Na última semana, no pátio da prefeitura, no calçadão de Resende e nas redes sociais o assunto foi o PT. Não a organização do movimento contra o partido e a presidenta Dilma, que alguns CCs do prefeito cassado, José Rechuan anunciam, isso até é compreensível já que o “patrão” foi um dos poucos prefeitos na região a apoiar o candidato do PSDB, ainda que o PP (partido do prefeito cassado) seja base do governo federal. Mas o Partido dos Trabalhadores tem sido assunto porque o mesmo prefeito cassado quer, segundo os mais próximos, “dar o tiro de misericórdia” no PT no município.
O desempenho vexatório da última eleição, em que o serventuário Rogério Coutinho se aventurou, – ainda que alertado por integrantes do partido -, como candidato a deputado estadual levou o partido a um desgaste ainda maior. Para não assumir o equívoco e pior ainda, reconhecer a proposta de reestruturação necessária ao partido e que ele próprio poderia ter conquistado, Coutinho deixa o PT em busca de novos caminhos. Sorte e mais votos nesses novos caminhos é o que desejo. Mas impossível deixar de observar que o trabalho de Coutinho iniciado no último processo de eleição direta do partido, onde conseguiu eleger seu sucesso, o professor Elon Viana garantiu a resistência às ofertas do prefeito para que o partido integre o governo.
Integrar o governo é usar eufemismo, porque na verdade, o governo quer anular definitivamente o PT na cidade e claro, ter o tempo de TV na campanha de 2016, único bem de vantagem eleitoral que pertence ao partido. Algumas pessoas podem usar do escárnio e disparar: “anular o que não existe?”. Existe sim. Tanto que o cassado Rechuan insiste em oferecer uns carguinhos, uma secretaria ou outra, provavelmente aquelas cuja previsão orçamentária se compara ao investimento numa carrocinha de cachorro quente, sem a salsicha claro. E assim, aí sim, aniquilar o partido no município. É assim que penso. É assim que vejo.
Agora, vamos ser sinceros? Quem na verdade quer aniquilar com o partido não é o cassado prefeito Rechuan, mas os petistas encantados com a possibilidade da proximidade do poder, ainda que este poder tenha em sua base dezenas de denúncias, dezenas de processos de improbidade, recentes denúncias de corrupção e uma cassação. Parece pouco? Para alguns sim. O PT em Resende deverá decidir nos próximos meses que força política se aliará para 2016, porque não existe dúvida, que a corrida eleitoral já começou, a dança das cadeiras no Legislativo, as articulações dos secretários municipais filiados a outros partidos que tentarão certa independência e por aí vai.
O PT em Resende é oposição ao governo Rechuan. Esta decisão foi tirada em plenário e desde 2013 vem sendo ratificada. Como filiada entendo que a oposição não é apenas para ser oposição, mas sim por entender que não é possível participar de um governo que sempre se mostrou elitista, à margem das reais necessidades da população que tem um déficit habitacional absurdo, cujo sistema de saúde ainda carece de investimentos importantes de abrangência e regulações, uma descontinuidade no atendimento social seja de famílias, seja de crianças e adolescentes que levaram e continuam levando ao aumento da violência seja físico, estatístico ou moral. As promessas de campanha (2008) de Rechuan, que inclusive me fizeram apoiá-lo estavam todas baseadas no resgate dos direitos dos cidadãos resendenses, na revisão de concessões de serviços e enquadramento em prol da sociedade, dos trabalhadores e das pessoas mais pobres. Nada disso aconteceu.
O compromisso de Rechuan está nos contratos milionários de serviços de quinta categoria que podemos constatar na cidade e que vários são questionados na Justiça, Tribunal de Contas do Estado e Ministério Público; na cooptação de associações e movimentos populares com oferta de cargos “cala-boca”, onde foi necessária a intervenção do Ministério Público, assim como personalizar obras e até material escolar num completo deboche às normas constitucionais da impessoalidade. E por fim, sem esquecer que muitas outras razões podem ser elencadas, na prática, como até os que compartilham com ele das risadas lembram, de tornar tudo um grande balcão de negócios.
O PT/Resende é oposição ao governo municipal, mas um grupo quer discutir deixar de ser. Está também discutindo com outros partidos e lideranças como o deputado Glaucio Julianelli (Psol), o vereador Luis Fernando Pedra (PDT), PC do B, PSB, vereador Bira Ritton e filho Sandro Ritton, o médico Diogo Balieiro, o ex-prefeito Silvio de Carvalho, entre outros. Pois é… muita conversa… muita conversa para definir se o PT na cidade deixa de ser apenas o partido com tempo de televisão que insiste em não se aliar a outras forças políticas, se na possibilidade de aliança levará em conta a dignidade e a ética dessa frente ou se chutará o balde e será mais um, apenas mais um a compor o governo que passados cinco anos no poder consegue acumular um déficit moral muito maior que todos seus antecessores. A questão ética e moral, assim como a transparência podem parecer pouco para muita gente, mas ainda é e serão o contraponto de toda essa patifaria que prioriza a ganância e o poder do vil metal.
Ana Lúcia
jornal BEIRA-RIO
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