Após sofrer críticas, MS inclui crianças no programa de vacinação contra Covid-19

Ao contrário do Brasil, países como a Itália já começaram a vacinar crianças (Foto: Andrew Medichini/AP)

Em coletiva realizada na tarde desta quarta-feira, dia 5, o Ministério da Saúde (MS) divulgou as regras para a vacinação de crianças de 5 a 11 anos no Plano de Imunização Nacional (PNI). No entanto, o órgão abriu mão da exigência de receita médica para imunização dessa faixa etária, após o governo e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, serem duramente criticados, e a realização de uma consulta pública apontar que a maioria foi contrária à medida.

Segundo o ministério, o primeiro lote de vacinas pediátricas deve chegar ao país no próximo dia 13 e a distribuição começará a ser feita no dia seguinte. A data de início da aplicação das doses, no entanto, ainda não foi anunciada.

Ainda assim, o governo orienta que os pais “procurem a recomendação prévia de um médico antes da imunização”. Dentre as outras regras anunciadas estão: a vacinação em ordem decrescente de idade (das crianças mais velhas para as mais novas), com prioridade para quem tem comorbidade ou deficiência permanente; a autorização por escrito só será necessária se não houver pai, mãe ou responsável presente no momento em que a criança for vacinada; e a primeira e a segunda dose serão aplicadas com intervalo de oito semanas – um prazo maior que o previsto na bula, de três semanas.

Segundo o IBGE, o Brasil tem cerca de 20,5 milhões de crianças nessa faixa etária. O Ministério da Saúde informou nesta quarta que já encomendou “mais de 20 milhões de vacinas pediátricas da Pfizer” – o que seria suficiente para a primeira dose, mas não para completar o ciclo vacinal. A previsão do MS é que é que essas unidades sejam entregues no primeiro trimestre deste ano, e que até o fim de janeiro, a estimativa é que 3,7 milhões de doses cheguem ao país.

Segundo a secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid, Rosana Leite de Melo, a decisão de prever um intervalo obrigatório de oito semanas entre as doses tem o objetivo de aumentar a produção de anticorpos nesse período. O maior prazo, diz a secretária, pode reduzir o risco de que as crianças desenvolvam algum efeito adverso (mesmo sendo algo raro).

A coletiva acontece um dia após o Ministério da Saúde apresentar os resultados da consulta pública e também convidou entidades e profissionais ligados ao tema para uma audiência pública. Sociedades médicas e científicas defenderam a vacinação de crianças de 5 a 11 anos. Foi aprovado no país em 16 de dezembro pela Anvisa o uso de uma versão pediátrica da vacina da Pfizer para aplicação nas crianças, mas desde então o ministro Marcelo Queiroga afirmou diversas vezes que a autorização da agência não é suficiente para iniciar a vacinação.

Vacinas para crianças de 5 a 11, de dosagem diferente da aplicada ao restante da população, são identificadas pela tampa laranja (Foto: Tobias Schwarz/AFP)

Em 20 de dezembro, o ministro disse que a “pressa é inimiga da perfeição” e que a pasta só teria uma posição sobre o tema nesta quarta, 5 de janeiro.

Os frascos das vacinas para crianças de 5 a 11 anos tem diferenças em relação à que foi aplicada nos adultos. Por isso, o governo federal terá que comprar uma versão específica do produto com dosagens e frascos diferentes, apesar de o princípio ativo ser o mesmo. A mesma autorização de uso já foi concedida pelo FDA e pela EMA (agências regulatórias de saúde dos Estados Unidos e União Europeia).

Em outubro, a Pfizer disse que a vacina é segura e mais de 90,7% eficaz na prevenção de infecções em crianças de 5 a 11 anos. O estudo acompanhou 2.268 crianças de 5 a 11 anos que receberam duas doses da vacina ou placebo, com três semanas de intervalo. A dose para as crianças entre 5 e 11 anos de idade é 1/3 da formulação já aprovada no Brasil, com dosagem de 10 microgramas. Durante a imunização, a criança que completar 12 anos entre a primeira e a segunda dose deve manter a dose pediátrica.

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