Após experiência na Copa Rio, Resende FC aposta em time mais jovem para Seletiva do Carioca

Em maio deste ano, após ter realizado uma campanha desastrosa no Campeonato Carioca de 2017, o Resende FC contratou o técnico Carlos Leiria (de camisa cinza, na foto), que começa ao lado do clube, nesta quarta-feira, dia 20, sua caminhada de recuperação para a próxima temporada. Depois de estrear na equipe alvinegra durante a Copa Rio, onde o time caiu nas quartas de final ao perder para o Tigres, Leiria foi mantido pela direção do clube e nos últimos meses vem preparando o plantel para o desafio de buscar na Seletiva do Campeonato Carioca uma das quatro vagas para a permanência na elite em 2018.

Natural de Pelotas/RS, o técnico – até chegar ao Resende FC – nunca havia treinado um time profissional. Ele começou sua carreira como treinador no ano de 2006, nas categorias de base do Juventude, de Caxias do Sul, de 2006 a 2011, e treinou a base do Internacional, de Porto Alegre, entre 2012 e 2017. Ele chegou a atuar como auxiliar técnico no time profissional do EC Pelotas, e neste ano estreou também como treinador de time profissional em um dos clubes que representam o Sul Fluminense no Campeonato Carioca. Em entrevista ao jornal BEIRA-RIO, Leiria revela como o time vem se preparando para um dos maiores desafios enfrentados pelo Gigante do Vale para se manter na Série A desde o seu acesso, há quase 10 anos.

jornal BEIRA-RIO – Antes de sua chegada ao Resende FC, sua experiência como treinador de futebol era até então com times de base no Rio Grande do Sul. E o Resende marcou sua estreia como treinador de time profissional já na primeira metade deste ano. E já tendo treinado o alvinegro para a Copa Rio, quais as semelhanças e diferenças você pode destacar entre treinar times de base e profissional?

Carlos Leiria – Eu penso que a diferença entre a base e o profissional é a experiência da prática esportiva de atletas profissionais. Isso faz com que eles sejam mais aptos a tomar decisão e consequentemente resolver de uma forma mais eficaz o problema que o próprio jogo ou treinameno se apresentam pra eles. A semelhança é que o modelo de jogo proposto tanto na base – principalmente porque eu trabalhei nos ultimos anos com equipes sub 20 e algumas até com idade acima de 21 anos – quanto no profissional ele permanece o mesmo, é colocado em prática na base e usado da mesma forma no profissional.

JBR – Este ano, diferente de 2014 e 2015, o Resende não conseguiu chegar às fases decisivas após ser bicampeão da Copa Rio, sendo eliminado pelo Tigres ainda nas quartas. Na verdade, quais foram os problemas que a equipe teve na ocasião da competição e como vocês estão trabalhando para evitar algo semelhante que acarrete na perda de uma das vagas na seletiva para o Estadual?

CL – A Copa Rio foi um começo de trabalho, onde estávamos conhecendo o clube, nos readequando à nova política do clube de procurar trabalhar com atletas mais jovens, houve uma diminuição na média de faixa etária de quase 30 anos, de 29,8 na época do Campeonato Carioca para quase 20 durante a Copa Rio. Ou seja, uma equipe bastante jovem, com atletas promissores misturados com alguns jogadores profissionais que eram remanescentes do Carioca, e que acabaram ficando para a disputa da Copa Rio. Portanto foi o início do projeto, do trabalho, e foi muito proveitoso porque conseguimos trazer jogadores para que pudéssemos avaliá-los e felizmente conseguimos alguns jogadores que permaneceram agora para o Campeonato Carioca e estão tendo êxito, reforçando a nossa ideia de modelo de jogo. Então a referência que eu faço para a Copa Rio principalmente é referente a faixa etária e ao início do nosso trabalho, de todo o novo momento que o clube está vivendo.

JBR – É sabido que cada técnico tem seu estilo próprio de trabalhar com o time. Levando isso em consideração, e tendo a consciência de que o Resende FC é um clube que se encontra longe de um nível econômico semelhante a times como o Flamengo, como você procura readequar seu estilo de trabalho com os jogadores que o orçamento do clube permite?

CL – Conforme o orçamento, isso não vai mudar em nada a nossa metodologia de treinamento, a nossa filosofia de trabalho. Diante disso, nós acreditamos que somos capazes de melhorar o futebol e poder proporcionar ao telespectador e também para o torcedor, do Resende principalmente, um bom futebol. Isso não se refere apenas ao orçamento, se refere muito à nossa criatividade e ao nosso conhecimento de mercado para que a gente possa montar um plantel qualificado, a fim de exercer um modelo de jogo que nós estamos colocando em prática aqui no Resende, é dessa forma que eu vejo a montagem do elenco e a estruturação da equipe conforme o modelo de jogo tem nos beneficiado esse trabalho. Agora a gente vai poder colocá-lo em prática na competição, e ver os nossos acertos e o que precisamos ajustar ainda para a sequência do nosso trabalho.

JBR – Este mês o time teve a oportunidade de treinar e realizar quatro jogos-treino preparatórios para a seletiva em Sorocaba/SP. Nas duas semanas em que esteve com o grupo, o que você avalia de melhorias e o que ainda precisa ser trabalhado nos atletas?

CL – Nossa ida para Sorocaba foi a fase final de preparação da equipe para a disputa da seletiva, foi importante para que pudessemos conhecer melhor o dia a dia do nosso atleta e conscientizá-lo da importância da tríade treinamento, interação e alimentação; foi importante para a integração do grupo, e foi importante para os ajustes finais que pretendíamos fazer em nossa equipe em termos de modelo de jogo, em termos de subprincípios que precisávamos desenvolver ainda e também em cima das ações estratégicas de bola parada. Esse foi o enfoque que foi dado nesse período final de preparação em Sorocaba, foi muito positivo, principalmente pelo bom convívio que todos estão tendo, comissão técnica, os atletas. E é um ambiente muito bom, que faz com que o trabalho evolua, que faz com que o trabalho fique cada vez melhor, e a equipe possa evoluir enquanto coletivo para que a gente consiga por em prática a seletiva. Então foi um período extremamente importante, muito válido para todos nós.

JBR – A primeira partida do Resende na seletiva acontece nesta quarta-feira contra a Cabofriense. Você já conhecia este adversário? E como vocês vêm estudando a forma deles jogar?

CL – Estamos estudanto não somente a Cabofriense, mas também todos os nossos outros adversários nós vamos monitorar. A Cabofriense, até por se tratar do primeiro jogo, foi um pouco mais difícil de conseguir informações, mas nós temos um departamento de análise de desempenho e esse departamento conseguiu algumas informações importantes pra nós. Atualmente a gente tem dados individuais de todos os jogadores da Cabofriense que estão registrados no plantel deles, bem como informações pessoais, além de vídeo de alguns jogos que eles disputaram nesse período preparatório. Então é importante a gente conhecer o nosso adversário, saber o que ele tem de ponto forte, o que eles possam apresentar de pontos vulneráveis pra que a gente explore. Mas também nós temos todo um trabalho detalhado de conhecer esse adversário e passar algumas informações pontuais para os nossos atletas, seja a nível individual, seja a nível coletivo, da equipe deles.

JBR – Enquanto para os times grandes do país seguem as férias para seus planteis, em times como o Resende o ano de 2018 está apenas começando, sendo que terão partidas oficiais entre as festas de fim de ano. É difícil manter todos os jogadores concentrados e com o foco nessas partidas sabendo que estamos celebrando o Natal e o fim de ano, e ao mesmo tempo tendo a consciência de que precisam pontuar na seletiva para garantir a permanência na elite do Campeonato Carioca?

CL – Eu penso que, com relação à data, é importante se conscientizar e saber da importância que é passar a Seletiva pra jogar a fase principal do Carioca. Então, a questão varia muito de pessoa para pessoa. E eu vejo o nosso grupo muito focado, e minimizando todo e qualquer tipo de situação em relação a treinar dia 25 (Natal) e no dia 1º (Ano Novo), que a gente terá que fazer em virtude do calendário que nos foi proposto. A gente tem que fazer o nosso melhor, inclusive nessas datas, e estar focado para que a gente possa chegar na terceira rodada contra o Bonsucesso mantendo o desempenho, tendo em vista ter passado as duas primeiras rodadas da Seletiva. Então é importante a manutenção do foco na competição porque são poucos meses pra disputa dessa competição e a fase principal vem após a Seletiva.

JBR – Qual é a mensagem que você gostaria de passar para o torcedor do Resende nessa reta inicial de temporada do clube?

CL – Que a torcida possa nos apoiar, possa estar presente nos jogos, tanto em casa quanto fora, pois sabe que vai encontrar um time que vai propor buscar o jogo o tempo todo, que vai se dedicar ao máximo, se entregar dentro do campo. Que vai lutar todo o momento pela vitória para honrar as tradições, e honrar a camiseta do clube. Então a torcida pode esperar um time de muita entrega, de muita competitividade, mas principalmente de muita qualidade, que vai buscar o protagonismo o tempo todo no jogo.

CLUBE TENTA MUDAR MANDO DE JOGO DA SEGUNDA RODADA
O time estreia na seletiva contra a Cabofriense nesta quarta-feira, a partir das 16 horas, no Estádio Correão, em Cabo Frio. A segunda rodada para o clube será no dia 28 deste mês, quando enfrenta o America (que subiu da Série B1), no Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, partida que encerra o ano para o clube. O Alvinegro, no entanto, segundo informações do portal Globoesporte.com, acredita que a situação já esteja regularizada até esta quarta-feira para que a partida aconteça no Estádio do Trabalhador. O Resende volta a campo no dia 7 de janeiro contra o Bonsucesso, também em casa; dia 10 vai a Campos enfrentar o Goytacaz, outro time que também subiu da Série B1, e encerra sua participação nesta fase no dia 13 contra o Macaé, em casa. Após o encerramento da fase, os dois últimos colocados serão rebaixados para a Série B1.

Foto: Divulgação/Assessoria P2

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