QUEM PENSA? O golpe do tomógrafo!

A novela do tomógrafo do Hospital de Emergência parece que está longe de acabar. O resendense sofreu um golpe. Sim um golpe, esta situação que agora ganhou os olhos do Ministério Público Federal marcará por muito tempo o nome da cidade que um dia foi conhecida como “Princesinha do Vale” e agora é conhecida como a “cidade do Rei, do Reichuan”, segundo os comentários nas redes sociais e nas rodas de conversa política na cidade . De princesa a rei poderia significar uma evolução muito positiva, mas não há unanimidade sobre isso e assim, fica a dúvida se a cidade ainda pode ser chamada de princesinha ou de sala de visita do reino encantado. As últimas ações do governo Rechuan, no poder há cinco anos e ainda com mais três pela frente, demonstram um total descontrole sobre o assunto (leia também a coluna Acredite Se Quiser) e pior, uma tendência a repetir os erros que estão em parte, indo parar na Justiça.

O tomógrafo, emenda federal de 2010, comprado em abril de 2012 e cuja entrega – incompleta – só foi feita em julho de 2013, virou uma novela mexicana para o município, mas quero aqui fazer algumas considerações a favor de alguns setores da Prefeitura que não se cansaram de alertar sobre o prejuízo anunciado pela empresa Pyramid Medical Systems, a empresa que ganhou a licitação para vender o tomógrafo (R$ 785 mil) para o município. Explico melhor: a empresa depois que ganhou a licitação alegou não conseguir entregar o aparelho,  dentro do prazo estabelecido no edital, de três meses, por conta da greve da Anvisa e Receita Federal, sendo que a greve terminou em agosto e toda a imprensa mostrou que vários cargueiros aguardavam a greve terminar para atracar e então fazer as entregas que estavam atrasadas. Então é possível inferir que apesar de ganhar  licitação em abril, a empresa não fez  solicitação do equipamento, do contrário poderia estar num desses cargueiros e cujo atraso estaria justificado. O primeiro pedido de adiamento considerando o impedimento alheio à empresa foi aceito, e o prazo de entrega estipulado sem choro nem vela para setembro.

Mas preciso chamar a atenção para antes dessa solicitação da empresa, muito antes, quando houve questionamento de outras empresas concorrentes que entraram com recurso administrativo para tentar impedir que a Pyramid fosse aceita pela Pefeitura: a GE Healthcare e a Siemens fizeram questionamentos fundamentados, mas a Prefeitura aceitou a contestação da Pyramid e homologou a licitação. Ou seja, desde o início havia sinalização de que as coisas poderiam não correr muito bem. Os sinais perderam-se ao vento. Pois bem, assinado o contrato e não cumprido o prazo no edital, e a exceção estabelecida (por causa da greve), o fim da greve ainda vai ser justificativa pelos outros três adiamentos. Isso mesmo. O governo municipal de Resende indo contra o próprio edital e os princípios da Lei de Licitações autoriza por mais três vezes o adiamento da entrega do equipamento.

Em dezembro de 2012, a empresa volta a pedir mais uma prorrogação e diz que a entrega do equipamento seria em março de 2013, mais uma vez a direção do Hospital de Emergência na pessoa diretor presidente João Marcos Borges Mattos aceita o pedido, apesar dos alertas dos setores da Administração Pública como a Licitação, o Patrimônio,a  Controladoria e a Contabilidade. Passou março e nada do tomógrafo. Sem conhecimento do que acontecia, a opinião pública começou a pressionar o governo pelas redes sociais e pela imprensa e a pergunta começou a ecoar: cadê o tomógrafo? Cadê o tomógrafo?

O governo resolve fazer o tomógrafo chegar e quase desesperados solicitam que a empresa entregue o equipamento prorrogando o prazo mais uma vez, sendo que desta vez sem documento que registre esse adiamento. Um caminhão chega dia 9 de julho, ou seja, quatro meses depois do último prazo concedido e descarrega no Hospital de Emergência algumas caixas. Caixas que não podiam ser abertas até a montagem do equipamento sob o risco de perder a garantia e lá se foram para um depósito. O prefeito Rechuan faz questão de aparecer nas fotos conversando com um representante da empresa para mostrar ao povo que o tomógrafo chegou ou pelo menos, as caixas do tomógrafo.

Depois disso, nos próximos capítulos saiba porque a sala do aparelho não estava pronta e depois também não estava pronta, depois de mais de um ano, a instalação elétrica para receber o equipamento; saiba ainda que depois do questionamento feito pelo Conselho Municipal de Saúde, a prefeitura percebe que a empresa que vendeu o equipamento faliu e entra na Justiça para tentar garantir o ressarcimento pelo prejuízo e mais, a prefeitura vai gastar mais dinheiro para pagar outra empresa que veio montar o equipamento. Sim, agora ele está montado e em fase de testes, mas a novela continua… na próxima semana, aqui, neste mesmo canal.

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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