quer associar a imagem de Julianelli à falta de credibilidade, de ética ou coisa que o valha. Querem derrubar a “aura de bonzinho e certinho” como alguns do governo costumam falar, mas se esquecem que Julianelli não tem nada a perder muito diferente de Rechuan e alguns que o cercam que ao longo desses quase oito anos. Alguns já podemos perceber o desespero com a proximidade do fim do governo ou mamata, como dizem uns e outros por aí. O fato de Julianelli ter ido para o Rede Sustentabilidade e levado ainda o colega de partido, deputado Paulo Ramos criou de certa forma uma blindagem a este tipo de crítica. O próprio PSOL deverá lamentar ou se mostrar surpreso, mas desejará boa caminhada para ambos. Se Daciolo que tirou foto abraçado com Bolsonaro e defendeu os policiais acusados de fazer desaparecer Amarildo teve reconhecimento de seu mandato, porque Julianelli não terá? Logo, tentar desqualificar o deputado por isso é no mínimo mais um tiro no pé do povo de Rechuan.
É bem verdade, que a comunicação do deputado Julianelli anda sofrível. Até hoje Resende aguarda sua prestação de contas, que o Buraco do Lume assistiu. Falta uma agenda para o município que o deputado pretende ser prefeito, suas possíveis alianças ainda estão no campo da especulação e seu esclarecimento sobre a saída do PSOL veio depois que a mídia noticiou, ou seja, seu eleitor e possíveis eleitores querem e/ou precisam de mais proximidade. Isso hoje faz toda a diferença.
Mas na minha visão, a atual conjuntura perdoa esses “pecados” do deputado e o coloca como a melhor opção – das que se apresentaram até agora – para fazer frente a esse desastre que se tornou o governo Rechuan. O descaso com o cidadão é tão flagrante e tão vergonhoso que em 2016 o expurgo será necessário de forma a não deixar vestígios do que hoje se apresenta, do contrário estaremos sepultando não só a cidade, mas a dignidade que nos resta. Chega de zumba, chega de tripudiarem sobre a carência dos mais humildes e chega de desfaçatez. Não podemos correr mais riscos, não devemos mais errar.
Sabemos que às vezes ou quase sempre o poder muda as pessoas, corrompe seus ideais e estabelece uma relação de toma cá, dá lá. E que também, geralmente, os abusos grassam porque acreditamos que nosso papel se resume a tecla “confirma”, quando de fato, precisamos nos empoderar e nos apropriar dos mandatos daqueles que elegemos; acompanhar, fiscalizar, cobrar ações efetivas e em prol da população. Por que isso é tão difícil?!
Resende promete para 2016. Pelo rascunho que se esboça já temos uma ideia que será um daqueles anos eleitorais chapa quente. Oxalá, entre baixarias e estratégias marqueteiras, salvem-se quase todos e haja uma renovação tanto no Executivo quanto no Legislativo deste município. Sonhar e votar ainda podemos!
Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
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