Erro em vacinação de bebê vira caso de polícia na Fazenda da Barra II

Preocupadas com os efeitos colaterais da vacina, Géssica (à esquerda) e a mãe, Simone, denunciaram na polícia erro de enfermeira em posto da Barra II

Atualizado dia 8, às 11h50

Nesta terça-feira, dia 4, circulou em um grupo nas redes sociais um vídeo que mostra a avó de uma bebê de 4 meses criticando o atendimento em um posto de saúde no bairro Fazenda da Barra II. Nas imagens, a cozinheira Simone Fortunato aparece do lado de fora da unidade de saúde reclamando que a neta, que foi levada para receber as vacinas do calendário nacional indicadas para a faixa etária da criança, teria recebido uma dose da Coronavac (contra Covid-19) por engano, já que este último imunizante só deve ser aplicado a partir dos 3 anos.

No vídeo, Simone cita o nome da profissional que aplicou a vacina errada na bebê, e que estava levando a criança ao pediatra pra que fosse examinada. Após o procedimento, que incluiu uma ida ao Hospital da Criança, não satisfeita com o atendimento recebido pelos médicos, a família registrou o caso na 89ª DP (Resende) no mesmo dia.

O caso envolvendo a vacinação dada de forma incorreta na neta de Simone aconteceu na última segunda-feira, dia 3, quando a família decidiu levá-la na manhã daquele dia para receber a segunda dose dos imunizantes pentavalente (contra a difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e a bactéria haemophilus influenza tipo b), VIP (contra poliomielite), pneumocócica (contra bactérias pneumococos) e contra o rotavírus, na unidade de saúde do bairro onde moram.

–  Levamos minha filha para tomar as quatro vacinas, e até então não havia nada de errado, mesmo que ela tenha chorado muito após a aplicação dos imunizantes (a bebê apenas apresentou sonolência e irritabilidade). Só que no dia seguinte, fizeram contato comigo via aplicativo e me pediram para voltar ao posto por ter havido um erro no lote da vacina aplicada – relembra a mãe da criança e filha de Simone, a cozinheira Géssica Fortunato da Silva.

Foi então, que ao chegar no posto, Géssica e Simone se depararam com todos os integrantes em reunião, sendo a mãe levada para uma sala reservada do local, onde recebeu a notícia sobre o erro na aplicação da vacina contra a poliomielite, sendo que uma enfermeira teria se confundido e trocado a VIP pelo imunizante da Coronavac (a dose recebida chegou a ser registrada, e posteriormente apagada com um corretivo por cima). Ainda no local, a bebê foi examinada no posto por um médico, que não encontrou nada de anormal na saúde dela.

Ainda preocupadas com possíveis efeitos da Coronavac na bebê, fora a não aplicação correta da VIP, as duas conseguiram uma ambulância e se dirigiram ao Hospital de Criança, onde outra médica sequer examinou nem submeteu a criança a exames, liberando-a em seguida. Não satisfeitas, entraram com queixa na polícia. Questionadas sobre as justificativas dadas para o erro da enfermeira no posto, mãe e filha revelaram que os profissionais pediram que as mesmas permanecessem caladas.

– Lá no posto, eles nos pediram para não denunciar com ninguém nem denunciar o caso, apesar de uma conhecida minha advogada pedir que eu fizesse o contrário, divulgando inclusive nas redes sociais, com todo o cuidado para não ofender. E lá no posto ainda defenderam a profissional, dizendo que era um ‘anjo’, e que estava na função há quatro anos. No local, nos falaram que ela acabou se confundido com os frascos das duas vacinas (VIP e Coronavac), que são muito parecidos. Só que hoje outra profissional desmentiu essa informação, dizendo que os frascos são diferentes – cita Simone.

A avó também conta que percebeu que por trás da confusão feita pela enfermeira, a mesma estaria sobrecarregada no serviço. “Eu soube que ela vinha muito sobrecarregada dentro do posto, pois estava sozinha cobrindo as férias de outros colegas, e reclamando muito dessa situação dentro do local de trabalho. Sem contar que lá no posto é uma bagunça, já trocaram exames de pacientes e até devolveram documentos errados”, destacou.

Géssica ainda frisou que a mãe tentou entrar em contato tanto com o prefeito (Diogo Balieiro), mas sem sucesso. “Minha mãe entrou em contato com o prefeito, e até agora ele não nos respondeu e sequer deu satisfação. Isso está acontecendo diante dos olhos dele, que não tomou nenhuma providência”, completou.

A bebê foi encaminhada na tarde desta quarta-feira, dia 5, para fazer um exame de corpo delito, momento em que o jornal BEIRA-RIO esteve entrevistando mãe e filha. A avó entrou em contato com a produção da matéria ainda na tarde desta quarta, informando que foi constatada uma pequena lesão no local da vacina e que a menina terá que retornar no dia 4 de novembro, mas que o laudo só poderá ser entregue a pedido de um advogado. “O médico me disse que ela terá que ser monitorada e por isso teremos que retornar para um novo exame no próximo mês”, respondeu.

A equipe do jornal entrou em contato com a Secretaria de Saúde, que em nota informou que “está prestando toda a assistência a bebê e à família com visitas diárias de um agente comunitário de saúde, além do acompanhamento da equipe da estratégia saúde da família e de um pediatra’.

A nota ainda acrescenta que a bebê não apresentou nenhum tipo de sintoma, como febre, vermelhidão no local, ou qualquer outra reação adversa, mas continuará sendo monitorado pelo município durante os próximos 30 dias, por orientação da Secretaria Estadual de Saúde, que foi informada pelo município sobre o caso.

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