Cara Editora
Parabenizo-a pela edição acima mencionada, com destaque para o denúncia da Creche. Muito apropriada e corajosa.
Também aplaudo outras duas: Os números da Dengue em Resende (que ninguém publica e a Obra na rua Cônego Bulcão que pode afetar o palecete.
Mas, com relação a essa última (Obra), faço um comentário a respeito dos dados históricos sobre o Palacete, que, entendo, merecem reparo:
1- O Palacete não foi construído pelo Padre Marques, mas sim pelo Comendador Antonio de Paula Ramos, que também construiu a Fazenda do Castelo.
2- O padre Marques, não imprimiu o primeiro jornal de Resende naquele prédio, mas sim na casa paroquial da Igreja Matriz, onde ainda
hoje se encontra, na esquina da Praça do Centenário com a rua XV de Novembro.
Fontes: Sobre o palacete e o Comendador Dr. Antonio de Paula Ramos: http://migre.me/oEWfi (Vide página 8 do PDF)
Sobre o Padre Marques e o jornal “O Gênio Brasileiro”: Notas Genealógicas de Vigários e Padres de Resende – 1973 – Itamar Bopp
Certo de estar colaborando, envio meu Forte Abraço e…
Namastê,
Fernando Lemos
Sra. Editora,
Manhã de terça feira, desperto as 7 da manhã, ainda a tempo de tomar café com pães quentinhos, na padaria da esquina, onde seu Nelson, o proprietário, todos os dias relembra com saudade seus dias de juventude na terna Santa Maria da feira, onde moço e poeta, o audacioso galego, experimentou os primeiros encantos e sabores do amor, com ênfase grandiosa para o encontro, também na mocidade, com dona Teresa ,linda morena de Gondomar, que prendada e cheia de encantos se apropriou de teu coração lusitano e até seus últimos dias de existência, acrescentou sabor e cor à vida do velho português.
Volto pra casa ,ainda a tempo de ouvir o Boechat lastimar a corrupção e deplorar o carcomido Congresso Nacional, ajusto sem muita precisão o nó, sempre disforme da gravata azulada. Pronto, caminho até a estação do metro e embarco num vagão lotado de gente com muita pressa, abarrotadas de compromissos urgentes e inadiáveis .
Finalmente desço na estação carioca, as escadas vão rolando até me deixarem na calçada que me levariam ao ritmo alucinado do centro da cidade, mas, ao desviar meu olhar para o cantinho esquerdo da saída da estação ,avisto uma desajeitada pedinte, com uma criança no colo, tenho a impressão de ser alguém que conheço, a criança se destaca por uma vivacidade contagiante, surpreendentemente muito sorridente, como se entendesse o mundo todo feito de pessoas boas , disponíveis, a qualquer instante para solidariedade universal .
O sorriso claro e aberto daquela menininha, que em seus poucos meses de existência, ainda celebra a vida com um sorriso tão contagiante, quanto difícil de perceber nas crianças que freqüentam os shoppings e as Disneylândias modernas, não só me chamou a atenção, como obrigou meus passos a caminharem na tua direção.
Para meu espanto e surpresa a mãe da menina, eu realmente conheço, trata-se de Carol , a famosa Carolzona, menina que conheci no abrigo casa da acolhida, Carol teve sua vida institucionalizada muito cedo, muito antes do então Presidente Lula sancionar a lei 12.010/09, que diminuiu um pouco o drama e a morosidade no cuidado com crianças e adolescentes acolhidos, para melhor explicitar o que estou falando, digo apenas que antes da vigência desta lei, não se tinha a noção exata a respeito da frequência com que as reavaliações dos casos de crianças e adolescentes acolhidos deveria ocorrer na Justiça da Infância e da Juventude .
Sem a obrigação legal de reavaliar periodicamente os casos que lhes eram trazidos, alguns magistrados chegavam inclusive a determinar o arquivamento de processos – mesmo quando crianças ou adolescentes ainda se encontravam em situação de acolhimento. Tal quadro somente era minorado quando as instituições encaminhavam seus relatórios de acompanhamento, o que podia levar meses a mais.
Hoje essa análise deve ocorrer no máximo a cada seis meses, sendo de responsabilidade das instituições de acolhimento, do Poder Judiciário e do Ministério Público o cumprimento do disposto nos artigos 19, §1º, e 92, §2º, ambos do Estatuto da Criança e do Adolescente.
A importância da reavaliação da situação de crianças e adolescentes acolhidos reside exatamente na possibilidade de reversão do quadro (com a restituição ao núcleo familiar de origem, desaparecendo a situação de risco) ou encaminhamento do caso sob outro prisma (com a colocação em lar substituto).
Carol, como outros tantos adolescentes que conheci, não teve a oportunidade, de se beneficiar desta lei, foi criança e adolescente num tempo sombrio, onde seu tipo físico, a cor de sua pele não eram tão atrativos para os desejosos de adoção . Foi ficando para trás, cada vez mais invisível, sem que a instituição entendesse importante, lhe ensinar a fritar um ovo, ou fazer bainha num vestido, foi ficando para um canto , foi caminhando desde de criança para um lugar periférico,foi se inviabilizado ,tão marginal quanto as escadarias da estação , onde hoje pede dinheiro para comprar o leite para sua filhinha, de sorriso lindo. Conversei com ela, dei lhe o numero de meu telefone, me informei sobre sua residência no Catumbi , pedi para que me ligasse, não sei exatamente o que poderei fazer , me sinto impotente, gostaria de ter a capacidade de convencer ao Prefeito que é reconhecido como amigo das crianças que refletisse sobre a emergente necessidade de ter uma casa de passagem para esses jovens, onde pudesse acontecer a transição da vida tutelada para vida autônoma, gostaria de ter a capacidade de sensibilizar ao conselho dos direitos das Crianças e Adolescentes para buscarem efetivar as decisões tomadas na Conferencia Municipal , que determina que as Empresas que se instalarem aqui na cidade beneficiadas por renuncias fiscais, contribuam para o fundo da Criança e do adolescente de nossa cidade. Gostaria tanto de poder convencer um de nossos 17 vereadores a assumir a causa da criança , sem medo dos desafios e riscos dessa opção, sei que o que fiz a frente do CMDCA,foi muito pouco diante daquilo que é a real necessidade de nossas crianças e adolescentes, mas, sei também que não me ocultei diante dos desafios,nem pelo med, nem pela ordem dos dominadores.
Desejo que mais que lamentar ou mesmo denunciar, a falência das políticas publicas, pois que não havia nenhum órgão vinculado a rede de proteção da nossa cidade ,que não conhecesse e bem, a Carol .esse encontro que tive com ela,e sua filha nas ruas do Rio de Janeiro, possa me estimular e mobilizar para outros encontros, talvez Felipe, talvez Marília em algum canto esquecido da cidade, estejam vivendo dramas semelhantes, quero buscar as pessoas que entendem que seus dramas, são também os nossos dramas, pois dramático é viver numa sociedade que trata de forma tão cruel suas crianças e seus adolescentes, quem sabe poderíamos construir um pacto em defesa da infância e juventude e transforma nossa cidade em uma cidade garantidora de direitos as crianças e adolescentes, o prêmio deixaria de ser individual e passaria a ser uma regra de cidadania à promoção e a garantia dos direitos de nossa infância e juventude. É verdade que muitos governantes não querem ser incomodados com esses problemas, alguns buscam mesmo varrê-los para debaixo do tapete, mas a Carol tentando juntar R$ 2,50 , para comprar leite para sua filha é o problema saindo debaixo do tapete e incomodando a sociedade inteira.
Não sei se faço todo o bem que gostaria para o benefício das pessoas, decerto, faço mal a algumas pessoas. Mas o sorriso daquela menininha, expandindo alegria e esperança, me acusa e não me deixa esquecer de que vim ao mundo causando dores , logo minha missão fundamental é sem duvida buscar diminuir a dor das pessoas . Sem deixar me levar pela vaidade vulgar de saber que não presto para muita coisa, pois o bonito entre os agentes públicos de hoje é não ter compaixão da humanidade. Azar o meu, que tenho, e pouco faço.
Paulo Cesar da Silva (Cesinha)