Conselho de Cultura recomenda discussão em audiência pública para obra em Mauá

Andréa Corrêa: “As quadras são totalmente incompatíveis com o patrimônio na entrada da vila”

Por volta das 16h30 desta segunda-feira, dia 17, o presidente do Conselho de Cultura de Resende, Wilsinho Ramalho, destacou que existe a necessidade de realizar uma audiência pública entre os moradores e comerciantes da vila de Visconde de Mauá para se debater sobre a obra da área de lazer realizada pela Prefeitura de Resende e Governo Estadual.

– Todas as nossas solicitações que foram feitas à secretaria foram atendidas. Apresentamos projetos e a gente sempre teve diálogo, o que nos vamos solicitar é exatamente essa audiência pública com a comunidade para que cheguem a um consenso. Na verdade, a obra não pode continuar porque não tem o parecer. A nossa intenção não é prejudicar comunidade nem favorecer ninguém. A nossa intenção é chegar na melhor solução possível – disse o presidente.

Esta é a primeira vez que um dos conselhos abriu sua reunião para ouvir os moradores e comerciantes da localidade, e o evento ainda contou com presença da secretária de Desenvolvimento Urbano, Denise de Abreu Manhaes, que apresentou o projeto divulgado pelo governo municipal, através da equipe do prefeito Diogo Balieiro, em agosto do ano passado. O evento desta segunda aconteceu no antigo Plenário da Câmara de Resende.

Moradores e comerciantes protestam contra o projeto por infringir a legislação que proíbe intervenções em um raio de 100 metros de distância da Igreja de São Sebastião, segundo o Artigo 31 da Lei Municipal nº 3446/18.

Projeto apresentado por Denise foi muito criticado pelos moradores e comerciantes por não ter sido atualizado

Anunciada como uma das três pautas da reunião, a discussão sobre a obra acabou sendo a primeira a ser lida pelos membros do conselho, o que fez com que o encontro se prolongasse em quase duas horas e mais e acabasse virando uma espécie de audiência pública, com direito a bate-boca e críticas ao projeto apresentado por Denise, que passou por algumas mudanças sem o conhecimento dos moradores.

– Vou falar do ponto de vista técnico, por ser arquiteta há 25 anos, durante muito tempo trabalhei em um patrimônio histórico. Do ponto de vista, as quadras são totalmente incompatíveis com o patrimônio na entrada da vila, incompatíveis em relação ao valor paisagístico. Sou arquiteta e estou vendo o projeto ser mantido da mesma maneira que antes! – critica a arquiteta Andréa Corrêa, que vive no Lote 10 há três anos.

A comerciante Thirza dos Santos também percebeu que nem todas as mudanças solicitadas pelos moradores anteriormente foram atualizadas no mapa do projeto. “Em primeiro lugar, a gente está discutindo em cima de um projeto e nem tudo que está ali foi observado na fala da Denise. Se aproximar um pouco o mapa a gente vai ver que ainda tem a churrasqueira e grama sintético, também prevê a demolição do vestiário. Isso é parte de uma construção e não uma revitalização, tem um quiosque ali também. Esse mapa não está atualizado”.

Thirza ainda reitera que existe uma fonte que não está contemplada na planta, localizada entre o quiosque e o vestiário, que é mais antiga que a própria igreja, e não esta sendo assistida pelo poder público.

Reunião durou mais de duas horas: conselheiros, moradores e comerciantes compartilharam suas opiniões sobre a obra

– Esse projeto final tem que ser colocado pra todo mundo discutir a verdade. Essas informações foram negadas para nós, estamos pedindo isso desde o ano passado uma audiência pública, se levássemos tudo isso para a comunidade evitaríamos essa divisão. A gente quer praça, mas não quer dessa forma, com churrasqueira e grama sintética.

Quem também esteve presente foi o arquiteto e ex-secretário de Obras de Resende, Ruy Saldanha, que criticou a falta de diálogo com os conselhos do município acerca do assunto. “Aqui houve um erro fundamental, seja por incapacidade ou por necessidade política de se fazer algo de forma apressada, de não se ouvir os conselhos, de se discutir com os moradores locais. A gente está vendo uma falta de respeito, já tivemos um exemplo de erro cometido por outro colega, de colocar uma ponte ao lado da outra (Ponte Velha). Não podemos repetir isso!”

Após o evento, a secretária Denise também se pronunciou ao final informando que encaminhará uma solicitação ao Governo do Estado para paralisar mais uma vez a obra. “Vou comunicar essa decisão da reunião hoje ao Governo do Estado, eles é que têm que paralisar a obra, pois a ordem de início das obras foi dada pelo Estado, que tem parceria do município e da empresa responsável. Vou sair daqui, vou conversar com o prefeito, colocar as condições dessa reunião para ele e o que for decidido vamos acatar”, completa.

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