Integrantes resendenses da MUB ajudam em resgates de Brumadinho

Voluntários foram recebidos na prefeitura ao lado de representantes da Defesa Civil, entre eles o diretor do órgão, Atanagildo Alves (no centro, de colete azul)

Resende tem participado ativamente dos trabalhos de logística dos donativos, mas também das buscas por vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho. Na semana passada, o jornal BEIRA-RIO teve a oportunidade de entrevistar o voluntário Douglas Sant’Anna, hoje residente em Mariana, onde conseguiu introduzir com sucesso um plano de logística para a distrbuição de donativos aos desalojados de um rompimento de barragem neste município, em 2015. Além dele, outros voluntários também trabalham para ajudar as vítimas do desastre ocorrido no último dia 25.

Eles são voluntários da Defesa Civil de Resende, ou melhor, integrantes das Missões Urbanas do Brasil (MUB Resende). Formada por cinco pessoas, a equipe esteve durante quatro dias trabalhando nas buscas por vítimas, e retornou a Resende na última quarta-feira, dia 30. No entanto, os integrantes foram novamente convidados a retornar pelas autoridades locais, e viajam ainda nesta semana.

A equipe de resgate que participa das buscas é formada por Rodrigo Ramos da Costa Santos, Isaac Leandro, Lucas Fabiano Araújo Santos, Ubirajara Bispo da Silva (líder da equipe e coordenador geral da MUB) e Aline Erosita Gundermann (vice-líder da equipe e a técnica de enfermagem). Todos eles são instrutores de cursos de resgate, nos quais a Defesa Civil de Resende participa. A equipe recebeu o contato da Defesa Civil de Brumadinho, com quem já participou em conjunto de alguns treinamentos.

Ao serem chamados, foi traçado um planejamento de atuação dos integrantes nas áreas atingidas pelo desastre, com foco nas buscas e salvamento. Ao chegar na cidade mineira, ficaram sediados na Defesa Civil local, que garantiu estrutura para o trabalho na lama.

– O resgate é feito por amor. Nós nos voluntariamos, arriscamos nossa própria vida para tentar levar o mínimo possível de conforto para aquelas famílias que estavam em um extremo momento de tristeza – disse o líder da equipe e coordenador geral da MUB, Ubirajara Bispo da Silva.

Segundo ele, o cenário desolador, com muitas vítimas, não desanimou em nenhum momento os esforços da equipe. Pelo contrário, o grupo de Resende chegou a participar diretamente da localização de algumas vítimas em meio à lama.

– Um dos momentos mais marcantes foi quando eu estava saindo muito sujo da lama e um morador me pediu um abraço. Eu disse que estava com cheiro muito forte e sujo, mas mesmo assim ele insistiu e eu abracei. Foi realmente um momento muito emocionante, tive que me segurar e me conter muito para não deixar escorrer as lágrimas ali mesmo – conta Isaac Leandro.

De acordo com relatos da equipe, devido ao alto grau de risco nos locais atingidos pela lama, muitos outros voluntários não conseguiram acesso para contribuir com as buscas. Porém, os resendenses tiveram a chance de ajudar diretamente nas atividades de campo. Para isso, contaram com o apoio da Defesa Civil mantida pela Prefeitura de Resende.

Dessa vez, o quinteto retornou para os locais de resgate. Por ser uma referência internacional em resgate no ambiente de selva, a equipe de Resende irá não só participar, mas instruir as demais equipes nessa nova etapa de buscas.

A MUB tem uma parceria com a Defesa Civil de Resende. Anualmente elas trabalham juntas no simulado do Plano de Contigência, para testar a capacidade de reação em caso de desastre natural. A MUB fica responsável também pela montagem do cenário, além de outras ONGs, como a Cruz Vermelha e Anjos da Montanha.

NOVAMENTE DESTAQUE NA IMPRENSA
A Prefeitura de Brumadinho anunciou no final da semana passada que “as doações recebidas e organizadas na Praça de Esportes de Brumadinho pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e voluntários, estão sendo distribuídas para as vítimas da tragédia da Vale”.

Segundo dados divulgados pela prefeitura, no total o município recebeu cerca de 27 mil quilos de alimentos e leite; 159 mil litros de água; 2 mil quilos de roupas; 11 mil quilos de material de limpeza e 870 quilos de alimentação animal, resultando em 783 cestas básicas; 218 kits de limpeza, 542 kits de higiene.  Ainda de acordo com o governo local, esses kits estão sendo doados por meio da Assistência Social, “sem trâmites burocráticos e diretamente às famílias necessitadas”.

A assessoria da prefeitura informou que mesmo paralisando temporariamente o recebimento, o município afirma que este não é o momento para recusar donativos. Mas defende a paralização no recebimento das doações como forma de “contabilizar a demanda arrecadada, e assim, de forma transparente, prestar contas aos doadores, e também para mapear as regiões a serem atendidas”, para que posteriormente se abra espaço para novas doações.

O trabalho anunciado pela prefeitura é fruto da parceria entre o poder público e o trabalho realizado por Douglas Sant’Anna, entrevistado pelo jornal semana passada, que também incluem a emissão de boletins diários de atualização dos itens arrecadados. O procedimento adotado por Douglas na logística dos donativos virou novamente destaque na imprensa, em páginas de portais renomados, entre eles o G1 e sites regionais.

MORTOS CHEGAM A 121 E CHUVA MUDA ROTINA DE RESGATE
Já chega a 121 o número de mortos confirmados na tragédia, com 114 deles identificados. Segundo o balanço divulgado neste domingo, dia 3, outras 205 pessoas seguem desaparecidas, e foram localizadas outras 395 pessoas, sendo 192 já resgatadas. No momento, as buscas por novas vítimas estão atrasadas nesta segunda-feira, dia 4, em decorrência da chuva que atinge a região.

Os trabalhos já haviam sido interrompidos na tarde de domingo, após a ameaça de chuva, e recomeçaram apenas por volta das 8h, restritos a buscas a pé e em botes em um trecho do Rio Paraopeba, segundo o Corpo de Bombeiros.

Com informações da Assessoria de Comunicação/PMR

Foto: Carina Rocha/PMR

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