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O Bairro Lavapés

Manter o conjunto arquitetônico histórico, isto é, as características arquitetônicas, históricas e culturais, aí, sim, justificam chamar todos estes imóveis como patrimônio histórico, só o que vemos são casarões em ruínas, abandonadas pelos seus proprietários, sendo que, o poder público não toma qualquer atitude para mantê-los vivo. Vejam, como se encontra um de nossos maiores conjuntos arquitetônicos de nossa cidade – Praça Oliveira Botelho – Cinema Vitória , Antigo supermercado Netinho, Bar do Bilhar, as duas casas adjacentes, todos abandonados. Não podemos deixar de falar no crime maior que foi a derrubada do Cinema Central, Hotel Central, a estação de lotações (como se chamava os ônibus de antigamente), o casarão onde hoje se encontra a Câmara de Vereadores e muitos outros mais. A própria modificação da Praça Oliveira Botelho. Se, vocês vierem para o Bairro Lavapés, onde 18 residências foram tombadas pelo Decreto nº. 145 de 18 de agosto de 1999, feito pelo então prefeito Dr. Eduardo Meohas, na Rua Eduardo Cotrim, 05 (cinco) delas já não existem mais, restando 13 (treze), dessas 08 (oito) já perderam as características antigas – foram modificadas – restando então apenas cinco casas que apresentam alguns resquícios de nosso passado. A Santa Casa e o Colégio Sagrado Coração já não mantêm o padrão arquitetônico antigo, tendo sofrido algumas modificações, portanto, no meu entender, só restaram os paralelepípedos, mesmo assim, já faltando em alguns lugares. Com o passar desses anos todos, nenhum órgão público se preocupou em manter o patrimônio histórico de nosso município, ninguém falou das modificações, das ruínas, das mudanças que ocorreram, ou seja, nenhuma atitude foi tomada para que se mantivesse vivo, entre nós, a História de Resende. Hoje, algumas pessoas ficam a esbravejar contra as mudanças ocorridas em nosso bairro, que muito pelo contrário, vai ajudar estas casas antigas, que tem sofrido com o abalo desse trânsito que por aqui tem passado: carretas, ônibus, caminhões e outros mais.

Nos centros históricos existentes, é proibido o tráfego de veículos para não prejudicar, não abalar, as estruturas dessas residências antigas. Porque a modernização pode chegar a outros bairros e quando estão lembrando de que o bairro Lavapés existe – muitos anos esquecidos – não podemos receber melhorias? Porque algumas pessoas lembraram que a nossa querida Resende começou por aqui? Que nossa história teve início na Rua Padre Manoel dos Anjos? Que o bairro Lavapés é patrimônio histórico? Que nele existem casas que foram tombadas e, não preservadas? Que nossa querida Associação Operária, está agonizando, pedindo ajuda e, nada se consegue fazer para mantê-la viva – como uma sobrevivente de nossos antepassados? Há! História, como é difícil mantê-la viva, na modernidade. Eu adoro meu passado, todo ele vivido neste bairro, cheios de tradições, que o diga meu amigo Jorge Vieira, artista, sonhador como eu, ás vezes nos vemos sentados, falando do passado. Nostalgia pode ser. Saudades dos amigos, das brincadeiras de criança, que hoje não existem mais. Do muro da Santa Casa, onde muitas vezes nos escondíamos, em brincadeiras. Do Mercado do Sr. Mendonça. Da loja do Sr. Macedo. Do Matadouro. Do velho Tuta, com sua carrocinha de churrasco. Da Tinturaria. Do tanque comunitário, que existia na linha do trenzinho, com os moradores lavando suas roupas. Da Escola de Samba do Baçu. Do Cinema Central, do Hotel Central, da Delegacia, com seus presos entre as grades. E, muito mais. Hoje são outros tempos. O mundo moderno chegou. Precisamos nos revitalizar com a modernidade que está chegando. Precisamos aceitar, mesmo contra nosso gosto, as modificações que estão por vir. Manter o conjunto arquitetônico de pé, mesmo com a modernidade que está chegando, é nossa obrigação. Mas, como fazê-lo?

A grande maioria de nossa comunidade está a favor das mudanças, que estão por vir. A comunidade foi consultada, participamos de duas Assembleias Gerais, onde todas as mudanças foram colocadas em pauta, sem que houvesse qualquer manifestação contra, portanto, nada está sendo feito sem que nossa comunidade não tenha conhecimento. O mundo novo é isso. O que há de se fazer? Apenas ficar olhando as mudanças?! Lembrar o passado, viver o presente e, sonhar como será o futuro de todos nós. Obrigado comunidade, por estar sempre presente, por estar opinando, por estar participando de um bairro melhor para se viver, apesar da modernidade.

Obrigado.

Carlos Henrique Maduro da Silva
Presidente

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