No Dia de Hoje – 29 de janeiro

Maioria dos pacientes procuram tratamento já com sequelas da doença (Foto: Reprodução/O Livre)

O dia 29 de janeiro marca o Dia Internacional do Hanseniano, uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) que surgiu a partir dos esforços do escritor francês Raoul Follereau, que nos anos de 1960 fundou uma associação de auxílio aos leprosos, especialmente nos países africanos.

Conhecida como uma das doenças mais antigas do mundo, uma vez que os primeiros registros datam de 1350 a.C., ainda que os números hoje sejam menores, a hanseníase ainda tem números altos no Brasil. Somente no país há 2,7 pessoas acometidas pela doença a cada 10 mil habitantes, e erradicar essa condição do país está entre as metas das políticas de saúde pública no Brasil.

A hanseníase é uma doença contagiosa causada pela Mycobacterium leprae, uma bactéria também conhecida como bacilo de Hansen, nome dado em homenagem ao cientista que descobriu esse microrganismo, o norueguês Gerhardt Henrik Armauer Hansen. Antigamente, a doença era conhecida como lepra, nome que carrega um grande estigma e reforça a discriminação contra as pessoas que têm a doença.

Por isso, prefere-se evitar esse termo hoje em dia, tanto que no Brasil a Lei n° 9.010/95 proíbe o uso do termo “lepra” em administrações públicas como sinônimo da hanseníase, pois a doença é popularmente confundida com a lepra bíblica.

Em virtude da data, o Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira, dia 25, ações para a prevenção, diagnóstico e tratamento da hanseníase, iniciativas divulgadas como parte da campanha de mobilização do enfrentamento à doença denominada Janeiro Roxo.

Dentre as ações para este ano, foram incorporados ao Sistema Único de Saúde três novos testes para detectar a patologia, um deles, o teste rápido. Um novo protocolo clínico com diretrizes para o tratamento será publicado em março, com orientação aos profissionais de saúde.

Será feita uma campanha de capacitação de médicos da atenção básica, apelidada de Carreta da Saúde da Hanseníase. As qualificações serão realizadas em cinco estados: Mato Grosso, Maranhão, Ceará, Piauí e Bahia.

Outra iniciativa será a implementação do Telehans, um serviço remoto para auxiliar a realização de diagnósticos de hanseníase. O propósito é ampliar a resolutividade dos diagnósticos da doença. Um aplicativo também será disponibilizado para apoiar os profissionais de saúde nos exames e tratamentos.

Durante a pandemia, foi identificada uma queda nos registros de novos casos. Enquanto em 2019 foram confirmados 27.684 novos diagnósticos de hanseníase, em 2020 o número foi de 17.979. O representante do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Nereu Mansano, manifestou preocupação com essa redução.

– Nem sempre a queda de taxa de detecção é notícia boa. Nestes últimos dois anos [a redução] se deve a menor procura do diagnóstico. Isso aumenta o risco de um diagnóstico em fase mais avançada e maior risco de sequelas – declarou.

Segundo boletim epidemiológico sobre a hanseníase no Brasil, divulgado pelo ministério hoje, os quase 18 mil novos casos no Brasil em 2020 representam 93,6% dos novos diagnósticos notificados nas Américas nesse ano. Brasil, Índia e Indonésia foram responsáveis, sozinhos, por 74% dos 127.396 novos casos em todo o mundo.

Quanto ao perfil sociodemográfico, nos últimos anos (2016-2020) a doença foi mais prevalente em homens (55%) do que mulheres (44%); em pardos (58,9%) do que brancos (24%) e pretos (12%) e na faixa de pessoas com ensino fundamental incompleto (40,9%) do que entre os com ensino médio e ensino superior completo (15%).

As regiões com as taxas mais altas de infecção (por 100 mil habitantes) nos últimos anos foram o Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Em 2020, os estados com os maiores índices foram Mato Grosso (71,4), Tocantins (53,9%) e Maranhão (28%).

Fontes: Medprev e Agência Brasil

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