QUEM PENSA? SOS para Hospital de Emergência!

Se eu for vítima de algum acidente me leve para o Hospital de Emergência. Repito esta frase todas as vezes que cito a referência e a excelência a que se propõe o Hospital de Emergência Henrique Sérgio Gregori, cujo nome o atual governo – não se sabe bem as razões – nunca cita de forma completa. Mais conhecido apenas por Hospital de Emergência, essa importante unidade hospitalar tem passado por situações preocupantes, chego a afirmar que está numa crise e em boa parte pela falta de habilidade do governo municipal em dialogar com os servidores, além é claro, do excesso de cargos comissionados pouco familiarizados com as questões hospitalares. E ainda, a falta de cumprimento de normas básicas como as preconizadas pela CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar) A CCIH tem o objetivo de prevenir e combater a infecção hospitalar. Ou será que governo, secretaria de Saúde e direção do hospital não levam em consideração tais normas imprescindíveis à qualidade do trabalho e atendimento à população? Não posso crer, afinal prefeito, secretário e diretores médicos devem ser os primeiros a exigir tal qualidade.

Mas se é assim, o que justifica, por exemplo, a falta de toucas e uniformes na grande maioria dos servidores – alguns fazendo uniforme com seu próprio dinheiro – assim como, o uso constante de celulares durante o horário de trabalho? Este fato, gerando insatisfações e até brigas, como a que aconteceu no final de semana passado.

Isso mesmo. Infelizmente uma gesseira que preferiu o celular ao atendimento adequado à uma acompanhante de paciente recém-operada chegou às vias de fato, ou como preferiu definir o secretário de Saúde, Daniel Brito, ao “enfrentamento físico”. Um absurdo. Inadmissível. Fico imaginando que se medidas enérgicas uma apuração rigorosa do fato não ocorrerem, amanhã terá servidor enfrentando fisicamente não apenas o usuário do SUS, mas o próprio secretário, quiçá, o prefeito.

O uso de celular e redes sociais no serviço público virou um sério problema, mas na Saúde isto não pode ser admitido sob o risco não apenas do mau atendimento, mas principalmente pelos riscos de infecção, afinal esse raio de celular que acompanha todo mundo atualmente, em todos os lugares – do banheiro ao refeitório – é um agente de transmissão de doenças e pelo jeito, no Hospital de Emergência também de brigas.

A paciente que estava aguardando uma ambulância, recém-operada, mas de alta, começou a passar mal vendo sua acompanhante na briga e vomitou; outras pacientes choraram e ficaram muito nervosas. A Polícia foi chamada e logo o corporativismo tomou conta da situação, querendo responsabilizar apenas a acompanhante pela confusão. O secretário Daniel Brito informou que a servidora foi afastada e que uma sindicância interna já acontece sob a responsabilidade do departamento jurídico do Hospital de Emergência. Esperamos realmente o rigor nessa apuração, mas também uma reflexão, seguida de medidas que minimizem a insatisfação crescente também dentro do hospital. Tudo bem, que o pessoal da saúde não é obrigado a entender de endomarketing, mas já passou da hora de negligenciar o clamor dos servidores por melhores condições de trabalho e principalmente salariais.

A falta de dinheiro já anunciada pelo governo municipal, que levou inclusive à determinação de redução dos gastos das secretarias em pelo menos 20%, é uma realidade de um governo que deixou de priorizar questões sérias como a saúde e a educação para criar marcas governamentais recheadas de caquinhos coloridos e passarela inútil, entre outras ações que gastam o dinheiro público sem cerimônia e sem necessidade.

Estou como presidente do Conselho Municipal de Saúde e como tal não me furtarei em fazer que os assuntos públicos ganhem a relevância que precisam. Tenho que destacar que o secretário de Saúde tem sido correto ao disponibilizar não apenas para o Conselho, mas para qualquer cidadão, as informações que dizem respeito à saúde no município. Postura que não encontramos em outras secretarias e nem por parte do próprio prefeito que tenta calar até sindicato (leia matéria nas páginas 11 e 12). Também acredito que dr Daniel Brito enfrente, até mesmo dentro de sua Secretaria, resistências para que as coisas aconteçam sem o véu da obscuridade e sem o ranço cultural do “deixa do jeito que está” ou ainda dos que acreditam que estão acima do bem e do mal.

Acompanharemos o resultado desta sindicância e tornaremos pública, na tentativa de evitarmos novos episódios como este do Hospital de Emergência, mas o problema desta importante unidade hospitalar, dotada de profissionais muito competentes e de importância ímpar para o município, vai muito além da apuração de uma briga. Penso, que ou a direção do hospital ouve os servidores e começa um diálogo aberto e sincero e faz valer as determinações e normas de segurança e de controles ou corremos o risco de figurar nos telejornais que mostram as mais terríveis mazelas dos hospitais existentes no Brasil. Queremos isso? Eu não!

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
presidente do Conselho Municipal de Saúde
analucia@jornalbeirario.com.br

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