Campanha da Fraternidade critica o negacionismo à ciência na pandemia

Nesta quarta-feira, dia 17, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) realizaram o lançamento da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021.

Com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”, a campanha será, de acordo com o secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, voltada ao diálogo para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual, em especial no contexto da política e da pandemia de covid-19.

– O vírus, já tão letal em si mesmo, encontrou aliados na indiferença, no negacionismo, no obscurantismo, no desprezo pela vida. Sejamos portanto aliados na responsabilidade, na lucidez e na fraternidade – disse Amado, durante o lançamento virtual da campanha.

Ele explica que o tema do diálogo é uma continuidade da campanha de 2020, sobre cuidado mútuo entre as pessoas, e não se trata de “querer que todos pensem do mesmo modo”, mas de perceber que a diferença é o convite ao diálogo. “É triste ver que nosso tempo vem apresentando a marca da radicalização, da polarização e desrespeito às pessoas, em especial às mais simples e vulnerabilizadas”, disse.

Esta é a quinta edição ecumênica da campanha  (além dos anos de  2000, 2005, 2010 e 2016), tradicionalmente realizada pela CNBB todos os anos no tempo da Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa. As edições ecumênicas da campanha têm como objetivo congregar diversas denominações cristãs com o objetivo de valorizar as riquezas em comum entre as igrejas.

A campanha, no entanto, mal começou e já vem sendo alvo de ataques de críticas de grupos ultraconservadores. Segundo eles, a campanha estaria deturpando os valores cristãos e defendendo pautas que eles chamam de marxistas. Um dos pontos mais criticados na campanha por esses grupos, incluindo alas conservadoras da Igreja Católica, é a abordagem sobre questões de gênero, uma vez que a mesma critica a violência contra grupos de mulheres, negros e público LGBTQIA+.

“Não apenas tem o intuito de quebrar a barreira em relação ao que a doutrina da igreja considera pecado, que é o homossexualismo [sic], mas muito pior (…), lança uma nova religião”, diz o presidente do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, Frederico Abranches Viotti, que condena a abordagem da CNBB que ele julga “pró-LGBT”.

CNBB RESPONDE CRÍTICAS
Em nota publicada no último dia 9, a CNBB respondeu às críticas dos grupos ultraconservadores, citando que estes “apresentam argumentos que esquecem da origem do texto, desejando, por exemplo, de uma linguagem predominantemente católica”, além de trazer “preocupações com relação a aspectos específicos, a saber, as questões de gênero”.

A entidade ainda cita que “a doutrina católica sobre as questões de gênero afirma que ‘gênero é a dimensão transcendente da sexualidade humana, compatível com todos os níveis da pessoa humana, entre os quais o corpo, a mente, o espírito, a alma. O gênero é, portanto, maleável e sujeito a influências internas e externas à pessoa humana, mas deve obedecer a ordem natural já predisposta pelo corpo'”, se baseando nos “termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas”, dos documentos do Pontifício Conselho para a Família.

Foto:  Divulgação/CNBB

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