No Dia de Hoje – 24 de setembro

Alegria de Ben Johnson (à frente, levantando o braço) com a medalha de ouro durou pouco (Foto: Getty Images)

No dia 24 de setembro de 1988, os Jogos Olímpicos de Seul, na Coreia do Sul, presenciava o caso mais conhecido de doping na história do evento esportivo. O então velocista jamaicano naturalizado canadense Benjamin Sinclair Johnson, mais conhecido como Ben Johnson, ou Big Ben, considerado o homem mais rápido do mundo no fim da década de 1980 quando quebrou por duas vezes o recorde mundial dos 100m rasos e foi campeão olímpico por 48 horas, perdeu a medalha de ouro, os recordes e a reputação, após esse episódio.

Johnson emigrou com a família para o Canadá em 1976, onde se estabeleceram num subúrbio de Toronto. Com talento para velocidade, ele foi descoberto pelo técnico Charlie Francis, ex-campeão canadense dos 100m, no começo da década de 1970. Sob a tutela de Francis, Johnson conseguiu seu primeiro resultado internacional importante nas pistas em 1982, chegando em segundo lugar e ganhando a medalha de prata nos Jogos da Comunidade Britânica daquele ano, realizados em Brisbane, na Austrália.

Em 1984, participou dos Jogos de Los Angeles e se estabeleceu como corredor de ponta, ao chegar em terceiro lugar na final dos 100m e conquistar o bronze. Los Angeles foi o local da primeira grande batalha entre Ben e seu mais duro rival, que por quatro anos seria o seu maior desafio, o até então imbatível norte-americano Carl Lewis. No fim deste ano, ao mesmo tempo em que começava a ganhar uma surpreendente massa muscular, Johnson se firmou como o principal velocista do Canadá, estabelecendo o novo recorde nacional de 10s12 para a distância.

Em 1987, no Campeonato Mundial de Atletismo de Roma, a rivalidade entre o canadense e o norte-americano se encontrava no máximo, com Ben, acumulando quatro vitórias consecutivas contra Lewis, sendo o líder do ranking mundial dos 100m. Johnson surpreendeu então o mundo, não apenas confirmando sua superioridade sobre Lewis e os demais, como demolindo o recorde mundial da prova, cravando a espetacular marca de 9s83. O resultado o transformou Ben Johnson numa celebridade mundial e um sucesso de marketing, passando a faturar cerca de 500 mil dólares mensais em publicidade de acordo com seu técnico e foi nomeado o Atleta do Ano de 1987 pela agência de notícias Associated Press. Em abril daquele ano, ele recebeu a Ordem do Canadá.

O ano de 1988, no entanto, não começou bem para Johnson. Em fevereiro daquele ano ele estirou um músculo e a lesão se agravou nos meses seguintes. Por seu lado, em junho Carl Lewis vencia o Torneio de Paris em 9s99 e quando os dois finalmente se reencontraram na mesma prova em agosto, em Zurique, na Suíça, pela primeira vez desde o Mundial, Lewis venceu em 9s93 enquanto Johnson amargava o terceiro lugar.

Um mês depois, durante a final dos 100m rasos masculino dos Jogos Olímpicos de Seul, ambos voltaram a se enfrentar. No tiro do árbitro da prova, Johnson pula como atirado por molas na frente de todo mundo e numa arrancada impressionante abre mais de dois metros sobre todos os outros competidores até os 80 m da prova, perdendo um pouco de terreno para o segundo colocado, Carl Lewis, nos metros finais. Ao cruzar a linha de chegada, ele demoliu novamente seu próprio recorde, com a marca de 9s79, sendo o primeiro homem do mundo a correr abaixo de 9s80 os 100m rasos.

A mídia mundial enlouqueceu com o fantástico feito de Johnson, saudado pelos jornais de Toronto como “Benfastic!” (Ben + fast – rápido + fantastic – fantastico) para descrever a conquista. Dois dias depois, Johnson testava positivo no teste antidoping dos Jogos, era desmoralizado mundialmente, obrigado a devolver a medalha de ouro entregue a um sorridente Carl Lewis e tinha todos seus recordes mundiais anulados. As manchetes dos jornais canadenses trocaram para: “Por quê, Ben? Por que você fez isso?”

O teste de urina que deixou o mundo perplexo acusou a presença de estanozolol no organismo de Johnson, esteroide banido pelo COI. Johnson foi suspenso do atletismo por dois anos e na inquisição judicial esportiva, realizada em 1989 pelas autoridades canadenses, seu técnico Charles Francis admitiu que ele usava esteroides desde 1981, ministrado pelo próprio técnico numa tentativa de se igualar a dezenas de outros que competiam nestas competições. Francis também foi suspenso.

Após cumprir o tempo de suspensão, que passou praticamente em casa com a família e durante o qual perdeu todos os contratos publicitários que o haviam tornado rico, Johnson tentou voltar as pistas em 1991 sem conseguir resultados animadores, conseguindo ir apenas até as semifinais dos 100m nos Jogos Olímpicos de Verão de 1992 em Barcelona. No ano seguinte, ele foi novamente pego num teste antidoping numa corrida em Montreal e, por ser reincidente, banido definitivamente do atletismo.

Fonte: Wikipédia

Você pode gostar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O limite de tempo está esgotado. Recarregue CAPTCHA.