Acidente e reação alérgica fazem empresária criticar atendimento de posto em Mauá

Desde a última quarta-feira, dia 29, uma petição publicada por uma moradora da vila de Visconde de Mauá, em Resende, começou a circular na internet. Na página da petição, que já alcançou quase 150 das 200 assinaturas (segundo a última atualização, na mahã deste sábado, dia 2), a empresária Renata Cholbi (foto) reivindica a presença de um médico que atenda 24 horas e também de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas. Segundo a publicação, ela acha absurdo só existir uma médica no posto de saúde da Vila de Mauá.

– A enfermeira que fica no posto nem o procedimento básico consegue fazer por falta de médico, se precisar tomar medicação temos que descer a Resende, já passou da hora de termos uma UPA na região com atendimento 24h, médicos e aparelhos básicos para um atendimento. Quando ela não está ficamos a mercê da própria sorte. O que adianta o posto aberto 24h sem condições para atender a população? – desabafa a empresária.

Ela resolveu criar a petição quase três meses após um acidente sofrido em seu local de trabalho, e que por pouco não teve a sua vida colocada em risco. Moradora da vila de Mauá há cinco anos e proprietária de uma cafeteria, ela sofreu um grave acidente há dois meses ao cair na porta de seu estabelecimento. Por ter apoiado os cotovelos no momento da queda, os ossos do braço direito quebraram em cinco pedaços, fora outros danos. “Como não tinha ambulância no posto por estar em atendimento, fiquei três horas estirada no chão. E quando ela chegou, os funcionários não conseguiam nem me colocar na maca do Samu, como se eles não soubessem fazer uma manobra dessas. Foi muito complicado, muito sofrido”, recorda Renata.

Renata segue se recuperando em casa do acidente, sem condições para trabalhar. Ela precisou passar por cirurgia nos dois braços e cotovelos em um hospital de Resende, tendo que colocar uma placa em braço e pino no outro, e está fazendo fisioterapia em casa. Mas na última semana de setembro, devido a falta de infraestrutura no posto de saúde, por pouco não morreu devido a uma alergia ao medicamento que recebeu para tratar um problema no ombro.

– Nesta semana (final de setembro) tive que descer a Resende pra fazer uma revisão com o médico. Ele me aplicou uma injeção para tratar um problema da síndrome do ombro congelado (capsulite adesiva), por ficar muito tempo com o braço imobilizado. O problema é que eu tive uma reação horrível quando cheguei em casa e corri pro posto da vila. Quando eu cheguei com meu amigo, já estava enrolando a língua e totalmente tomada da alergia. A enfermeira disse que não poderia me dar um antialérgico porque não tinha médico. Se eu não tivesse um amigo que dirige muito, que desceu a serra em 30 minutos, eu não sei o que teria acontecido – cita.

Renata foi levada pelo amigo para o Hospital Samer, onde foi rapidamente medicada com antialérgico e soro, e conseguiu melhorar da alergia. “É um absurdo a gente ficar a mercê da própria sorte!”.

A empresária conta que não chegou a fazer reclamação nem registrou protocolo na Prefeitura de Resende. “Não cheguei a registrar nada a Prefeitura, esse meu problema parece que vai demorar uns seis meses pra me recuperar, foi o que o médico falou. Então eu estou em casa, só desço realmente pra ir a Resende ao médico. Mas tem outras pessoas, tem outros moradores que já passaram pela mesma situação. Só que as pessoas vão se acostumando e se acomodando. Só que não dá, eu acho que já estava na hora de alguém fazer alguma coisa, de colocar a boca no trombone. Isso aconteceu comigo duas vezes (de ficar sem atendimento), a primeira ficar três horas e meia jogada no chão, e agora quase poderia ter morrido. Agora chega! Alguma coisa tem que ser feita não dá mais pra ficar assim!”, diz Renata.

Ela defende de fato a criação de uma UPA para a vila. “Não dá pra ficar assim. Porque a gente não tem só os moradores. Existem também os turistas que passam mal aqui na serra, que procuram o posto de saúde. A gente precisa realmente de um médico aqui vinte e quatro horas, mas o ideal seria uma UPA”, opina Renata, que tem recebido muitas mensagens de seus seguidores e amigos.

Outra moradora do bairro confirma as queixas de Renata. Segundo a empresária Sônia Bittencourt, o Posto de Saúde da Família de Visconde de Mauá (foto), que funciona 24 horas, foi inaugurado em parceria com as prefeituras para que possam atender nos três municípios da região de Mauá (Resende, Itatiaia e Bocaina de Minas). “Uma das cidades (Bocaina) paga uma enfermeira, a outra (Itatiaia) paga as técnicas de enfermagem que trabalham à noite, e além disso tem aqui residente em Mauá uma médica que também atende por lá, só que a mesma está de férias. Ela tem uma substituta às terças, quintas e sextas, fora isso, à noite tem só as enfermeiras as técnicas fazendo plantão”, completa.

A produção do jornal BEIRA-RIO entrou em contato com a Prefeitura de Resende, um das responsáveis pela manutenção da equipe de atendimento do posto, para falar sobre as dificuldades de moradores e empresários com os serviços, mas não obteve resposta até o momento.

Quem quiser apoiar a Renata e participar da petição pode acessar a página da Avaaz clicando aqui.

Fotos: Divulgação/PMR e Arquivo Pessoal

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