QUEM PENSA? Mais um escândalo? Por que o governo Rechuan faz questão da coisa errada?

Minha participação no Conselho Municipal de Saúde de Resende tem desvendado um lado muito negativo que eu não imaginava que esta pasta seguisse no município. Apesar de ser muito crítica, sempre tive reservas com relação às denúncias desta pasta por acreditar que a doença, a dor e o desespero nos levam a querer soluções imediatas, quase exclusivas e de melhor qualidade. Tudo que temos direito, mas nem tudo que é possível quando falamos de saúde em nosso país. E não me refiro apenas à questão pública não. Temos exemplos de (mau) atendimento e negligência no setor privado de deixar os cabelos arrepiados. Mas a proximidade com as contas da Saúde, assim como as políticas públicas que deveriam funcionar, com os usuários e com os servidores começo a concluir que esta pasta tem sido usada tanto quanto outras para discursos políticos.

Explico porque cheguei a este entendimento: denunciamos no BEIRA-RIO o furto de medicamentos para o tráfico de drogas, inclusive com indiciamento de servidores do Hospital de Emergência. Uma denúncia baseada na entrevista feita com o delegado que apurou todo o caso. Pois bem, o fato nos revelou que a farmacêutica responsável é mulher do secretário de Saúde, Daniel Brito que desde o início deste ano é gestor direto do hospital que deixou de ser uma fundação. Pois bem, até hoje o governo não tocou mais no assunto, deixando apenas para a instância policial, ou seja, não explicou como os medicamentos saíram do hospital e se pelo menos iniciaram uma investigação interna.

Como se isso fosse pouco, as péssimas condições da estrutura do Hospital de Emergência também foram denunciadas pelo BEIRA-RIO e o estado lamentável dos banheiros daquela unidade. O assunto foi parar também nas redes sociais com muitas fotos mostrando outro assunto, que é a falta de fiscalização do governo quanto ao cumprimento do contrato da empresa que serve as refeições no hospital. Pois bem, a questão dos banheiros o governo fez questão de logo emitir uma nota à imprensa informando que passarão por reformas e que a empresa já estava sendo contratada depois da licitação ocorrida.

Cheguei no Programa Tribuna Livre que apresento diariamente, às 12h, na Rádio Resende, a comentar e aplaudir a iniciativa da reforma, mesmo este governo tendo deixado por anos o usuário do SUS doente usar aquelas nojeiras que chamam de banheiro. Mas felicidade de pobre dura pouco. Não é assim que falamos quando acreditamos que consseguimos alguma coisa? Então. A empresa vencedora da licitação, a Real Itatiaia Construtora Ltda que vai levar mais de R$ 360 mil para reformar os banheiros do Hospital de Emergência, mas uma rápida verificação na internet, nos sites oficiais da Receita e da Justiça Federal mostram que esta empresa, que sempre leva uma obra aqui outra acolá da Prefeitura de Resende tem processo e nome inscrito na dívida ativa por falta de recolhimento de pelo menos três tributos federais mais multas.

Agora, explica… alguém explica por favor. Como pode um departamento de Licitações não verificar isso? Como pode um governo que se diz bem estruturado com Procuradoria e Controladoria deixar passar isso? Como o setor também da Saúde e do próprio Hospital de Emergência que verificam a documentação deixa passar isso?

O processo de número 0000371-53.2009.4.02.5109 pode ser verificado por qualquer pessoa no endereço eletrônico da Justiça Federal do Rio de Janeiro, assim como os documentos emitidos que solicitam inclusive relação de bens e penhora da empresa. O valor da execução fiscal contra a Real Itatiaia Construtora, a empresa que vai receber dinheiro do município, passa de R$ 500 mil. Por que o governo Rechuan insiste em errar?

São cerca de 50 processos que pesam nas costas do prefeito José Rechuan Júnior (PP), muitos por improbidade administrativa e agora, provavelmente uma licitação que não verifica as certidões da empresa que apresenta estas dívidas federais. Alguma coisa está acontecendo em Resende e o futuro anunciado pelo governo durante a campanha da reeleição começa a se mostrar tenebroso tamanha a negligência e cuidados que os contratos públicos devem ter. Soma-se ainda, a compra do tomógrafo, também para o Hospital que agora é investigado pelo Ministério Público Federal e que tem contratação de uma empresa sem licitação para montagem e manutenção. Realmente as coisas andam esquisitas.

Gostaria de estar enganada, mas vejo que o Conselho Municipal de Saúde terá muito trabalho e co-responsabilidade pela frente com tantos casos que criam instabilidade nesta pasta tão importante em qualquer administração. Vou continuar colaborando, sem jamais omitir fatos e responsabilizando quem está permitindo que se faça da coisa pública uma festa de irresponsabilidades. Como sempre repito, existem muitas pessoas competentes nesta área e ela não pode ser instrumento de discurso político como o da inauguração da recepção do hospital que até hoje exibe uma única foto com computadores no balcão, mas na verdade, os computadores só foram colocados lá, emprestados da Educação, para a foto. Quem frequenta, de fato, o Hospital de Emergência, sabe o que estou falando.

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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