Historiadores tentam salvar patrimônio arquitetônico do Centro Histórico de Resende

Presidente do Inepac, Ana Cristina (à esquerda), durante visita ao Centro Histórico de Resende, orienta autoridades e integrantes da Ardhis sobre preservação do local

Nesta segunda-feira, dia 8, representantes do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) estiveram visitando o Centro Histórico de Resende. A visita ao município aconteceu a pedido de integrantes da Academia Resendense de História (Ardhis) e de outros moradores da cidade preocupados com a ameaça de destruição do Centro Histórico.

O grupo inicialmente se reuniu na Praça Oliveira Botelho, onde trocaram informações. Além disso, os representantes da Ardhis e outros representantes de Resende recebeu orientações do órgão sobre como este pode colaborar para a preservação da história arquitetônica e patrimonial do município que esta concentrada no Centro, onde nos últimos meses ocorreu a demolição total de dois prédios de duas casas de estilo colonial.

Posteriormente, o grupo visitou outros patrimônios subutilizados pela gestão pública local devido a falta de manutenção, como o antigo Paço Municipal e Cadeia Pública, atualmente sede da Fundação Casa da Cultura Macedo Miranda (FCCMM), e o Cine Vitória, adquirido em 2010 pela Prefeitura de Resende, sendo que os representantes do Inepac também sugeriram formas de recursos para recuperação desses espaços.

Estiveram presentes, além da presidente do Inepac, Ana Cristina Carvalho da Silva, e o diretor do Departamento de Pesquisa e Documentação do instituto, Leonardo Alves, a historiadora e pesquisadora Sonia Pozzato; o presidente do Conselho Municipal de Turismo de Resende, Antônio Carlos Abrão Teixeira, o Tonhão; e o vereador Matheus Oliveira (Podemos), que se colocou à disposição para colaborar caso precisasse de alguma nova lei.

A presidente do Inepac ainda citou durante o encontro que o instituto “sugeriu que seria interessante um tombamento de conjunto, tendo a Praça Oliveira Botelho como ambiência (área que ambienta) desse conjunto de patrimônios, o que valorizaria o município, criando um corredor turístico cultural”.

O presidente do Conselho Municipal de Turismo se disse satisfeito com a visita do Inepac pelo momento de negligenciamento pelo qual o patrimônio histórico passa em Resende. “Eu fiquei muito feliz com com a presença dela (presidente Ana Cristina) aqui. Mostrei para ela a tristeza da gente pelo fato de que nos últimos três anos, três casarões históricos foram demolidos aqui. Cheguei a mostrar um deles aqui no Centro, quando o trator estava acabando de sair. Em pleno 2022 isso acontecendo”, lamentou Tonhão, que adiantou os planos do conselho em relação a preservação histórica.

– Faremos o trabalho em conjunto com o Conselho Municipal de Turismo, que vai dirigir tudo isso junto com todas as entidades resendenses patrimoniais e preservacionistas pra resgatar esse histórico – antecipou o presidente, que ainda citou fatos que podem estar se perdendo com a demolição desses imóveis.

– Foi muito importante esse órgão de preservação estar em Resende nos passando muita dica, também repassamos muita coisa de importância histórica pro nosso município e pro estado do Rio de Janeiro, porque Resende é muito rica historicamente, muito importante e vem sendo esquecida governo após governo. Um dos exemplos é a nossa história da produção do café no contexto nacional, sendo que em 2027 nós vamos fazer 300 anos da implantação do café em Resende, e ninguém vê importância histórica nisso. Por isso a gente tem que tentar resgatar, nós vamos trabalhar junto com o Inepac.

Sonia Pozzato reiterou que “a vinda da Diretora do Inepac a Resende foi providencial tendo em vista o estado lastimável do Patrimônio Histórico de Resende”.

Há poucos dias, um dos casarões do Centro Histórico (acima, foto do imóvel, de 2017), localizado na Rua Eduardo Cotrim, começou a ser demolido (Foto: Reprodução/Google Maps)

– Como temos três bens tombados pelo Instituto (Ponte Velha, antigo Paço Municipal e Cachoeira da Fumaça). Acho que eles deveriam dar mais atenção e apoio ao Curador Municipal, oferecendo, inclusive, apoio técnico financeiro. Com essa visita, aprendemos muito e tomamos conhecimento de que muitos jovens estão interessados neste assunto, haja vista a Faculdade de Arquitetura da Estácio estar elaborado um trabalho com os alunos, visando o mapeamento desses imóveis e seu valor histórico. Isto nos enche de esperança – completa Pozzato.

O presidente da Ardhis, Marcos Cotrim, também fez uma avaliação positiva sobre a visita do instituto, mas critica a política de preservação patrimonial do município. “O Inepac vai se somar às iniciativas municipais quanto à preservação de nosso patrimônio histórico e cultural. Entretanto, Resende está muito atrasada na construção de uma política eficaz neste setor. Temos muito evento e pouco cuidado com patrimônio. Muita ‘produção cultural’ com suas verbas e pouca estrutura para viabilizar o patrimônio”, analisa.

Além dos imóveis históricos citados, também foram visitados o mais antigo sobrado construído em Resende, onde vivia Dona Benedita, conhecida como a Rainha do Café, na Rua Quinze de Novembro; a Praça do Centenário; a antiga sede da Associação Operária de Resende, na Rua Eduardo Cotrim; e a antiga Caixa D’Água, na entrada do bairro Alto dos Passos, onde hoje funciona o Arquivo Histórico.

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