QUEM PENSA? Faço minhas palavras…

Nesta edição, vou reproduzir um texto que li do professor Rudá Guedes Ricci (www.rudaricci.com.br), por acreditar que nosso país não pode retroceder e muito menos ser enganado pelos discursos de “nova política”. Lamento que a candidata Marina tenha encerrado sua vida política negando tudo que viveu e sepultando sua história.

MARINA E O PIOR DA POLÍTICA
Política é uma ação gregária. Não se faz política sozinho. A origem da palavra vem do grego que, numa tradução livre, significaria organização social, a maneira como uma comunidade ou agrupamento ou um território se organiza. Os franceses, no século XIII, redesenharam a palavra para algo como “gestão do governo”. “Não há possibilidade de uma ação política ser solitária. Ela se faz para a coletividade e a partir de uma agrupamento. “Marina conseguiu trair os dois polos. “Prometeu o novo para seus eleitores. E os eleitores acreditaram. Acreditaram porque Marina tem algo de messiânico. Um sofrimento encravado na sua pele seca, nas suas olheiras, naquele coque que lembra uma mulher sofredora, resistente às intempéries da vida. Eu fui um deles. Olhava para ela e via a placidez do tempo das árvores da sua região original. Imaginava como havia aprendido com a densidade do tempo que faz a seiva sangrar, lentamente, de uma seringueira. Uma espera longa da floresta que deveria ter orientado sua vida.“Marina passou um sinal que era uma mulher perseguida pelos mais fortes. Eu me recusava a ver que ninguém chega ao topo do Estado, como senadora ou ministra, se não tem desejo de poder ou, ao menos, se não se vê como líder e capaz de dirigir um Estado ou governo. Existe, sempre, um elemento de vaidade e pressa no líder político. Vou confidenciar aqui que nunca mais aceitei um cargo público quando percebi este sentimento inconfessável da vaidade quando se sente com poder. O Estado brasileiro é perverso porque confere um poder central e quase indevassável muito acima do que seria razoável para um ser humano. Brincar de Deus foi sempre perigoso na história da psiquê. Eu prefiro lutar por um Estado mais poroso, controlado pelos homens comuns para o qual, afinal, os contratualistas afirmam que foi criado para atender e respeitar sua vontade. “Marina foi a maior decepção que tive nesta eleição.“Como diz a máxima: para conhecer o caráter de alguém, dê-lhe poder.“Marina se lambuzou com o poder que ganhou nesta eleição. Um poder efêmero, não concluído, da exposição midiática.“Ela fez o que há de pior em política. Traiu a confiança dos eleitores porque, desde sua entrada em cena como candidata à Presidência (agora, percebo, um lugar muito acima de suas condições reais, pessoais e políticas), destruiu a agenda que defendia desde o Acre e se juntou a quem sempre criticou. Pensei que havia perdido a medida da concessão. Que revelava fraqueza interior, política, mas não podia acreditar que fosse além disto. Mas está cristalino como a água pura que parecia orientar sua proposta de desenvolvimento sustentável. Ela queria o poder. A qualquer custo. Custo que inclui sua identidade política. Aliás, no segundo turno, se juntou com quem ao menos sempre disse isto ao leitor. Não é quem apoiou que engana o eleitor. Foi Marina.“Mas, Marina também traiu seus companheiros. A quantidade de dirigentes da Rede que pediram desfiliação desde o domingo recheia as páginas de nossos jornais. As cartas de desfiliação contam histórias de crenças, pureza para alguns, ingenuidade para outras, mas gente que se entregou a um projeto sem a ambição que Marina destilou durante esta campanha. São cartas sentidas. Eu sei o que é viver acreditando piamente num projeto coletivo, se sacrificando e sendo taxado de louco por algo que nem semente germinada é e, da noite para o dia, se percebe falando sozinho, com alguns de seus companheiros tocando outra música, sem mais nem menos. Marina fez isto várias vezes nesta campanha. Pulou para o PSB sem uma discussão ampla. Fez intervenções em várias direções locais da Rede. Fez acordos velados. Fez de tudo para ser “respeitada” pelos que denominava de “velha política”. Parecia uma necessidade psicológica, íntima, de se fazer respeitar entre glutões. Para isto, traiu os sonháticos. “Mas não ficou por aí. Traiu dirigentes do PSB. Aliás, foi pior. Jogou-os aos l eões. Ficou com a banda mais tradicional do PSB.“Marina, nesta campanha, fez a aposta de Mefistófoles com Deus voltar ao mundo dos mortais. Sabemos como Fausto, o até então humanista e religioso, suplica ao demônio para se apoderar da alma pura de Gretchen como pagamento de sua alma e a tragédia que a partir daí se desenrola. “Marina foi a maior decepção desta eleição.“Traiu seu eleitor, seus companheiros de diversos partidos, traiu sua história.“Agora, não tem mais volta. Se desejar continuar na política, terá que alimentar o currículo da velha e carcomida prática tradicional tupiniquim.

Não gostou? Pode ficar pior… muito pior.

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

A tempo e a hora: Obrigada queridas e queridos acadêmicas e acadêmicos e muitos, hoje, colegas de profissão, que estão há 18 anos na minha vida, pelas lindas mensagens por ocasião do dia dos professores. A convivência com vocês, sempre foi e é uma das maiores recompensas para quem acredita que contribuir para um mundo mais ético é possível. E eu acredito!

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