Pré-carnaval de Resende termina em críticas de blocos locais

Nos últimos cinco anos, o cenário do pré-carnaval de Resende vem mudando gradualmente. Após 12 anos de domínio do Crustáceos da Manguaça, outros blocos começaram a surgir. O primeiro foi o Ki-Beleza, seguido de Vai Quem Quer do Ipiranga, Família Folia e Bloco do Brega, entre outros. A inclusão de novas agremiações vem aumentando a cada ano, e a união entre elas também. Mas todo esse crescimento e união parecem estar sendo ignorados pelo poder público neste ano.

Sob a alegação de passar por uma crise financeira, a Prefeitura de Resende não investiu nenhum centavo nos blocos locais. No entanto, a presença de duas bandas e do Cordão do Bola Preta, bloco carioca que completa 100 anos em 2018, nas festividades do pré-carnaval, vem gerando revolta dos representantes das agremiações resendenses.

O jornal BEIRA-RIO conversou com dois desses representantes, o presidente do Bloco do Brega, Gilson Paulino, e do bloco Ki-Beleza, Rui Paiva, que explicaram o motivo dessa revolta. O representante do bloco da Cidade Alegria confirmou que já havia se reunido com a Fundação Casa da Cultura Macedo Miranda, a Superintendência de Eventos e a Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo, mas souberam da presença das atrações contratadas na última hora.

– Em relação a programação só ficamos sabendo quando saiu a divulgação na internet dos shows, não vieram perguntar para os blocos porque eles falaram que não tinham verba para ajudar os blocos, mais que iriam ajudar com divulgação, segurança e banheiros químicos – relata Gilson.

O representante do Brega alfinetou a atitude da prefeitura. “Não avisaram, contrataram sem falar com a gente, os representantes dos blocos, porque se eles tivessem avisado os blocos iam perguntar de onde conseguiram verba pra pagar essas atrações e não tinham pra ajudar os blocos da nossa cidade. Com certeza não sairia de graça, deve ter saído caro e queremos saber os valores pagos nessas atrações”.

Já o representante do Ki-Beleza diz não ter se reunido antes com o Poder Público, mas que também foi pego de surpresa com o anúncio das presenças dos blocos e bandas cariocas.

– A gente não se reuniu porque eles já haviam nos avisado que não teriam verba, e que gastariam o menor valor possível, então pedimos basicamente uma infraestrutura e um carro de som. Só que não tivemos acesso aos contatos do pessoal do carro, e aí quando eles nos confirmaram o carro, já era tarde, pois ficamos com medo de não conseguirmos o carro e havíamos mudado de ideia. Eu não entendo que eles tenham escondido, mas deixaram de avisar a gente, só avisaram que teria essas bandas quando saiu a arte da divulgação.

Segundo Paiva, além de incluir as agremiações cariocas, a prefeitura deixou de divulgar os blocos, sendo que todos os representantes haviam feito um ofício coletivo e que os mesmos não foram lembrados. Ainda assim, conforme destaca Gilson, os blocos não deixaram de sair. “Não chegamos a fazer manifestação porque não iríamos estragar a festa do povo e dos componentes dos blocos, que se viraram pra fazer uma festa bonita tirando dinheiro do próprio bolso pra conseguir sair”, acrescenta.

Os dois também criticam a organização do evento realizado neste final de semana (sábado, dia 3, e domingo, dia 4) pelas dificuldades enfentadas durante suas apresentações. “Foi mal organizado, porque os blocos não tinham um espaço para se apresentar em frente ao palco, pois haviam blocos e pessoas passando em frente”, cita o presidente do Brega.

Para, o dirigente do Ki-Beleza, ficou evidente a desvalorização dos blocos locais. “Todos os blocos tinham interesse de fazer uma apresentação para o público presente, pra entrar no meio da multidão foi um sacrifício danado, a Guarda Municipal tentou nos ajudar a chegar até o palanque, mas não conseguiu. Em outros carnavais, a gente ainda conseguia chegar com a banda e o cantor das marchinhas, e a gente se sentia mais reconhecido. É algo que a prefeitura precisa melhorar sim, e por que deixou de divulgar os nomes dos nossos blocos? Ficou esse gostinho de que no ano que vem seja mais organizado”, conclui Rui.

BREGA VOLTA A TOCAR NO CARNAVAL
A agenda do Bloco do brega continua nos próximos dias. Na Terça-feira de Carnaval, dia 13, o Brega se apresenta na Praça da Matriz, a partir das 14 horas. E no Bloco da Solidariedade, no dia 9 (Sexta-feira de Carnaval), com as comunidades católicas, com concentração a partir das 18 horas, no início da Avenida das Mangueiras, com o arrastão a partir das 19h até a quadra poliesportiva do lado, com apresentação do grupo de pagode Sambaí.

O jornal BEIRA-RIO entrou em contato com a Prefeitura de Resende, que até o momento não se pronunciou sobre o assunto.

Fotos: Reprodução/Facebook

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