Não é Direita e Esquerda. É Barbárie X Civilização

Embora não supere em reverberação a expressão #EleNão, uma das afirmações mais repetidas durante o atual período eleitoral faz menção à polarização entre Direita e Esquerda. Para a disputa presidencial, principalmente. Os comentários mais raivosos e, em certos casos, temperados com uma pitada de mágoa, vem de setores simpáticos e/ou colaboradores do Poder. Digo, do verdadeiro Poder, o econômico, que detém na esfera política, uma eficiente ferramenta de manipulação social e consequentemente, de manutenção dos privilégios da classe. E isso, sempre com o fiel apoio da mídia conservadora e subserviente, não fosse ela mais um braço desse Poder.

Claro que as críticas seriam bem mais amenas, ou sequer existiriam, caso o candidato preferido do Poder estivesse cotado para disputar e com possibilidades de vencer. Mas isso não acontece. Alckmin e seu partido são xifópagos de Temer e do MDB. Por essas e outras, entre um furto de merenda escolar aqui e um escândalo do Rodo Anel ali, ele não decolou e parece que vai levar PSDB e o Centrão para o buraco. Meireles e outros quetais, quando aparecem nas pesquisas, nada mais são do que traços. Ou menos que isso. Sobressaem então, Bolsonaro e Haddad como reais competidores do pleito. As intenções de voto detectadas por diversos institutos dizem isso. Justificam o discurso da tal polarização.

Essa história não começou agora. Foi tramada em surdina há tempos pelo Poder e explodiu nas passeatas de 2013 na Avenida Paulista, com o pessoal vestido de camisa da seleção, brindando com champanhe, tirando fotos com policiais militares e pedindo a cabeça da Presidenta Dilma Roussef. Naquele momento, sem que os donos do Poder percebessem, ou por pura conveniência, o barco correu e o resultado é que os armários foram se abrindo e de lá, uma casta de intolerância, machismo, racismo, homofobia saiu saltitante e faceira.

Com a porteira aberta, esses aprendizes de nazifascistas sonharam com um representante na mais alta cadeira de Brasília. E viram num inócuo ex-capitão essa possibilidade. Então, uma onda de insanidade tomou conta dessa gente que não lê, e que passou a seguir o falso Messias, aclamando-o como Mito. Nada mais risível. Assim recrudesceu o confronto de opostos e a polarização consolidou-se. Os donos do Poder perderam o controle e ficaram sem o seu representante nas eleições.

Mas será que os donos do Poder perderam mesmo o controle da situação? Não acredito. As ferramentas de manipulação da sociedade não se limitam aos maus políticos ou à mídia. A mais eficiente das ferramentas de manutenção do Status Quo é o Poder Judiciário. Uma parte dele, pelo menos. A parte mais poderosa, claro. Eles têm tudo nas mãos. Defecaram e andaram solenemente quando o conselho de direitos humanos da ONU pediu a liberdade de Lula. Se lixaram para as inúmeras manifestações que denunciaram a arbitrariedade feita com o ex-presidente; se lixaram para vozes célebres e respeitadas em todo o mundo que vociferavam que Lula é um preso político, que a democracia e o Estado de Direito estão sendo feridos de morte. Nada.

Como alguns dizem por aí, não é uma batalha entre Direita e Esquerda que se trava nessas eleições. O confronto é entre a barbárie e a civilização. E no frigir dos ovos, o Poder deve optar pela barbárie e assumir a campanha do ex-capitão, uma topeira que já usou farda e que se chegasse ao poder seria bem possível que mudasse o brasão nacional para uma cruz gamada. Um ex-militar que com toda a certeza envergonha os militares realmente comprometidos com a essência das forças armadas. A defesa da pátria. Os verdadeiros patriotas. Nãos os falastrões que vem a público falar de patriotismo e assistem calados a entrega de patrimônios do nosso povo como a Petrobrás, a Embraer, a Eletrobrás e num passado recente, a CSN e a Vale do Rio Doce. Um silêncio cúmplice.

Essas linhas cresceriam demais, o assunto é extenso, e o mundo digital é impaciente e ansioso. Fico por aqui. Acredito que a maioria dos brasileiros assim como vem fazenda há quatro eleições consecutivas, irá eleger o candidato do Partido dos Trabalhadores. A maioria do povo sentiu na pele o bem que foi ser governado por uma filosofia partidária de viés popular. Quem experimentou, gostou e quer mais. Somente os extremamente egoístas e individualistas não percebem isso. Não enxergam que só um governo bom para a maioria, trará a paz para uma sociedade que anseia por justiça social, pela possibilidade de amadurecer em civilidade e assumir seu papel de liderança para um mundo mais justo, solidário e equilibrado. É o que eu espero. Mas o Poder…

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