Bolsonaro ainda está solto?

Desculpe pessoal. Atrasei o envio da coluna. O motivo foi a avalanche de fatos ocorridos durante a semana, que me levaram a uma expectativa. Certamente, não só a mim, claro. Aguardei a notícia da prisão do ex-presidente, que me pareceu que poderia ocorrer em qualquer dessas últimas manhãs. Não veio (ainda) a notícia e então segue o texto. Vamos lá.

É fato dos mais corriqueiros noticiados pela nossa valorosa mídia corporativa, que adora “casos de polícia”, a prisão de alguém que roubou algum produto num supermercado ou coisa que o valha. Só para exemplificar, o G1, o portal de notícia da Globo, noticiou no dia 26 de fevereiro deste ano o seguinte:

“Um homem de 44 anos foi preso em flagrante ao tentar furtar quatro peças de picanha em um supermercado de São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal. O caso aconteceu na noite deste sábado (25). Segundo a Polícia Militar, o centro de operações acionou uma equipe do 16º Batalhão para verificar uma ocorrência de furto em um estacionamento comercial na Avenida Tomaz Landim, no bairro do Jardim Lola. Ao chegar no local, os militares encontraram o suspeito detido pela equipe de segurança do supermercado, com quatro peças de picanha e um desodorante dentro da bolsa do suspeito. Na consulta sobre o indivíduo, os policiais ainda constataram que ele já responde a quatro ações na justiça pelo crime de furto. O homem recebeu voz de prisão e foi conduzido para a Delegacia de Plantão da Zona Norte”.

Usei de exemplo esse caso no Nordeste do país, por entender que seria corriqueiro demais usar um fato ocorrido em nosso estado, de preferência no Rio de Janeiro, que para muitos é uma cidade conflagrada e casos assim já não significam nada diferente da rotina diária. Mas a pergunta que zanza nas mentes mais livres e que sonham em viver num lugar mais justo para todos, é: por que a Justiça e seus tentáculos operacionais são tão seletivos?

O que vimos na semana que termina, com relação a mais uma série de absurdos cometidos pelo ex-Presidente da República, estando ou não na titularidade do Executivo Nacional, é algo de estarrecer. Comparar aquele cidadão que foi em cana por roubar as peças de picanha com o ex-capitão, é brincadeira.

Mesmo que aquele homem tenha roubado a carne para alguma festa, um churrasco e possua um passado comprometido, ele é fichinha se comparado a Bolsonaro. Roubar a carne é sim, passível de punição, de cadeia até. Mas e as dezenas de crimes cometidos pelo ex-capitão? E passado por passado, o de Bolsonaro está mais sujo do que pau de galinheiro. São as ‘rachadinhas’, improbidade administrativa, crimes de lesa-humanidade, ações antidemocráticas contra o STF e Congresso Nacional, envolvimento com Golpe de Estado, etc, etc, etc. E isso só no passado recente.

Vão dizer: “Ah! mas ele era Presidente da República, tinha imunidade”.  Sim. Foram dezenas de casos criminosos acobertados pela Câmara Federal e pela Procuradoria Geral da República. Tá certo que um homem simples, anônimo é uma coisa e um Presidente é outra. Mas a lei não deveria ser igual para todos não? Tudo bem, ele era Presidente, mas agora não é mais. Está aí o suspeitíssimo imbróglio das joias doadas pelos mandatários árabes e agora esse escabroso caso da falsificação dos certificados de vacina contra a Covid. O cara usa um certificado fraudado, mentiroso, para entrar no país que detinha o maior número de mortes pela pandemia, e que até por isso mantinha um rígido controle sobre visitantes, fossem eles turistas ou autoridades. E diz publicamente que não tomou a vacina. Admite a fraude. Um escárnio, um deboche. Coisa de bandido. Pior que roubar peças de picanha.

Só pra refrescar a memória, segundo o site da Agência Senado, a CPI da Covid , depois de quase seis meses de investigações concluiu que Bolsonaro é responsável por nove crimes: prevaricação, charlatanismo, infração a medidas sanitárias preventivas, empego irregular de verba pública, incitação ao crime, epidemia com resultado de morte, falsificação de documentos particulares, crime de responsabilidade e crimes contra a humanidade. Tá bom?

Torço para que este texto esteja obsoleto quando for pulicado. Que o pulha já esteja em cana. Pelo menos que seja uma prisão preventiva, para evitar fuga ou outras peraltices. Tenho fé.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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