Casa Rosa nasceu da superação de sua fundadora em Barra Mansa

A história de superação de Márcia tem ajudado cerca de 1,7 mil pessoas atendidas (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A inauguração da Oncobarra, o complexo de serviço de Oncologia da Santa Casa de Barra Mansa, no ano de 2016, que atende pacientes do SUS e de diversos planos de saúde para o tratamento de pessoas com câncer, fez com que Barra Mansa se tornasse um centro de referência para o combate a essa doença.

A vinda da Oncobarra, além de receber pacientes de municípios vizinhos, também contribuiu para o surgimento de mais uma entidade de acolhimento para esses pacientes, criada e mantida por uma ex-paciente com câncer. Diagnosticada com um tipo agressivo de câncer de mama há 16 anos, Márcia Cristina Moreira, moradora de Barra Mansa, e atualmente diretora-presidente da Casa Rosa, foi transferida para tratamento na antiga Radioclin, em Volta Redonda.

No momento mais crítico do tratamento da doença, ela relembra do acolhimento que teve na ocasião. “A ideia de fundar a Casa Rosa surgiu depois que o meu câncer chegou no estágio terminal. E na época não existia a Oncobarra, mas ainda assim lá por perto havia uma garagem onde voluntários davam suporte aos pacientes oncológicos de outros municípios”, cita.

Depois que ficou curada do câncer, Márcia passou a fazer o controle da doença, e após a abertura da unidade oncológica de Barra Mansa, passou a ter acompanhamento médico por lá a partir de 2018. E no dia 10 de dezembro do ano seguinte, a Casa Rosa abriu as portas. “Por coincidência, ela foi inaugurada no Dia Internacional dos Direitos Humanos. E de certa forma, a Casa Rosa não deixa de ser um serviço de atendimento aos Direito Humanos”.

Desde que foi aberta, a Casa Rosa realiza um atendimento mensal entre 1,4 mil e 1,7 mil pessoas, entre pacientes e seus acompanhantes, que são identificados, respectivamente, com pulseiras vermelhas e amarelas. São atendidos pacientes de todas as idades, desde jovens até idosos (exceto crianças), que tratam todos os tipos de câncer na Oncobarra.

Casa ganhou nome depois que recebeu decoração cor de rosa na fachada

A Casa Rosa é, na verdade, o espaço físico onde é realizado o acolhimento proposto pelo projeto Amor em Movimento, também idealizado pela diretora-presidente. O intuito é acolher os pacientes em tratamento na Oncobarra, oferecendo diversos tipos de suporte e atendimentos gratuitos, entre eles café da manhã e da tarde e sopas o almoço; banho e dormitório para o descanso dos pacientes; doação de perucas, próteses mamárias e almofadas terapêuticas; doação de cestas básicas e medicamentos.

Os pacientes e seus acompanhantes também possuem o atendimento de assistentes sociais, nutricionistas, psicanalistas, psicólogos, além de massagem e ministração de cura interior. “Este último costuma ter uma grande procura, e hoje esse atendimento tem até fila de espera”, diz Márcia, revelando a importância deste.

– Esse tipo de atendimento não é importante apenas para os pacientes, ele é extensivo aos seus familiares e/ou acompanhantes. Aqui já recebemos uma paciente com câncer que era maltratada pelo marido, que era o seu acompanhante; outro caso foi de uma paciente que chegou aqui abalada emocionalmente, e depois que ela entrou na capelania (uma das salas de atendimento), saiu da lá totalmente diferente. E estamos tendo bons resultados com esse atendimento.

Ainda que a Casa Rosa disponha de um dormitório, a entidade não funciona como hotel para pernoite, oferecendo atendimento das 7h30 até às 17 horas, de segunda a sexta-feira. As instalações da casa ainda incluem uma cozinha, sala de espera, sala da capelania, uma copa onde os usuários realizam suas refeições (hoje o espaço não é utilizado devido a pandemia), um quintal onde há espaço improvisado como refeitório a céu aberto, despensa, um bazar beneficente e um novo dormitório (ainda em construção).

Pacientes e acompanhantes recebem três refeições por dia em espaço ao ar livre

ACOLHIMENTO NOTA 10
Dentre os atendidos pela Casa Rosa, encontramos uma acompanhante e seu filho, um paciente de 24 anos que trata de leucemia há dois meses. Os dois não quiseram se identificar. Moradores de Resende, aproveitaram para elogiar o atendimento da unidade.

– Hoje a Oncobarra é referência aqui na região, e meu filho está internado para fazer o tratamento de radioterapia e quimioterapia. Dessa forma, venho para a Casa todos os dias para fazer refeições, e também recebemos medicamentos e outros apoios. Um dia desses, eles me ajudaram oferecendo a roupa lavada, e costumam dar assistência psicológica para a gente. O acolhimento é 10! – relata a mãe.

Ainda que muitos pacientes acolhidos sejam de outras cidades, aqueles que moram em Barra Mansa também costumam ser atendido na unidade. É o caso da dona de casa Ana Maria de Silva Félix, que trata um câncer de mama há quatro anos. “Desde que eu comecei o tratamento, a Casa Rosa já existia. Aqui o acolhimento é especial, todos nos tratam com carinho, inclusive quando precisei fazer cirurgia eles me ofereceram cesta básica e os remédios, além de acompanhamento com profissionais”.

No dia da entrevista, a paciente havia comparecido sozinha à unidade, mas ela já teve a oportunidade de ser acompanhada pela filha e pela irmã. “Agora minha irmã andou também doente e precisou de se tratar, mas ela não tem câncer. E a minha filha está enfrentando uma depressão, e por isso nem sempre elas estão comigo”

Entidade dispõe de carrinho para o recolhimento de doações

FILANTROPIA TOTAL
O atendimento da Casa Rosa é 100% filantrópico, sendo que sobrevive das doações da população e até de empresas. Inclusive uma dessas doações deu origem ao nome da casa. “Esta unidade se chama Casa Rosa porque ao adquirirmos a sede (alugada, e localizada de frente para a Oncobarra, no Centro de Barra Mansa) recebemos a doação de tinta rosa para pintar a fachada, por parte da uma loja de tintas daqui. Com o tempo, a vizinhança batizou esta casa, e o nome pegou”.

A entidade também recebe doações de uma empresa de logística e de uma das indústrias siderúrgicas de Barra Mansa. E costuma receber doações de alimentos e de fraldas geriátricas, que são colocadas em um carrinho de supermercado pintado de rosa e que fica na entrada da sede. Os interessados também podem fazer doações em dinheiro pelo Pix (pela chave 36142802000183).

Outras informações sobre a Casa Rosa podem ser obtidas pelos telefones (24) 99943-8542/3028-8060, ou pelas redes sociais Facebook e Instagram).

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