Uma execração patológica!

Dia 18, o juiz eleitoral de Resende, Hindenburg Brasil julgou improcedente o pedido de cassação do prefeito José Rechuan Júnior (PP) feito pela Coligação Juntos Somando Forças, por abuso e uso de veículos de comunicação para vantagens eleitorais. Na mesma hora que foi divulgada a decisão no site do Tribunal Regional Eleitoral, em Brasília, o ministro Celso de Mello votava a favor dos “embargos infringentes” de alguns réus da Ação Penal 470, que ficou conhecida como “mensalão”. Li em vários comentários que no Brasil tudo termina em pizza. Há quem acredite que a votação favorável do ministro, assim como o considerar improcedente do juiz de Resende demonstram que falta Justiça no país.

Penso diferente.Vejo que as decisões da Justiça precisam ser técnicas e estritamente baseadas na lei. Não que eu seja ingênua e acredite que as decisões são sempre assim. Claro que não. Existem motivações pessoais, financeiras, e até de cunho religioso ou mesmo corporativista que podem levar a decisões duvidosas, mas duvidosas no que tange aos pareceres técnicos e baseados na lei. Olha eles aí novamente, e é aí que os casos precisam ser analisados, ainda que a distância de todas as peças jurídicas seja uma realidade, pois foge ao nosso domínio e estudo, o que os juízes precisam fazê-lo. E fazê-lo bem. Ler um processo é o mínimo que um magistrado pode fazer, estudá-lo é sua obrigação e transverberar sua decisão é a expectativa de quem aguarda a decisão.

Bem, mas este artigo não entrará no mérito das decisões, confesso que se a um juiz esse processo de estudo me parece bem complexo e intenso, não serei eu a fazer conjecturas aqui. Oportunamente, voltarei, com mais propriedade, a este tema, mas hoje penso ser importante refletir e analisar a repercussão do resultado do Supremo Tribunal Federal que provocou uma reação de animosidade, ódio ideológico e exacerbação de uma vontade de “juízos paralelos” ao que diz a lei.

É impressionante como neste caso, em especial, a divulgação de um recurso dentro da lei, sobre um crime, num conjunto de condenação de vários outros crimes, tenha tido tanta repercussão como se todo o julgamento do mensalão estivesse sendo anulado. Li algumas manifestações odiosas e incoerentes ao próprio discurso de legitimidade da Justiça e da democracia. Li repetições dos discursos midiáticos que costumam elaborar o epitáfio antes mesmo do tratamento medicamentoso, li também, citações e reproduções de frases cheias de integrismo e outras que beiram a mediocridade de tão sem fundamento ou apenas com fundamentos aliciantes e rasos.

É incrível como nas redes sociais, as pessoas ficam corajosas e como generalizam. Se um é acusado de corrupção, todos são corruptos. Se um é réu num processo, todos são quadrilheiros. Uma lógica conveniente e perversa daqueles que preferem o ataque à argumentação, principalmente quando é o PT, o Partido dos Trabalhadores o foco deste ódio ideológico. Coisa empoeirada, ultrapassada e até descabida para um Brasil moderno essa aversão odiosa. Uma execração que reflete patologia, um monte de gente destemperada e que dá um piti de perereca toda vez que tem que falar ou escrever essas duas letras: PT. Eu hein! Gente esquisita.

Ninguém é obrigado a gostar do P que for, mas daí terem ações irracionais e generalizarem, além de agredirem os petistas de um modo geral só reforça o discurso divergente que destaca uma direita marcada pelo elitismo e conservadorismo. Aquilo discurso que diz que essa gente é reacionária e odeia não apenas o PT, mas o pobre, ou melhor odeia pobre que começa a comer salmão, viajar de avião e comprar TV de Led. Mas essa síndrome Danuza Leão passa, minha gente. A da Regina Duarte passou. É preciso um pouco menos de paixão e mais argumentos, informações. Como petista há 17 anos na luta por um partido que se mantenha coerente às propostas de defesa dos trabalhadores e das pessoas menos favorecidas, assim como pela luta da transformação de uma sociedade mais justa, vejo todo esse ódio pelo partido que milito, uma maneira apenas pontual de repudiar aquilo, que às vezes, nem se conhece como funciona. São comezinhas que não ajudam em nada no exercício dos preceitos democráticos. Há muito desrespeito pelo partido que a
credito e faço parte, principalmente na cidade em que escolhi para morar: Resende parece uma cidade ressentida com o PT. Há quem diga que isso ainda é resquício da formação inicial da Aman e pode ser. Não se espera unanimidade, mas o rompimento dos vínculos fantasmas da sepultada ditadura. De certa forma, o PT é ainda hoje, o representante antagonista desses desejos pela caserna obscura de tempos de exceção, tortura e crimes praticados pelo Estado. Logo, é do lado do PT que continuarei.

Respeito as indignações e oposições, mas repudio as agressões verbais, xingamentos, generalizações e piadas preconceituosas que grassam entre os antipetistas, que na verdade, me parece, têm um problema  de aceitação da história recente deste país, quando  um operário assume a presidência. Fico impressionada em ver como odeiam o Lula e ainda reivindicam a volta dos que torturaram e mataram neste país.

Não há perfeição ou santos, mas há diretrizes e prioridades e nos últimos 13 anos essas prioridades realmente passaram a incomodar a elite brasileira; outras camadas menos favorecidas pensam diferente. Muito diferente. Não à toa, a presidenta Dilma lidera com folga as pesquisas de popularidade e continuidade em 2014.

Ana Lúcia
Editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

Você pode gostar

One thought on “Uma execração patológica!

  1. Quando o juiz erra a favor do time do torcedor ele fica quieto, mas quando erra contra seu time ele xinga a mãe do juiz. O amigo dele não tem defeito, o inimigo se não tiver ele põe.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O limite de tempo está esgotado. Recarregue CAPTCHA.