Atualizado dia 14, às 10h38
Imagine esta cena: por volta das 18 horas desta segunda-feira, dia 12, você decide preparar o jantar no fogão. E poucos minutos depois, acontece um clarão seguido de incêndio dentro da própria cozinha. Esta foi a situação dramática vivida pela técnica de enfermagem Simone Mattos Ferreira de Jesus, que há pouco mais de quatro meses se mudou para o apartamento 402 do Bloco 11B do Condomínio Recanto das Borboletas, no bairro Cabral, em Resende, e desde então mora sozinha no local.
– Foi um desespero só! São quatro andares, e as pessoas correram pra me ajudar aqui no apartamento, pois eu gritava da porta do meu apartamento por ‘socorro, meu apartamento está pegando fogo!’. Teve gente que foi me ajudar no apartamento, enquanto outros vizinhos tiveram que deixar seus apartamentos às pressas – relata a técnica de enfermagem, que ficou em estado de choque após o incêndio.
Ela ainda conta que o susto que passou foi muito grande, e que teve de ser medicada devido ao estado de choque. “Parecia ser coisa de cinema, não consigo tirar da minha cabeça a cena que vivenciei. Foi um problema no encanamento do gás! Os Bombeiros me atenderam dentro do carro deles, graças a Deus não me machuquei. Estava com a panela de sopa cozinhando e aí o local começou a pegar fogo. Desde que eu cheguei aqui, eu sinto um fedor muito grande de gás em meu apartamento”.
Simone acredita que teve muita sorte, pois o incêndio poderia ter se espalhado pela casa e colocado sua vida em risco. O incêndio não trouxe grandes prejuízos, mas acabou com o fogão e fez derreter o espelho da tomada ao lado. “Como eu fiz cursos de primeiros socorros, e o local estava em chamas, eu sabia que tinha que abafar, e aí usei um cobertor pra abafar junto com outro vizinho e depois jogamos água. Os Bombeiros só retiraram o gás e fecharam o registro, além de desligarem a rede elétrica e o sistema de gás, e liberaram o apartamento pra mim por volta da 1h”.
Segundo Simone, o incêndio poderia ter sido evitado, ainda mais pelo fato de a técnica de enfermagem ter solicitado manutenção por conta própria. “Cheguei a questionar o síndico e a empresa responsável pela manutenção (Naturgy, antiga CEG) por não haver uma vistoria no sistema de tubulação de gás aqui no condomínio nem nos extintores de incêndio. E quem disse isso foi o próprio síndico, e agora os moradores estão desesperados com isso. Você anda pelos apartamentos daqui e sente o forte cheiro de gás, sendo que pagamos R$ 212 de condomínio. Por que a administração não tomou providências antes desse acidente no meu apartamento?”, criticou a moradora.
No último dia 24 de maio, orientada pela administração do condomínio, ela solicitou o serviço de manutenção da Naturgy, cujos técnicos estiveram no local, e pelo relatório da manutenção entregue para a moradora (na foto ao lado), não constatou escapamento de gás e apenas fez um pequeno reparo da borracha do encanamento. Ainda assim, o cheiro forte de gás persistiu em todo o prédio, de acordo com Simone.
Mesmo informada nesta terça-feira sobre a existência de um contrato de ressarcimento firmado entre a Naturgy e o condomínio para o caso de incêndio registrado no apartamento, ela pretende acionar a empresa na justiça.
– Eu tenho diversos problemas de saúde, não tenho condições de pagar por um fogão novinho. Estou em tratamento de doença e temporariamente afastada do trabalho. Tenho gastos com remédios, além das despesas usuais do condomínio, e por isso fica complicado pra gastar mais. E o que eu gasto com gás acaba sendo apenas a taxa porque desde que cheguei aqui fiquei com medo de usar por causa do forte cheiro – lamenta Simone.
Ela ainda diz que ouviu do síndico que o condomínio não dispõe de um planejamento para maior segurança dos moradores, e que no final da manhã de terça-feira, dia 13, o acesso dos apartamentos ao sistema de gás encanado do prédio foi fechado. “Agora todo mundo vai ficar sem poder usar o fogão nem o aquecimento do chuveiro porque o cheiro de gás está forte em todos os blocos do condomínio”. No final da tarde, a moradora registrou a presença de técnicos da Naturgy trabalhando no condomínio para tentar corrigir o problema.
A equipe do jornal BEIRA-RIO entrou em contato com a administração do Condomínio Recanto das Borboletas, que confirmou a presença dos técnicos da empresa fornecedora de gás no interior dos prédios, mas não conseguiu falar com o síndico sobre a questão da segurança do local. A assessoria de imprensa da Naturgy, em nota, informou que técnicos da empresa estiveram no endereço de Simone no último dia 24 de maio, e confirmou que foram realizados testes que não identificaram vazamentos na ocasião.
Mas de acordo com a mesma nota, os técnicos estiveram novamente no local após o chamado de incêndio nesta terça-feira e identificaram escapamento na instalação interna do apartamento da técnica de enfermagem. Desta forma, o medidor foi lacrado e o fornecimento de gás interrompido por medida de segurança.
O QUE FAZER AO SENTIR CHEIRO DE GÁS
Segundo o site da Naturgy, o gás natural não tem cheiro, mas é quimicamente odorizado para que, em caso de escapamento, seja facilmente identificado. A empresa dá algumas dicas sobre como proceder em caso de cheiro de gás:
– Chame a assistência técnica imediatamente ou ligue para a Central de Urgência (0800-0240197);
– Não acione interruptores nem aparelhos elétricos;
– Mantenha portas e janelas bem abertas;
– Feche os registros dos aparelhos a gás e do medidor e não abra até que o defeito seja reparado;
– Em caso de necessidade, poderá haver corte do fornecimento de gás.
Além disso, a empresa ainda informa que caso seja detectado algum defeito na instalação, o usuário é quem deve providenciar o reparo, já que não executa esse tipo de serviço, apenas que é responsável pela distribuição e fornecimento de gás natural, sendo os clientes responsáveis pela manutenção dos seus equipamentos e instalações internas.
Em caso de suspeita de vazamentos, os clientes deverão entrar em contato por meio do telefone 0800-024-0197.
