Cores que representam a alegria e o sofrimento da dor

Começa nesta quarta-feira, dia 7, no Museu de Arte Moderna de Resende (MAM) a exposição “O Sentido da Cor”, da artista plástica Daniela Marton (foto ao lado). A mostra é resultado de um trabalho que se iniciou praticamente ao mesmo tempo em que a artista começava a conviver com as dores de uma Disfunção Temporo Mandibular (DTM) diagnosticada no ano de 2016.

– Trabalho com as artes plásticas desde 2017, quando ingressei na faculdade de Artes Visuais. Como estava no processo de tratamento para a DTM, sentia dores terríveis e isso impactava, como ainda impacta, nos meus trabalhos de pintura e escultura – conta Daniela.

Devido a isso, a artista teve que aprender a conviver com uma doença que causa dores intensas e limitações físicas das funções mastigatórias e orais, tendo que adaptar sua alimentação e atividades do dia-a-dia devido às dores intensas na cabeça provocada pela doença, além de fazer uso de medicamentos pesados para controlar a dor.

Todo esse processo interferiu profundamente nas obras de Daniela, que resolveu tirar partido disso para criar o seu processo artístico, que aconteceu em duas etapas: uma com dores muito intensas e outro sem as dores. Dessa forma, ela percebeu que ambas as etapas causam um impacto no resultado final do seu trabalho artístico.

Para criar esse diálogo do seu corpo diante da dor e sua reação diante da doença crônica, Daniela partiu na pintura uma relação entre o figurativo (disforme e desfigurado algo que remete a dor) e o não-figurativo, entre figura e fundo, sendo mais predominante a linguagem abstrata, somado com o uso das cores na qual onde há momentos do ápice da dor cores mais escuras e opacas marcado por matizes de vermelho e azul pintura mais matérica, já sem as dores cores mais vibrantes, saturadas e fluidas marcado pela predominância de manchas.

– No entanto essa temática da convivência da dor pode ser direcionada para todas as pessoas que convivem com isso, sendo uma questão contemporânea, pois está ocorrendo um aumento considerável de pessoas com doenças crônicas sejam elas físicas ou emocionais – cita a artista.

Ela aproveita para falar sobre a pessoa que se transformou nos últimos seis anos, com a descoberta da DTM e das artes. “A Daniela antes da doença, vamos dizer que tinha uma vida mais tranquila com as preocupações do dia a dia. Depois da descoberta da doença passei a ter uma vida com mais cuidados, não dando tanta importância para as coisas pequenas do dia a dia, tentando levar a vida mais leve. No entanto, às vezes as dores vêm, me obriga a ter um olhar mais cuidadoso comigo. A arte me ajuda nisso, a ter um olhar mais introspectivo. Por mais que às vezes, as dores venham fortes e venha junto um desânimo, a arte me faz olhar para a vida de um modo mais leve e sereno”.

Moradora de Curitiba/PR, a artista conta que escolheu o MAM Resende para sua exposição por conhecer toda a sua história e importância no cenário das artes visuais. “Quando vi o edital enviei a proposta expositiva. Fiquei muito feliz e honrada pela oportunidade de expor no MAM Resende”, completou.

A exposição “O Sentido da Cor”, ficará aberta para visitação no MAM de Resende até o dia 6 de janeiro, com entrada gratuita. O horário para visitação é das 10 às 17 horas, na sede do MAM, na Rua Dr. Cunha Ferreira, 104, no Centro Histórico.

Fotos: Divulgação

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