O que está por trás da eleição da Mesa Diretora da Câmara de Resende? Nada. Nada que surpreenda o morador de Resende acostumado às costuras, negociações de gabinete e principalmente à subserviência flagrante dos vereadores ao prefeito cassado José Rechuan Junior.
Lamentavelmente perdemos as referências no Legislativo resendense, mas não são os vereadores os únicos responsáveis por essa falência política do município, mas também o eleitor, ou pelo menos a maioria dos eleitores, que aceita e faz o jogo raso dos maus políticos. Alguns com interesses diretos porque querem garantir uma “boquinha”, outros porque acreditam que participação se resume ao dia da eleição.
Agora, mais uma vez, os vereadores se articulam com muita conversa e promessas entre si para que uma chapa para a Mesa Diretora saia vencedora, onde politicamente não fará a menor diferença para a cidade ou para a dinâmica política. Na Casa de Rui Barbosa, o jogo é de meia dúzia. Seis por meia dúzia, sabe como é? Pois é. Sem surpresas e a continuidade de uma relação que ainda não nos percebemos como prejudicados. O jogo de forças passa ao largo dos interesses públicos e dá até medo das intenções dos que disputam a proximidade com o governo, porque estar na Mesa Diretora hoje em dia é isso: maior proximidade com o governo.
Os vereadores de Resende mais uma vez perdem oportunidade de se imporem e mostrar o poder “independente”, mas ao contrário, só reforçam o que ouvimos nas esquinas e no pátio do Centro Administrativo, onde aliás, os vereadores adoram ficar em conversa com um e outro cargo comissionado: “É assim todos os dias. Vivem aqui, no gabinete do Rechuan. Pensa que é fiscalizando? É nada”. Nada. Por isso, seja lá a Mesa Diretora eleita (leia matéria na página 02) não fará diferença, pelo menos para o povo.
Os vereadores de Resende chegaram a tal omissão que nem mesmo a ameaça de desabar uma laje na cabeça de crianças de 3 anos os abalam mais. Aos vereadores foi entregue o Dossiê Cruz revelando todas irregularidades nas obras de unidades escolares e o que fizeram? Nada. O documento foi para a Comissão Fiscal e qual a conclusão que os vereadores chegaram, alguns deles agora querendo uma vaga na chapa da Mesa Diretora? Você sabe? Alguém sabe? A nenhuma conclusão, pois simplesmente leram o relatório, sem qualquer apreciação dos vereadores em plenário. Se resumem a afirmar que a prefeitura e outros órgãos já apuram a denúncia. O que é isso, se não a completa omissão e conivência com as irregularidades?
Os vereadores divulgaram uma nota há três semanas para tirarem o corpo fora sobre o aumento da passagem que virá nos próximos dias. E ainda, tiveram a deselegância de querer responsabilizar os conselheiros do Comutran dizendo que estes que querem, no futuro, serem vereadores, afirmam que os vereadores nada fazem para impedir o aumento da passagem. Agora eu pergunto? O que fazem os vereadores para impedir o aumento da passagem? Nada.
Os vereadores não estão nem um pouco preocupados com a principal atribuição que lhes é encargo: a fiscalização dos atos do Executivo, pelo contrário, colaboram para que as irregularidades se multipliquem a despeito de serem os “representantes” oficiais – e ganharem muito bem pra isso – do povo.
MPF, MP, TCE e Polícia Federal investigando para todos os cantos as irregularidades e denúncias do governo municipal na cidade e os vereadores passeando no pátio administrativo como turistas encantados com a paisagem. O governo do prefeito cassado José Rechuan quebrando o município com pedidos e mais pedidos de empréstimos, antecipação de receitas e os vereadores sorrindo largamente e quando questionados dizem que a cidade está indo muito bem. São promotores do governo e não vereadores. O que fazem os vereadores para impedir a falência de Resende? Nada!
Uma fonte do governo me confidenciou que a Educação será despejada. Por falta de pagamento do aluguel do prédio onde a Secretaria está instalada. Tá bom pra você? E os vereadores? O que fazem ou dizem? Nada!
Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
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