Com uma disputa equilibrada e emocionante, o candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o atual presidente e candidato a reeleição Jair Bolsonaro (PL), por 50,9% a 49,1% no início da noite deste domingo, dia 30. Com 99,75% das urnas apuradas, esta foi a menor diferença da história brasileira desde a redemocratização de 1985. O recorde antigo era de 2014, quando Dilma Rousseff (PT) bateu Aécio Neves (PSDB) por 51,64% a 48,36%.
Quando assumir, em janeiro, Lula, que completou 77 anos na última quinta-feira, dia 27, será o mais velho ocupante do cargo na história. Será sua terceira passagem pelo governo, que liderou em dois mandatos (2003-2010).
Após a campanha de 2018, quando os brasileiros elegeram um obscuro deputado federal dono de um discurso radical de direita em reação à implosão vigente do sistema partidário tradicional, desta vez a maioria do eleitorado buscou conforto numa figura conhecida.
Com efeito, Lula passou a jornada eleitoral vendendo a ideia de uma volta ao passado, quando a economia mundial era outra e favorável ao Brasil. Os diversos escândalos de corrupção associados ao seu partido, o PT, mantiveram sua rejeição alta, acima dos 40%, mas o caráter plebiscitário do pleito foi pior para Bolsonaro, que sempre registrou ao menos 50% de rejeição dos eleitores.
Desde 2020, fala-se abertamente acerca do golpismo do atual presidente e qual apoio ele poderia angariar, levando até a inusuais manifestações em favor da democracia brasileira feitas pelos Estados Unidos.
A campanha, salvo lamentáveis episódios em que houve mortes, só esquentou retoricamente ao longo do segundo turno, após Bolsonaro chegar a ele com uma votação superior à que se antecipava com base nas pesquisas. Voto útil de eleitores de Ciro Gomes (PDT) e abstenção foram apontados como responsáveis.
Pelo caminho ficaram o pedetista e Simone Tebet (MDB), surgidos das ruínas do projeto de terceira via que vitimou João Doria (ex-PSDB, fora do pleito), Sergio Moro (União Brasil, eleito senador) e tantos outros. Ambos apoiaram Lula, mas a emedebista ganhou assento e voz na campanha, sugerindo que o governo do petista será de transição.
Dessa forma, Bolsonaro é o primeiro presidente da República que não consegue se reeleger desde que os candidatos passaram a ter direito a um novo mandato seguido via eleições.
Fonte: Folha de São Paulo