Internação compulsória é tema de debate

 “Internação Compulsória: a Interface entre a Justiça e a Saúde”, foi o tema do evento realizado esta quinta-feira, dia 18, pelo Fórum Intersetorial de Saúde Mental, promovido pela Secretaria Municipal de Saúde de Resende.

O primeiro a falar foi o delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Orlando Zaccone (foto), autor do livro “Acionistas do nada”. A favor da descriminalização das drogas e contra a internação compulsória, tema do fórum, Zaccone acredita que este tipo de evento é de suma importância, em todos os âmbitos sociais “Quem está na área da saúde precisa ter acesso à estas informações, e nada melhor que profissionais experientes para passa-las”, comentou.

Depois foi a vez da psicóloga do CAPSad, Marise Ramôa, discursar sobre a questão jurídica e a internação compulsória, se posicionando contrária à prática. “a internação é o último recurso que a gente usa”, justificou. O CAPSad é responsável pelo atendimento aos dependentes em álcool e outras drogas. A unidade conta com psicoterapeuta, clínico geral e psiquiatra. A assistência é prestada também aos familiares dos pacientes. Os serviços oferecidos são: terapia, prevenção à recaída, atendimento à família, atendimento acolhedor e oficinas terapêuticas, como de música, teatro, capoeira e trabalhos com papel reciclado. O atendimento é intensivo, semi-intensivo e não-intensivo, sempre de acordo com a necessidade de cada caso.

Finalizando a composição da mesa, Sandra Pacheco, terapeuta ocupacional na área técnica infanto-juvenil, também discursou contra a internação “é mais fácil a internação, do ponto de vista da opinião pública, tirou da rua, ninguém está mais vendo, aí se cria um abrigo com 400, 450 pessoas. Ignora-se a causa do problema. Afasta-se essa pessoa da família, do convívio social e ainda acham que essa é a primeira e melhor opção”, explicou. Em uma visão crítica, ainda analisou a questão da saúde “nós precisamos potencializar a rede de saúde no país, é uma realidade”, concluiu.

A superintendente do Programa de Saúde Mental, Ângela dos Santos Monteiro, ainda anunciou a novidade:

— A partir de segunda-feira (22) o CAPSad ampliará seu funcionamento, anexando o terceiro turno, noturno. Os pacientes agora poderão freqüentar o local até as 21h, relatou. “a medida foi proposta devido a muitos pacientes terem conflito com o horário devido ao expediente do trabalho”, explicou, acrescentando ainda que já está sendo visada a construção do CAPS3, que possui atendimento 24h à população. Angela Monteiro explicou que já estão buscando terrenos para a construção da unidade.

O fórum contou com a presença de mais de 100 pessoas, incluindo estudantes, representantes do poder público, profissionais da área e pacientes dos CAPS, como Miriam Fernandes, de 51 anos, paciente há 9 anos do CAPSad de Resende:

— Muito bacana a palestra, a gente escuta novas informações, como a mudança do horário de atendimento. Estou no CAPS há 9 anos e sou outra pessoa, me dou bem com minha filha e diminuí muito a bebida, relatou, ainda tecendo elogios “lá para mim é como se fosse minha segunda casa, me sinto muito bem lá”, concluiu.

Viviane da Silva, de 36 anos, outra paciente do CAPSad também comentou a experiência com o serviço:

— Eu era muito depressiva, tinha tentado suicídio duas vezes, bebia. Estou a 5 meses apenas, mas já noto uma diferença grande, sou feliz agora, me sinto mais leve. Se você aparece com algum problema, qualquer um está pronto para te ouvir, e tem ainda o artesanato que nós aprendemos lá. Muitas pessoas que não tinham renda encontraram graças ao artesanato, contou. Para Silva, o único problema é a questão da alimentação “tem gente que fica lá o dia inteiro e tem que ir embora sem lanche da tarde. Eles oferecem o café da manhã e o almoço, mas tem gente que toma muitos remédios ao longo do dia e saem de estomago vazio, alguns passam até mal na rua. Mas, como o horário será ampliado isso deve ser mudado também”, argumentou.

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One thought on “Internação compulsória é tema de debate

  1. Enquanto os burocratas ficam montando reuniões, debatendo, trocando idéias (tudo feito à passos de tartaruga) o tráfico cresce como uma progressão geométrica.
    Trá-lá-lá não resolve nada, o que precisamos são de atitudes (sem pensar em votos).
    Tem que ser feito, vamos fazer, não me importa se vou desagradar os viciados e traficantes e nas eleições vou perder os votos deles e de suas famílias.
    Srs. prefeito e governador, lembrem-se, pessoas de bem também votam, e elas são a maioria.

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